“O Brasil tem uma situação privilegiada porque temos recursos naturais que possibilitam uma diversidade energética muito grande. No entanto, há ausência de uma política consistente e estruturada que garanta a competitividade do setor”. Essa afirmação é do diretor e fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, que participou do painel Alimento e Energia, no 14º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela ABAG nos dias 3 e 4 de agosto, na Capital Paulista. Na oportunidade, ele concedeu entrevista à Revista Canavieiros. Acompanhe.
Revista Canavieiros: Temos uma diversidade energética enorme, porém, o país não tem o incentivo necessário para alavancar o crescimento e retomar sua competitividade. Está havendo falta de política energética?
Adriano Pires: Eu acredito que sim. O Brasil deixou de ter política energética há alguns anos, principalmente do segundo mandato do presidente Lula para frente, onde se passou a não ter nenhum critério. Começou a congelar o preço da gasolina, tirou a CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) - no caso do combustível, depois o setor elétrico resolveu baixar o preço da energia no momento em que os reservatórios estavam vazios e o custo estava crescendo. Tudo isso, essa realidade que dominou essa pseudopolítica energética, foi muito mais a questão política. A energia foi vítima nesses últimos anos do uso político, inclusive para colocar nos cargos principais das empresas de energia pessoas dos partidos de base do Governo e também para ganhar a eleição e deu no que deu. Não se faz política energética dessa maneira. Hoje a Petrobras está quebrada, a Eletrobras está quebrada, o etanol está numa situação muito difícil, o biodiesel idem e o setor elétrico nem se fala, estamos pagando uma conta imensa. A tarifa de energia elétrica nos últimos 12 meses dobrou, ou seja, tivemos de
tudo nesses últimos anos, menos política energética.
Revista Canavieiros: Pode se dizer que o Brasil não está confortável em termos de energia?
Adriano Pires: Isso que é o lado complicado, porque a gente tinha tudo para estar confortável. Eu sempre falo, o mais difícil nós temos, que é energia. O Brasil é muito rico em energia. Tem água na região Norte, vento na região Nordeste, sol no país inteiro, biomassa no Sudeste e Centro-Oeste, enfim, a gente tinha que estar usando a energia para gerar emprego. O país cresceu. A energia nunca podia ser no Brasil um entrave ao crescimento econômico, pelo contrário, ela tinha que ser um facilitador ao crescimento econômico e à geração de emprego. No entanto, a falta de política energética nos leva a transformar esse insumo energia em ponto de estrangulamento ao crescimento econômico brasileiro.
Revista Canavieiros: O país está andando para trás em termos de energia?
Adriano Pires: Com certeza. Eu acredito que andou para trás nesses últimos anos. Vou dar como exemplo o etanol. O Brasil é um país que inovou com o etanol, já foi o maior produtor do mundo e hoje perdeu essa posição para os Estados Unidos. Poderia estar numa situação muito mais avançada se tivesse uma política consistente de longo prazo, estruturada. No entanto, a ausência dela quase destruiu o setor.
Revista Canavieiros: A energia poderia ser um parâmetro para a viabilidade agrícola?
Adriano Pires: Sim, porque a energia é importante para qualquer setor da economia, uma vez que aumenta ou tira a competitividade. Veja a questão de transporte hoje no Brasil. Para transportar os grãos do Centro--Oeste até o porto enfrentamos estradas ruins, não tem uma estrutura bacana. Eu acho que a energia poderia ser um diferencial na revolução que foi feita no Brasil nos últimos anos como o setor de agrobusiness. Ela contribuiu muito pouco ou quase nada com o agrobusiness, embora ele tenha sustentado o pequeno crescimento da economia nos últimos anos.
Revista Canavieiros: O que esse setor de energia poderia fazer para deixar de depender do Governo e andar para frente?
Adriano Pires: Acho que precisamos de um Governo que tenha credibilidade, que acredita no empresário, que estimule o talento, o empreendedorismo. Não dá para ter um país assim. Precisamos de um Governo que esteja ligado no século XXI, que perceba que hoje o mundo é movido por inovação tecnológica, mas infelizmente não é isso que a gente tem visto aqui. Ao contrário, o que temos visto é um Governo intervencionista em excesso, que quer mandar em tudo, tomar conta de tudo e, ao fazer isso, não manda em nada, não toma conta de nada e tem deixado o Brasil nessa situação que a gente está vendo.
“O Brasil tem uma situação privilegiada porque temos recursos naturais que possibilitam uma diversidade energética muito grande. No entanto, há ausência de uma política consistente e estruturada que garanta a competitividade do setor”. Essa afirmação é do diretor e fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, que participou do painel Alimento e Energia, no 14º Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela ABAG nos dias 3 e 4 de agosto, na Capital Paulista. Na oportunidade, ele concedeu entrevista à Revista Canavieiros. Acompanhe.
Revista Canavieiros: Temos uma diversidade energética enorme, porém, o país não tem o incentivo necessário para alavancar o crescimento e retomar sua competitividade. Está havendo falta de política energética?
Adriano Pires: Eu acredito que sim. O Brasil deixou de ter política energética há alguns anos, principalmente do segundo mandato do presidente Lula para frente, onde se passou a não ter nenhum critério. Começou a congelar o preço da gasolina, tirou a CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) - no caso do combustível, depois o setor elétrico resolveu baixar o preço da energia no momento em que os reservatórios estavam vazios e o custo estava crescendo. Tudo isso, essa realidade que dominou essa pseudopolítica energética, foi muito mais a questão política. A energia foi vítima nesses últimos anos do uso político, inclusive para colocar nos cargos principais das empresas de energia pessoas dos partidos de base do Governo e também para ganhar a eleição e deu no que deu. Não se faz política energética dessa maneira. Hoje a Petrobras está quebrada, a Eletrobras está quebrada, o etanol está numa situação muito difícil, o biodiesel idem e o setor elétrico nem se fala, estamos pagando uma conta imensa. A tarifa de energia elétrica nos últimos 12 meses dobrou, ou seja, tivemos de tudo nesses últimos anos, menos política energética.
Revista Canavieiros: Pode se dizer que o Brasil não está confortável em termos de energia?
Adriano Pires: Isso que é o lado complicado, porque a gente tinha tudo para estar confortável. Eu sempre falo, o mais difícil nós temos, que é energia. O Brasil é muito rico em energia. Tem água na região Norte, vento na região Nordeste, sol no país inteiro, biomassa no Sudeste e Centro-Oeste, enfim, a gente tinha que estar usando a energia para gerar emprego. O país cresceu. A energia nunca podia ser no Brasil um entrave ao crescimento econômico, pelo contrário, ela tinha que ser um facilitador ao crescimento econômico e à geração de emprego. No entanto, a falta de política energética nos leva a transformar esse insumo energia em ponto de estrangulamento ao crescimento econômico brasileiro.
Revista Canavieiros: O país está andando para trás em termos de energia?
Adriano Pires: Com certeza. Eu acredito que andou para trás nesses últimos anos. Vou dar como exemplo o etanol. O Brasil é um país que inovou com o etanol, já foi o maior produtor do mundo e hoje perdeu essa posição para os Estados Unidos. Poderia estar numa situação muito mais avançada se tivesse uma política consistente de longo prazo, estruturada. No entanto, a ausência dela quase destruiu o setor.
Revista Canavieiros: A energia poderia ser um parâmetro para a viabilidade agrícola?
Adriano Pires: Sim, porque a energia é importante para qualquer setor da economia, uma vez que aumenta ou tira a competitividade. Veja a questão de transporte hoje no Brasil. Para transportar os grãos do Centro--Oeste até o porto enfrentamos estradas ruins, não tem uma estrutura bacana. Eu acho que a energia poderia ser um diferencial na revolução que foi feita no Brasil nos últimos anos como o setor de agrobusiness. Ela contribuiu muito pouco ou quase nada com o agrobusiness, embora ele tenha sustentado o pequeno crescimento da economia nos últimos anos.
Revista Canavieiros: O que esse setor de energia poderia fazer para deixar de depender do Governo e andar para frente?
Adriano Pires: Acho que precisamos de um Governo que tenha credibilidade, que acredita no empresário, que estimule o talento, o empreendedorismo. Não dá para ter um país assim. Precisamos de um Governo que esteja ligado no século XXI, que perceba que hoje o mundo é movido por inovação tecnológica, mas infelizmente não é isso que a gente tem visto aqui. Ao contrário, o que temos visto é um Governo intervencionista em excesso, que quer mandar em tudo, tomar conta de tudo e, ao fazer isso, não manda em nada, não toma conta de nada e tem deixado o Brasil nessa situação que a gente está vendo.