Odebrecht Agro registra prejuízo de R$ 1,6 bilhão

30/06/2017 Geral POR: Valor
Em uma safra bastante comemorada pelo setor sucroalcooleiro em decorrência dos preços mais elevados do açúcar e do etanol, a Odebrecht Agroindustrial, braço da Odebrecht SA no segmento, ainda sentiu em seu balanço o peso do processo de reestruturação de sua dívida bilionária com os credores. A empresa encerrou a temporada 2016/17 com um prejuízo líquido de R$ 1,6 bilhão, boa parte do qual explicada pela incidência dos juros das debêntures que voltaram à holding e pelo acúmulo de juros ao longo do processo de negociação com os bancos. As debêntures de R$ 2 bilhões haviam sido dadas pela Odebrecht Energia à Odebrecht Agroindustrial em 2014 em troca de ativos de cogeração de energia. Porém, como a reestruturação acertada no ano passado previa o retorno dos ativos de cogeração à Agroindustrial em troca das debêntures, os juros desses papéis não foram capitalizados - uma vez que a holding voltou a ser responsável por eles -, explicou Alexandre Perazzo, vice-presidente de finanças e de relações com investidores da companhia, ao Valor. Apenas esses juros pesaram negativamente no balanço em R$ 349 milhões. Além disso, durante o período em que a Agroindustrial deixou de pagar suas dívidas, em acordo com os bancos, para negociar sua reestruturação financeira, os juros do endividamento passaram a se acumular. Mas, mesmo que fossem excluídos esses dois fatores "e outros menores, não recorrentes", a companhia teria registrado prejuízo de cerca de R$ 800 milhões no exercício. Mas o pior momento foi mesmo na safra 2015/16, quando o prejuízo da Agroindustrial alcançou R$ 1,9 bilhão, ante o aperto dos custos financeiros. Com a reestruturação, a despesa financeira "normalizada" da safra 2016/17 ficou em R$ 1,6 bilhão, segundo Perazzo. Na temporada anterior, as despesas financeiras somaram R$ 2,5 bilhões. Para este ciclo, ele estima que essas despesas ficarão em R$ 900 milhões, e um resultado líquido próximo do "zero a zero". Lucro, de fato, só para a safra 2018/19, avaliou. Apesar do prejuízo, Perazzo comemora o resultado operacional da safra 2016/17, impulsionado pelos melhores preços de açúcar e etanol e pelo retorno das receitas com cogeração a partir de bagaço nos últimos três meses da safra. A receita líquida cresceu 22%, para R$ 4,4 bilhões, mas como base de comparação para os próximos períodos ele prefere considerar a receita líquida "pro-forma" - como se as operações de cogeração estivessem na Agroindustrial desde o início da safra -, que seria de R$ 4,9 bilhões. Com o aumento dos resultados operacionais, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu 45%, para R$ 1,6 bilhão (o Ebitda pro forma somou R$ 2 bilhões), colaborando para a redução da alavancagem. A relação entre o Ebitda pro-forma e a dívida caiu de 10,3 vezes no fim da safra anterior para 4,69 vezes.
Por Camila Souza Ramos
Em uma safra bastante comemorada pelo setor sucroalcooleiro em decorrência dos preços mais elevados do açúcar e do etanol, a Odebrecht Agroindustrial, braço da Odebrecht SA no segmento, ainda sentiu em seu balanço o peso do processo de reestruturação de sua dívida bilionária com os credores. A empresa encerrou a temporada 2016/17 com um prejuízo líquido de R$ 1,6 bilhão, boa parte do qual explicada pela incidência dos juros das debêntures que voltaram à holding e pelo acúmulo de juros ao longo do processo de negociação com os bancos. As debêntures de R$ 2 bilhões haviam sido dadas pela Odebrecht Energia à Odebrecht Agroindustrial em 2014 em troca de ativos de cogeração de energia. Porém, como a reestruturação acertada no ano passado previa o retorno dos ativos de cogeração à Agroindustrial em troca das debêntures, os juros desses papéis não foram capitalizados - uma vez que a holding voltou a ser responsável por eles -, explicou Alexandre Perazzo, vice-presidente de finanças e de relações com investidores da companhia, ao Valor. Apenas esses juros pesaram negativamente no balanço em R$ 349 milhões. Além disso, durante o período em que a Agroindustrial deixou de pagar suas dívidas, em acordo com os bancos, para negociar sua reestruturação financeira, os juros do endividamento passaram a se acumular. Mas, mesmo que fossem excluídos esses dois fatores "e outros menores, não recorrentes", a companhia teria registrado prejuízo de cerca de R$ 800 milhões no exercício. Mas o pior momento foi mesmo na safra 2015/16, quando o prejuízo da Agroindustrial alcançou R$ 1,9 bilhão, ante o aperto dos custos financeiros. Com a reestruturação, a despesa financeira "normalizada" da safra 2016/17 ficou em R$ 1,6 bilhão, segundo Perazzo. Na temporada anterior, as despesas financeiras somaram R$ 2,5 bilhões. Para este ciclo, ele estima que essas despesas ficarão em R$ 900 milhões, e um resultado líquido próximo do "zero a zero". Lucro, de fato, só para a safra 2018/19, avaliou. Apesar do prejuízo, Perazzo comemora o resultado operacional da safra 2016/17, impulsionado pelos melhores preços de açúcar e etanol e pelo retorno das receitas com cogeração a partir de bagaço nos últimos três meses da safra. A receita líquida cresceu 22%, para R$ 4,4 bilhões, mas como base de comparação para os próximos períodos ele prefere considerar a receita líquida "pro-forma" - como se as operações de cogeração estivessem na Agroindustrial desde o início da safra -, que seria de R$ 4,9 bilhões. Com o aumento dos resultados operacionais, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu 45%, para R$ 1,6 bilhão (o Ebitda pro forma somou R$ 2 bilhões), colaborando para a redução da alavancagem. A relação entre o Ebitda pro-forma e a dívida caiu de 10,3 vezes no fim da safra anterior para 4,69 vezes.
Por Camila Souza Ramos