Ometto, da Cosan, discute concessões com o governo

09/01/2014 Agronegócio POR: Rafael Bitencourt e Daniel Rittner | Valor Econômico
O presidente do conselho de administração da Cosan, Rubens Ometto, afirmou ontem que as novas concessões de ferrovias do governo federal despertam forte interesse do grupo. Ele descartou, no entanto, entrar diretamente na disputa dos leilões para assumir as concessões, ficando responsável pela construção e operação dos trechos. "Não. Nós nunca seremos [operadores]
 
", disse Ometto, ao sair de reunião no Ministério dos Transportes.
 
O empresário esteve ontem no Palácio do Planalto, em reunião com a presidente Dilma Rousseff, e com o ministro César Borges. Negou, porém, que as conversas tenham sido para discutir as desavenças da empresa de logística do grupo, a Rumo, com a América Latina Logística (ALL). "Não. Estamos desenvolvendo o plano estratégico da nossa companhia", respondeu, ao ser questionado.
 
"Não teve tratamento de um assunto específico. O governo está desenvolvendo um trabalho e está querendo o apoio da iniciativa privada para operacionalizar todos os investimentos que está fazendo em infraestrutura e logística na área ferroviária", disse Ometto. "Esse que é um negócio que a Cosan, através da Rumo, sempre investiu e tem expertise."
 
Ometto ressaltou que as concessões de ferrovias têm animado o grupo para novas oportunidades de negócio. "Nós estamos levantando dados para montar o planejamento estratégico sobre o que a gente vai fazer, porque, sem sobra de dúvida, é um negócio muito interessante", afirmou.
 
Depois da reunião com Dilma, a primeira da presidente com empresários em 2014, Ometto subiu um andar do Planalto e foi cumprimentar a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, de saída do cargo. Foi só para um rápido aperto de mãos, mas o encontro gerou especulações de que teria ido tratar de detalhes da ALL. Gleisi tem reagido com irritação às notícias de que a empresa pode perder suas concessões de ferrovias. Conforme ela tem dito a interlocutores, o governo buscará mais investimentos da concessionária e está preocupado com sua operações, mas qualquer medida envolvendo as concessões existentes seria tomada apenas depois de negociações exaustivas e mediante a abertura de um prolongado processo administrativo na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
 
Nos últimos dias, o governo começou a ficar incomodado com a repercussão de um "aperto" à ALL junto a potenciais investidores nas concessões de ferrovias e gostaria de tirar esse assunto das páginas dos jornais.