Com certo atraso é verdade, mas agora o governo está se dando conta que precisa criar condições para que os produtores de álcool não desanimem e continuem produzindo.
O aumento da mistura de álcool na gasolina aumentou agora para 25%; maiores linhas de financiamento em longo prazo para melhoria dos canaviais foi autorizado, assim como financiamentos para compra de maquinários e implantação de novas lavouras de cana-de-açúcar. Essas são algumas das novas medidas que voltam a estimular a produção desse biocombustível.
As usinas estavam parando a produção de álcool. No inicio deste ano a UNICA, União da Indústria de Cana de Açúcar avisou o governo que 60 das 330 usinas do Centro-Sul, que respondem por 90% da produção de cana-de-açúcar processada no País iriam parar de produzir álcool.
A verdade é que já teriam parado não fosse a obrigação de colaborar com a manutenção nos preços dos combustíveis para que a inflação não escapasse ao controle do governo. Os prejuízos vinham acontecendo há algum tempo e as indústrias absorviam as perdas no álcool com os bons lucros na exportação do açúcar. Mas ultimamente o preço dessa commodity não anda lá essas coisas e os usineiros estavam desanimando.
Assim, outro apagão se instalaria no país, agora no segmento em que o ex-presidente Lula vinculou sua boa imagem mundo afora: a produção brasileira de álcool, o combustível limpo e renovável.
Verdade que, de repente, Lula e todo o atual governo arranjaram uma nova paixão, o Pré-Sal. O álcool, o combustível renovável e ecologicamente correto foi esquecido; até com certa razão, pois faz parte do agronegócio - coisa de grandes empresários. Enquanto o Pré-Sal é coisa controlada pela Petrobras; e a Petrobras é controlada pelo governo; e o governo é... bem deixa isso pra lá.
O importante é que o governo acordou para a gravidade do problema que, inclusive, lhe deslustraria ainda mais a imagem internacional e decidiu socorrer os produtores de álcool.
Contudo, dentro deste mesmo segmento dos biocombustíveis o governo tem mais um problema, o biodiesel. É biodiesel que se adiciona ao diesel em 5% para que caminhões e ônibus não sejam tão poluentes.
Mais: é necessário explicar também que o biodiesel é produzido com as sobras dos óleos vegetais. Grande parcela daqueles óleos que se produz hoje biodiesel estaria poluindo os lençóis freáticos e rios. Biodiesel se produz também com gorduras animais, como o sebo, por exemplo, que até pouco tempo atrás era enterrado ou jogado nos rios. Hoje todos esses resíduos estão sendo transformados em combustível automotivo.
Outra coisa, os fabricantes de biodiesel são obrigados a financiar a produção de matérias-primas produzidas por assentados rurais - pequenos produtores. Somente fazendo isso é que as fábricas recebem o Selo Social que as habilitam a participar dos leilões para venda do biodiesel à Petrobras. São 110 mil pequenos produtores rurais sendo ajudados pelos fabricantes de biodiesel.
As fábricas de biodiesel estão hoje arcando grandes prejuízos já que uma coisa leva à outra: a Petrobras não pode aumentar o preço do diesel, pois o governo não admite aumentar o preço dos combustíveis e consequentemente a Petrobras não pode aumentar o preço do biodiesel.
Para evitar o sufoco momentâneo dos fabricantes de biodiesel é necessário um aumento para 7% da mistura no diesel e também criar um Marco Regulatório para esse setor.
O governo faz bem em apoiar os produtores de álcool - coisa nossa e muito necessária - mas precisa coordenar todo o segmento dos biocombustíveis e o biodiesel faz parte disso.
Waldir Guerra - Membro da Academia Douradense de Letras
Com certo atraso é verdade, mas agora o governo está se dando conta que precisa criar condições para que os produtores de álcool não desanimem e continuem produzindo.
O aumento da mistura de álcool na gasolina aumentou agora para 25%; maiores linhas de financiamento em longo prazo para melhoria dos canaviais foi autorizado, assim como financiamentos para compra de maquinários e implantação de novas lavouras de cana-de-açúcar. Essas são algumas das novas medidas que voltam a estimular a produção desse biocombustível.
As usinas estavam parando a produção de álcool. No inicio deste ano a UNICA, União da Indústria de Cana de Açúcar avisou o governo que 60 das 330 usinas do Centro-Sul, que respondem por 90% da produção de cana-de-açúcar processada no País iriam parar de produzir álcool.
A verdade é que já teriam parado não fosse a obrigação de colaborar com a manutenção nos preços dos combustíveis para que a inflação não escapasse ao controle do governo. Os prejuízos vinham acontecendo há algum tempo e as indústrias absorviam as perdas no álcool com os bons lucros na exportação do açúcar. Mas ultimamente o preço dessa commodity não anda lá essas coisas e os usineiros estavam desanimando.
Assim, outro apagão se instalaria no país, agora no segmento em que o ex-presidente Lula vinculou sua boa imagem mundo afora: a produção brasileira de álcool, o combustível limpo e renovável.
Verdade que, de repente, Lula e todo o atual governo arranjaram uma nova paixão, o Pré-Sal. O álcool, o combustível renovável e ecologicamente correto foi esquecido; até com certa razão, pois faz parte do agronegócio - coisa de grandes empresários. Enquanto o Pré-Sal é coisa controlada pela Petrobras; e a Petrobras é controlada pelo governo; e o governo é... bem deixa isso pra lá.
O importante é que o governo acordou para a gravidade do problema que, inclusive, lhe deslustraria ainda mais a imagem internacional e decidiu socorrer os produtores de álcool.
Contudo, dentro deste mesmo segmento dos biocombustíveis o governo tem mais um problema, o biodiesel. É biodiesel que se adiciona ao diesel em 5% para que caminhões e ônibus não sejam tão poluentes.
Mais: é necessário explicar também que o biodiesel é produzido com as sobras dos óleos vegetais. Grande parcela daqueles óleos que se produz hoje biodiesel estaria poluindo os lençóis freáticos e rios. Biodiesel se produz também com gorduras animais, como o sebo, por exemplo, que até pouco tempo atrás era enterrado ou jogado nos rios. Hoje todos esses resíduos estão sendo transformados em combustível automotivo.
Outra coisa, os fabricantes de biodiesel são obrigados a financiar a produção de matérias-primas produzidas por assentados rurais - pequenos produtores. Somente fazendo isso é que as fábricas recebem o Selo Social que as habilitam a participar dos leilões para venda do biodiesel à Petrobras. São 110 mil pequenos produtores rurais sendo ajudados pelos fabricantes de biodiesel.
As fábricas de biodiesel estão hoje arcando grandes prejuízos já que uma coisa leva à outra: a Petrobras não pode aumentar o preço do diesel, pois o governo não admite aumentar o preço dos combustíveis e consequentemente a Petrobras não pode aumentar o preço do biodiesel.
Para evitar o sufoco momentâneo dos fabricantes de biodiesel é necessário um aumento para 7% da mistura no diesel e também criar um Marco Regulatório para esse setor.
O governo faz bem em apoiar os produtores de álcool - coisa nossa e muito necessária - mas precisa coordenar todo o segmento dos biocombustíveis e o biodiesel faz parte disso.
Waldir Guerra - Membro da Academia Douradense de Letras