“O setor é forte, passou pela pior crise e sobreviveu. É preciso unir forças entre entidades para seguir em frente”

08/06/2016 Cana-de-Açúcar POR: Andréia Vital – Revista Canavieiros – Edição 120
Com discurso otimista, o agrônomo Alexandre Andrade de Lima, eleito em abril presidente da Feplana (Feplana Federação dos Plantadores de Cana do Brasil), para a gestão 2016-2019, é taxativo ao afirmar que o setor sucroenergético tem um futuro brilhante, mas para que isso ocorra é fundamental a união de entidades fortalecendo, assim, o segmento, além de fazer cobranças necessárias junto ao Governo e se empenhar em executar um melhor projeto para o fornecedor de cana-de-açúcar.
“É necessário ter segurança para a cadeia produtiva canavieira crescer e isso só é possível com uma política pública de longo prazo que beneficie o setor sucroenergético do país. Por isso, é preciso nos unir. A união faz a força e assim podemos trabalhar em conjunto em prol da cana”, afirmou o pernambucano, ao suceder a Paulo Leal, presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Paraná, que agora é seu vice.
A Feplana, fundada em 1941, representa cerca de 70 mil produtores de cana-de-açúcar do Nordeste e Centro-Sul do Brasil, reunindo 31 associações de 13 Estados diferentes. Lima, que é também presidente da Unida (União Nordestina dos Produtores de Cana) tomou posse, recentemente, de seu quarto mandato na AFCP (Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco), e vai presidir a entidade, que tem 12 mil produtores de cana, por mais três anos.
Confira a entrevista:
Andréia Vital
Revista Canavieiros: Qual é sua missão como presidente da Feplana?
Alexandre Andrade de Lima: Tenho como objetivo dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito pela gestão anterior no sentido de fortalecer as entidades de classe nos estados produtores de cana-de-açúcar. Através da união dessas entidades, poderemos trabalhar em um projeto maior para o fornecedor de cana. 
A prioridade também é cobrar ações do Governo Federal para garantir a estabilidade do setor. É necessário ter segurança para a cadeia produtiva canavieira crescer e isso só é possível com uma política pública de longo prazo que beneficie o setor sucroenergético do país. Outra pauta é combater as discrepâncias no Consecana (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool), que define o pagamento da cana e também atuar para o avanço das liberações da cana transgênica, dando ao produtor opção de variedades mais resistentes a pragas e restrições climáticas.
Revista Canavieiros: A Feplana representa quantos produtores?
Lima: A Feplana foi fundada em 1941 e representa hoje cerca de 70 mil produtores de cana-de-açúcar do Nordeste e Centro-Sul do Brasil, reunindo 31 associações de 13 Estados diferentes. Mas é a única entidade nacional do setor, as outras são regionais, como a Unida, no Nordeste, que tem 23 mil associados e a Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região do Centro-Sul do Brasil), no Centro-Sul, com 17 mil produtores.
Cada uma delas tem sua característica, como no caso da Unida que é formada por pequenos produtores, a maioria deles, agricultura familiar. Já no Centro-Sul, existem grandes produtores, então, a realidade das associações é diferente e temos que saber respeitar isso, ao mesmo tempo que fazemos um trabalho conjunto em prol de um bem comum para todos.
Revista Canavieiros: O senhor também é presidente da UNIDA e da AFCP. Como está a questão do setor sucroenergético no Nordeste?
Lima: Nós sofremos uma seca muito severa. Pernambuco e Alagoas tiveram uma redução drástica de produção devido a esse fator climático. Para se ter noção, Alagoas passou de 23 milhões toneladas de cana no período anterior para 15 milhões de toneladas de cana no ciclo que se encerou agora. É uma quebra de safra muito grande. Fazia mais de 50 anos que o Estado alagoano não tinha uma safra como essa. Já Pernambuco fechou com 11,5 milhões, então o Nordeste, que produzia 62 milhões de toneladas de cana, nesta última safra produziu pouco mais de 50 milhões.
As condições agora estão bastante favoráveis com relação à produtividade, pois as chuvas voltaram com intensidade até melhor do que a normalidade e a expectativa é que teremos uma safra razoável de recuperação. Embora tenha ocorrido muita mortalidade de socaria terminamos a temporada com preços bons, portanto a tendência é realmente começarmos a investir e acreditar na recuperação do segmento. Só que volto a dizer, é preciso ter uma política de longo prazo para reestabelecer a confiança no setor. O Governo Federal não pode tratar a agroindústria canavieira com políticas pontuais. Nós precisamos de segurança para que o setor volte a investir de novo com força. O setor é mais forte do que a crise, conseguiu sobreviver, mas precisa realmente dessas mudanças para seguir em frente.
Revista Canavieiros: Qual é o papel da Feplana diante desse complicado cenário político e econômico do Brasil?
Lima: Durante a Agrishow assinamos um documento com a Orplana colocando as entidades à disposição do novo Governo com Michel Temer.
Essa ação tem como objetivo estreitar a relação com o poder público e enviar assim nossas sugestões justamente para contribuir com a implantação de uma política de longo prazo para o setor sucroenergético.
Faz parte das estratégias da entidade manter essa aproximação, como já vinha sendo feito pela gestão anterior. O poder de decisão está em Brasília e é lá que nós temos sempre que estar. O Nordeste tem uma relação muito boa com a classe política, isso porque temos nove Estados, cada um deles com três senadores. Isso facilita muito a nossa condução política dentro do Congresso Nacional e temos que trabalhar isso a nível nacional, para trazer um bem comum para todos.
Revista Canavieiros: Michel Temer acabou de assumir a presidência da República e anunciou Blairo Maggi como ministro da Agricultura. Qual é a sua opinião sobre a indicação? Ele será bom para o setor?
Lima: Com um novo Governo sempre há renovações de mudanças e de esperanças. Tínhamos grandes expectativas positivas quando a presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a Katia Abreu, assumiu o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), e foi uma grande decepção para o setor produtivo. Teremos outra vez um ministro que é um grande produtor de soja e conhece as dificuldades e gargalos do setor agrícola. A esperança se renova e precisamos que o Governo aplique medidas que deem segurança para a volta dos investimentos, e consequentemente dos empregos, que faça políticas de longo prazo para sinalizar a retomada deste desenvolvimento.
Revista Canavieiros: O senhor manifestou a intenção de firmar uma parceria com o IAC para a transferência de tecnologias, como o sistema MPB (Mudas-Pré-Brotadas), desenvolvidas pelo instituto a exemplo do que foi feito com a Orplana durante a Agrishow. Na sua opinião, o quanto isso seria importante para os fornecedores de cana?
Lima: Essa parceria significa estar incentivando mudanças de paradigmas na canavicultura. Na verdade, paradigmas estão se quebrando porque se planta cana do mesmo jeito desde o descobrimento do país e hoje a MPB veio justamente para mudar radicalmente a forma de plantio. Consequentemente trazer novas tecnologias visa aumentar a produtividade da cana com relação aos três dígitos. Produzir mais de 100 toneladas de cana por hectare vai ser bastante importante e é uma tecnologia que se adequa bem à situação do fornecedor de cana. Aquele pequeno produtor terá condições de fazer o seu plantio de uma forma mais econômica e mais sustentável. 
Com discurso otimista, o agrônomo Alexandre Andrade de Lima, eleito em abril presidente da Feplana (Feplana Federação dos Plantadores de Cana do Brasil), para a gestão 2016-2019, é taxativo ao afirmar que o setor sucroenergético tem um futuro brilhante, mas para que isso ocorra é fundamental a união de entidades fortalecendo, assim, o segmento, além de fazer cobranças necessárias junto ao Governo e se empenhar em executar um melhor projeto para o fornecedor de cana-de-açúcar.

 
“É necessário ter segurança para a cadeia produtiva canavieira crescer e isso só é possível com uma política pública de longo prazo que beneficie o setor sucroenergético do país. Por isso, é preciso nos unir. A união faz a força e assim podemos trabalhar em conjunto em prol da cana”, afirmou o pernambucano, ao suceder a Paulo Leal, presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Paraná, que agora é seu vice.

 
A Feplana, fundada em 1941, representa cerca de 70 mil produtores de cana-de-açúcar do Nordeste e Centro-Sul do Brasil, reunindo 31 associações de 13 Estados diferentes. Lima, que é também presidente da Unida (União Nordestina dos Produtores de Cana) tomou posse, recentemente, de seu quarto mandato na AFCP (Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco), e vai presidir a entidade, que tem 12 mil produtores de cana, por mais três anos.
 
 
Confira a entrevista:

 
Revista Canavieiros: Qual é sua missão como presidente da Feplana?

 
Alexandre Andrade de Lima: Tenho como objetivo dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito pela gestão anterior no sentido de fortalecer as entidades de classe nos estados produtores de cana-de-açúcar. Através da união dessas entidades, poderemos trabalhar em um projeto maior para o fornecedor de cana. 
A prioridade também é cobrar ações do Governo Federal para garantir a estabilidade do setor. É necessário ter segurança para a cadeia produtiva canavieira crescer e isso só é possível com uma política pública de longo prazo que beneficie o setor sucroenergético do país. Outra pauta é combater as discrepâncias no Consecana (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool), que define o pagamento da cana e também atuar para o avanço das liberações da cana transgênica, dando ao produtor opção de variedades mais resistentes a pragas e restrições climáticas.

 
 
Revista Canavieiros: A Feplana representa quantos produtores?

 
Lima: A Feplana foi fundada em 1941 e representa hoje cerca de 70 mil produtores de cana-de-açúcar do Nordeste e Centro-Sul do Brasil, reunindo 31 associações de 13 Estados diferentes. Mas é a única entidade nacional do setor, as outras são regionais, como a Unida, no Nordeste, que tem 23 mil associados e a Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região do Centro-Sul do Brasil), no Centro-Sul, com 17 mil produtores.
Cada uma delas tem sua característica, como no caso da Unida que é formada por pequenos produtores, a maioria deles, agricultura familiar. Já no Centro-Sul, existem grandes produtores, então, a realidade das associações é diferente e temos que saber respeitar isso, ao mesmo tempo que fazemos um trabalho conjunto em prol de um bem comum para todos.


 
Revista Canavieiros: O senhor também é presidente da UNIDA e da AFCP. Como está a questão do setor sucroenergético no Nordeste?

 
Lima: Nós sofremos uma seca muito severa. Pernambuco e Alagoas tiveram uma redução drástica de produção devido a esse fator climático. Para se ter noção, Alagoas passou de 23 milhões toneladas de cana no período anterior para 15 milhões de toneladas de cana no ciclo que se encerou agora. É uma quebra de safra muito grande. Fazia mais de 50 anos que o Estado alagoano não tinha uma safra como essa. Já Pernambuco fechou com 11,5 milhões, então o Nordeste, que produzia 62 milhões de toneladas de cana, nesta última safra produziu pouco mais de 50 milhões.
As condições agora estão bastante favoráveis com relação à produtividade, pois as chuvas voltaram com intensidade até melhor do que a normalidade e a expectativa é que teremos uma safra razoável de recuperação. Embora tenha ocorrido muita mortalidade de socaria terminamos a temporada com preços bons, portanto a tendência é realmente começarmos a investir e acreditar na recuperação do segmento. Só que volto a dizer, é preciso ter uma política de longo prazo para reestabelecer a confiança no setor. O Governo Federal não pode tratar a agroindústria canavieira com políticas pontuais. Nós precisamos de segurança para que o setor volte a investir de novo com força. O setor é mais forte do que a crise, conseguiu sobreviver, mas precisa realmente dessas mudanças para seguir em frente.


 
Revista Canavieiros: Qual é o papel da Feplana diante desse complicado cenário político e econômico do Brasil?

 
Lima: Durante a Agrishow assinamos um documento com a Orplana colocando as entidades à disposição do novo Governo com Michel Temer.
Essa ação tem como objetivo estreitar a relação com o poder público e enviar assim nossas sugestões justamente para contribuir com a implantação de uma política de longo prazo para o setor sucroenergético.
Faz parte das estratégias da entidade manter essa aproximação, como já vinha sendo feito pela gestão anterior. O poder de decisão está em Brasília e é lá que nós temos sempre que estar. O Nordeste tem uma relação muito boa com a classe política, isso porque temos nove Estados, cada um deles com três senadores. Isso facilita muito a nossa condução política dentro do Congresso Nacional e temos que trabalhar isso a nível nacional, para trazer um bem comum para todos.


 
Revista Canavieiros: Michel Temer acabou de assumir a presidência da República e anunciou Blairo Maggi como ministro da Agricultura. Qual é a sua opinião sobre a indicação? Ele será bom para o setor?

 
Lima: Com um novo Governo sempre há renovações de mudanças e de esperanças. Tínhamos grandes expectativas positivas quando a presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a Katia Abreu, assumiu o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), e foi uma grande decepção para o setor produtivo. Teremos outra vez um ministro que é um grande produtor de soja e conhece as dificuldades e gargalos do setor agrícola. A esperança se renova e precisamos que o Governo aplique medidas que deem segurança para a volta dos investimentos, e consequentemente dos empregos, que faça políticas de longo prazo para sinalizar a retomada deste desenvolvimento.

 
Revista Canavieiros: O senhor manifestou a intenção de firmar uma parceria com o IAC para a transferência de tecnologias, como o sistema MPB (Mudas-Pré-Brotadas), desenvolvidas pelo instituto a exemplo do que foi feito com a Orplana durante a Agrishow. Na sua opinião, o quanto isso seria importante para os fornecedores de cana?

 
Lima: Essa parceria significa estar incentivando mudanças de paradigmas na canavicultura. Na verdade, paradigmas estão se quebrando porque se planta cana do mesmo jeito desde o descobrimento do país e hoje a MPB veio justamente para mudar radicalmente a forma de plantio. Consequentemente trazer novas tecnologias visa aumentar a produtividade da cana com relação aos três dígitos. Produzir mais de 100 toneladas de cana por hectare vai ser bastante importante e é uma tecnologia que se adequa bem à situação do fornecedor de cana. Aquele pequeno produtor terá condições de fazer o seu plantio de uma forma mais econômica e mais sustentável.