Olhos focados no Brasil

06/04/2016 Cana-de-Açúcar POR: Andréia Vital – Revista Canavieiros – Edição 117
O Brasil é muito importante no tocante a que se refere o setor sucroenergético
afirmou Simon Usher, presidente da certificadora, durante sua passagem pelo Brasil em outubro passado, onde coordenou a Bonsucro Week 2015, uma reunião anual promovido pela certificadora, na Capital paulista. Com o tema “Informe, Aprimore e Inspire – Criando Valor Duradouro através da Cana de Açúcar” o evento, realizado pela primeira vez em solo brasileiro, contou com a participação de profissionais de 25 países e programação que inclui visitas a usinas, associações e centros de pesquisas. Em breve, Usher deverá voltar ao país. Em entrevista exclusiva para a Revista Canavieiros, ele disse querer se aproximar mais da realidade brasileira e a ideia principal neste sentido, é se reunir com a ORPLANA para começar a costurar o projeto de certificação dos produtores de suas associadas. Leia:
Revista Canavieiros - A associação foi a primeira entidade no mundo a implantar um projeto de certificação na produção de cana-de-açúcar e agora também, foi a primeira a conseguir um selo de reconhecimento internacional, com a certificação Bonsucro. O senhor poderia explicar como foi o processo até chegar na cerificação?
Simon Usher : A certificação Bonsucro foi criada para incluir tanto a usina como seus fornecedores. Muitos grupos de usinas no Brasil escolheram como áreas a serem certificadas somente as terras de sua propriedade e que tinham controle direto. Em 2014, agricultores do Brasil, Austrália, África do Sul e Colômbia avaliaram como a Bonsucro poderiam melhor apoiar a comunidade agrícola, independente da forma a alcançar um desempenho de sustentabilidade, ganhando um reconhecimento pelo seu empenho e práticas.
Em 2015, sob a supervisão desses agricultores, a Bonsucro desenvolveu um protocolo adicional e direcionado ao reconhecimento dos grupos de agricultores, independente de uma usina certificada pelo padrão de produção
Bonsucro. Este protocolo foi testado com sucesso pela Assobari, em dezembro
de 2015. Já em março deste ano, o Conselho Diretor da Bonsucro aprovou oficialmente a publicação do protocolo de reconhecimento do produtor sustentável, permitindo assim que os agricultores mundiais sejam reconhecidos por suas conquistas.
Revista Canavieiros - O modelo de certificação da Assobari serviu de exemplo para a Bonsucro já que a certificadora não havia certificado outros produtores de cana-de-açúcar?
Usher: Correto, a Bonsucro foi inspirada pelas inovações realizadas pela Assobari em termos de criação e implementação de um modelo para apoiar os produtores de cana-de-açúcar em sua associação, utilizando-se de práticas que atingem o nível definido internacionalmente pelo padrão Bonsucro. Esta interpretação local de um padrão internacional é um excelente exemplo a
ser seguido. 
Revista Canavieiros - Quais são os desafios que outras associações no Brasil terão que vencer para conseguir o selo da Bonsucro?
Usher: O padrão Bonsucro é criado como um quadro de desempenho, exigindo produtores que demonstrem que estão cumprindo com uma boa produtividade (como o peso da cana-de--açúcar colhida à quantidade de adubo aplicada), bem como a sua conformidade com todas as leis relevantes brasileiras.
Qualquer associação que queira desenvolver o seu próprio protocolo precisará ter a aptidão e conhecimento técnico para implementar práticas que atendam a todos os aspectos do padrão Bonsucro. A Assobari mostrou ter a determinação
e visão do futuro tornando o reconhecimento uma possibilidade. 
Revista Canavieiros - A lei trabalhista e ambiental no Brasil é mais rígida do que em outros países, isso pode ser um obstáculo a mais a ser enfrentado, já que a certificação é baseada nas leis de cada país?
Usher: A certificação é uma ferramenta que permite outras partes interessadas a ganhar mais confiança na organização auditada. É verdade que a Bonsucro, como todas os padrões credíveis, exige uma demonstração da conformidade com a legislação local e, em alguns casos, as leis internacionais. O que Assobari conseguiu com o seu protocolo foi traduzir a legislação brasileira pertinente em critérios de conformidade individuais, deixando claro o que cada agricultor é obrigado a cumprir.
Revista Canavieiros – Quais são os requisitos para uma usina e produtores receberem o certificado?
Usher: A certificação Bonsucro atesta as práticas sustentáveis permitindo a exportação de derivados da cana-de--açúcar para países da União Europeia e
Ásia. O certificado tem validade de três anos e, para conquistá-lo, as empresas
são avaliadas levando em conta 48 indicadores e cinco princípios, que visam reduzir impactos ambientais e sociais na produção de açúcar, etanol e energia
provenientes da cana. Eles vão desde a manutenção da biodiversidade até o aperfeiçoamento contínuo do setor.
Revista Canavieiros – O senhor tem previsão de participar de reunião com representantes da Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), a fim de alinhar o processo de certificação das associadas da entidade, que tem 33 associações filiadas, representando mais de 17 mil produtores de cana e movimenta mais de 70 mil milhões de toneladas de cana?
Usher: O Centro-Sul do Brasil é a uma região de cultivo de cana muito importante no mundo. A Bonsucro está disposta a trabalhar com a Orplana para apoiar seus objetivos em trazer todos os produtores de cana em um processo de melhoria contínua e certificação. Em reconhecimento da importância estratégica do Brasil e da região para o mundo da cana-de-açúcar,
a Bonsucro nomeou um Diretor Regional, Miguel Hernandez, para trabalhar diretamente com as organizações de produtores.
Revista Canavieiros - De um modo geral, como anda o processo de certificação no Brasil?
Usher: O Brasil é o principal exportador de produtos de cana-de-açúcar. O potencial de crescimento do mercado de exportação para este setor do Brasil baseia-se fortemente sobre a percepção pública internacional dos produtores brasileiros.
Sendo isso verdade, que o Brasil é o primeiro fornecedor de produtos certificados Bonsucro como também é responsável pelo maior número de usinas certificadas: 40 das 47 já certificadas. No entanto, existem muitas usinas e produtores que não fazem parte de um programa de melhoria ligada à certificação. São estes produtores que colocam a reputação do setor sucroalcooleiro do Brasil em risco. 
O reconhecimento da Assobari reforça a liderança do Brasil em implementar a
sustentabilidade na área agrícola. Nós encorajamos todos os produtores brasileiros a seguirem o exemplo.
O Brasil é muito importante no tocante a que se refere o setor sucroenergético afirmou Simon Usher, presidente da certificadora, durante sua passagem pelo Brasil em outubro passado, onde coordenou a Bonsucro Week 2015, uma reunião anual promovido pela certificadora, na Capital paulista. Com o tema “Informe, Aprimore e Inspire – Criando Valor Duradouro através da Cana de Açúcar” o evento, realizado pela primeira vez em solo brasileiro, contou com a participação de profissionais de 25 países e programação que inclui visitas a usinas, associações e centros de pesquisas. Em breve, Usher deverá voltar ao país. Em entrevista exclusiva para a Revista Canavieiros, ele disse querer se aproximar mais da realidade brasileira e a ideia principal neste sentido, é se reunir com a ORPLANA para começar a costurar o projeto de certificação dos produtores de suas associadas. Leia:
 
 
Revista Canavieiros - A associação foi a primeira entidade no mundo a implantar um projeto de certificação na produção de cana-de-açúcar e agora também, foi a primeira a conseguir um selo de reconhecimento internacional, com a certificação Bonsucro. O senhor poderia explicar como foi o processo até chegar na cerificação?
 
Simon Usher: A certificação Bonsucro foi criada para incluir tanto a usina como seus fornecedores. Muitos grupos de usinas no Brasil escolheram como áreas a serem certificadas somente as terras de sua propriedade e que tinham controle direto. Em 2014, agricultores do Brasil, Austrália, África do Sul e Colômbia avaliaram como a Bonsucro poderiam melhor apoiar a comunidade agrícola, independente da forma a alcançar um desempenho de sustentabilidade, ganhando um reconhecimento pelo seu empenho e práticas.
 
Em 2015, sob a supervisão desses agricultores, a Bonsucro desenvolveu um protocolo adicional e direcionado ao reconhecimento dos grupos de agricultores, independente de uma usina certificada pelo padrão de produção Bonsucro. Este protocolo foi testado com sucesso pela Assobari, em dezembro de 2015. Já em março deste ano, o Conselho Diretor da Bonsucro aprovou oficialmente a publicação do protocolo de reconhecimento do produtor sustentável, permitindo assim que os agricultores mundiais sejam reconhecidos por suas conquistas.


 
Revista Canavieiros - O modelo de certificação da Assobari serviu de exemplo para a Bonsucro já que a certificadora não havia certificado outros produtores de cana-de-açúcar?
 
Usher: Correto, a Bonsucro foi inspirada pelas inovações realizadas pela Assobari em termos de criação e implementação de um modelo para apoiar os produtores de cana-de-açúcar em sua associação, utilizando-se de práticas que atingem o nível definido internacionalmente pelo padrão Bonsucro. Esta interpretação local de um padrão internacional é um excelente exemplo a ser seguido. 

 
 
Revista Canavieiros - Quais são os desafios que outras associações no Brasil terão que vencer para conseguir o selo da Bonsucro?
 
Usher: O padrão Bonsucro é criado como um quadro de desempenho, exigindo produtores que demonstrem que estão cumprindo com uma boa produtividade (como o peso da cana-de--açúcar colhida à quantidade de adubo aplicada), bem como a sua conformidade com todas as leis relevantes brasileiras.
 
Qualquer associação que queira desenvolver o seu próprio protocolo precisará ter a aptidão e conhecimento técnico para implementar práticas que atendam a todos os aspectos do padrão Bonsucro. A Assobari mostrou ter a determinação e visão do futuro tornando o reconhecimento uma possibilidade. 

 
 
Revista Canavieiros - A lei trabalhista e ambiental no Brasil é mais rígida do que em outros países, isso pode ser um obstáculo a mais a ser enfrentado, já que a certificação é baseada nas leis de cada país?
 
Usher: A certificação é uma ferramenta que permite outras partes interessadas a ganhar mais confiança na organização auditada. É verdade que a Bonsucro, como todas os padrões credíveis, exige uma demonstração da conformidade com a legislação local e, em alguns casos, as leis internacionais. O que Assobari conseguiu com o seu protocolo foi traduzir a legislação brasileira pertinente em critérios de conformidade individuais, deixando claro o que cada agricultor é obrigado a cumprir.
 
 
Revista Canavieiros – Quais são os requisitos para uma usina e produtores receberem o certificado?
 
Usher: A certificação Bonsucro atesta as práticas sustentáveis permitindo a exportação de derivados da cana-de--açúcar para países da União Europeia e Ásia.

O certificado tem validade de três anos e, para conquistá-lo, as empresas são avaliadas levando em conta 48 indicadores e cinco princípios, que visam reduzir impactos ambientais e sociais na produção de açúcar, etanol e energia provenientes da cana. Eles vão desde a manutenção da biodiversidade até o aperfeiçoamento contínuo do setor.

 
 
Revista Canavieiros – O senhor tem previsão de participar de reunião com representantes da Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil), a fim de alinhar o processo de certificação das associadas da entidade, que tem 33 associações filiadas, representando mais de 17 mil produtores de cana e movimenta mais de 70 mil milhões de toneladas de cana?
 
Usher: O Centro-Sul do Brasil é a uma região de cultivo de cana muito importante no mundo. A Bonsucro está disposta a trabalhar com a Orplana para apoiar seus objetivos em trazer todos os produtores de cana em um processo de melhoria contínua e certificação. Em reconhecimento da importância estratégica do Brasil e da região para o mundo da cana-de-açúcar, a Bonsucro nomeou um Diretor Regional, Miguel Hernandez, para trabalhar diretamente com as organizações de produtores.
 
 
Revista Canavieiros - De um modo geral, como anda o processo de certificação no Brasil?
 
Usher: O Brasil é o principal exportador de produtos de cana-de-açúcar. O potencial de crescimento do mercado de exportação para este setor do Brasil baseia-se fortemente sobre a percepção pública internacional dos produtores brasileiros.
 
Sendo isso verdade, que o Brasil é o primeiro fornecedor de produtos certificados Bonsucro como também é responsável pelo maior número de usinas certificadas: 40 das 47 já certificadas. No entanto, existem muitas usinas e produtores que não fazem parte de um programa de melhoria ligada à certificação. São estes produtores que colocam a reputação do setor sucroalcooleiro do Brasil em risco. 
 
O reconhecimento da Assobari reforça a liderança do Brasil em implementar a sustentabilidade na área agrícola. Nós encorajamos todos os produtores brasileiros a seguirem o exemplo.