A afirmação é do diretor da Usina Santa Inês e Viralcool e presidente do CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético), Antonio Eduardo Tonielo Filho, que falou com exclusividade para a Revista Canavieiros sobre os impactos causados pelo percentual da mistura do etanol anidro na gasolina que aumentou de 25% para 27%. O incremento foi anunciado no começo de março pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, após acordo entre Governo Federal, fabricantes de veículos e o setor sucroenergético e passou a valer no último dia 16 deste mesmo mês.
Revista Canavieiros: O aumento de 25% para 27% de etanol anidro na gasolina, anunciado pelo Governo Federal, dará novo fôlego para o setor sucroenergético?
Tonielo Filho: Os efeitos positivos aparecerão de forma gradativa, mas o setor está mais otimista sim. A iniciativa movimentará a economia como um todo, estimulando a retomada de alguns investimentos, o faturamento do comércio, a prestação de serviços e o mercado de trabalho, principalmente em Sertãozinho e região – que representam o principal polo industrial sucroenergético do País.
Revista Canavieiros: O que esse aumento de 2% na mistura vai significar para a indústria?
Tonielo Filho: O aumento de anidro na gasolina pode implicar, diretamente, na escala de produção deste tipo de etanol.Com isso, possibilitará a saúde financeira destas empresas com o aumento do faturamento e, consequentemente, poderá incrementar recursos para novos pedidos de serviços, máquinas e equipamentos.
Revista Canavieiros: Você acredita que com essa medida os produtores de cana tenham motivos para comemorar?
Tonielo Filho: Este é um pleito que os produtores de álcool fazem há algum tempo. Como haverá um aumento de demanda deste combustível, espera-se um aumento de preço deste produto. Como o preço da cana é calculado por um método (CONSECANA) que leva em consideração a quantidade e o preço dos produtos finais, açúcar e álcool, o produtor de cana pode esperar aumento de faturamento.
Revista Canavieiros: A mudança causará algum impacto para o consumidor?
Tonielo Filho: O aumento do percentual de álcool na mistura da gasolina contribuirá para a redução deste combustível, pois o preço do álcool é mais barato do que o da gasolina, atualmente, e, consequentemente, se você aumenta o percentual do produto mais barato, você reduzirá o custo. Mas, não dá para garantir que isto chegará ao consumidor final, porque existem outros elos nesta cadeia, como distribuição e comercialização, que fogem do controle do produtor de álcool.
Revista Canavieiros: Essa mistura maior de etanol, que é mais barato, na gasolina, ajuda a segurar mais aumentos?
Tonielo Filho: No preço praticado hoje da gasolina pura, com certeza o álcool contribui para segurar o preço da gasolina misturada. Podemos afirmar que o aumento do percentual na mistura reduz custo e não cria necessidade de aumento, ao contrário, cria condições para redução do preço da gasolina misturada.
Revista Canavieiros: De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o aumento da mistura do etanol anidro na gasolina deve elevar a demanda por anidro em torno de 1 bilhão de litros. O setor conseguirá atender à demanda? Há estoques de etanol anidro suficientes para a alteração da mistura sem riscos ao abastecimento do mercado interno?
Tonielo Filho: A UNICA é a representante das unidades produtoras e tem autoridade para fazer esta afirmação. A informação que temos é de que as usinas possuem estoques suficientes para atender ao aumento da demanda e, caso aconteça uma quebra de safra, ainda existe a alternativa de produzir menos açúcar, se o preço do etanol estiver satisfatório.
Revista Canavieiros: A medida está de acordo com a política energética do Brasil, “que prevê o estímulo à participaçãode fontes renováveis de energia e ainda contribui para melhorar a competitividade do setor do etanol”. Como você vê isso?
Tonielo Filho: Achamos importantíssima esta visão, pois é a valorização de um combustível limpo, renovável, ambientalmente sustentável e de grande potencial energético, além do fundamental papel social, gerando milhares de empregos. A melhoria da competitividade do etanol possibilita a redução da importação de gasolina, contribuindopara a melhoria do balanço de agamentos do País.
Revista Canavieiros: Através dessa medida, você acredita que o Governo está começando a abrir os olhos para aimportância do setor sucroenergético?
Tonielo Filho: Com certeza sim, mas não é suficiente para a total retomada da cadeia sucroenergética. O setor carece de investimentos e planos de recuperação, além da inserção definitiva do etanol na matriz energética brasileira. O Governo precisa voltar a incentivar a produção de energia gerada pelo setor sucroenergético.
Revista Canavieiros: Essa medida e também a volta da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) tendem a equilibrar o setor depois de anos ruins?
Tonielo Filho: Estas medidas não são suficientes para equilibrar o setor, pois os últimos anos foram muito difíceis. A volta da CIDE devolve a competitividade ao etanol hidratado, e isso já é bom, mas precisamos de algum tempo de bons faturamentos para vislumbrar o equilíbrio de contas, mesmo porque, hoje, o endividamento das unidades representa um custo a ser compensado.
Revista Canavieiros: A mudança ocorre em um momento em que começará a moagem da nova safra de cana do Centro-Sul do país, principal região produtora de etanol. Como você vê esse momento?
Tonielo Filho: Esta safra já está plantada, o que não provoca no curto prazo nenhum efeito na quantidade de cana moída. Porém, a adição de anidro à gasolina e a volta da CIDE influenciarão, ainda que timidamente no preço da cana. Dessa forma, no fim da safra, a produção total pode gerar uma margem mais satisfatória nos lucros.
Revista Canavieiros: Analisando todas as necessidades do setor, o que você espera para este ano?
Tonielo Filho: Espero um ano ainda muito difícil, mas com viés de recuperação, porque algumas medidas já foram aplicadas e outras estão emandamento, mostrando que o Governo Federal está sensibilizado em resolver o problema da ausência de políticas públicas, de médio e longo prazo, para a cadeia sucroenergética. Vale ressaltar que os governos de Minas Gerais e de São Paulo também estão adotando medidas de incentivo ao setor.
A afirmação é do diretor da Usina Santa Inês e Viralcool e presidente do CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético), Antonio Eduardo Tonielo Filho, que falou com exclusividade para a Revista Canavieiros sobre os impactos causados pelo percentual da mistura do etanol anidro na gasolina que aumentou de 25% para 27%. O incremento foi anunciado no começo de março pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, após acordo entre Governo Federal, fabricantes de veículos e o setor sucroenergético e passou a valer no último dia 16 deste mesmo mês.
Revista Canavieiros: O aumento de 25% para 27% de etanol anidro na gasolina, anunciado pelo Governo Federal, dará novo fôlego para o setor sucroenergético?
Tonielo Filho: Os efeitos positivos aparecerão de forma gradativa, mas o setor está mais otimista sim. A iniciativa movimentará a economia como um todo, estimulando a retomada de alguns investimentos, o faturamento do comércio, a prestação de serviços e o mercado de trabalho, principalmente em Sertãozinho e região – que representam o principal polo industrial sucroenergético do País.
Revista Canavieiros: O que esse aumento de 2% na mistura vai significar para a indústria?
Tonielo Filho: O aumento de anidro na gasolina pode implicar, diretamente, na escala de produção deste tipo de etanol.Com isso, possibilitará a saúde financeira destas empresas com o aumento do faturamento e, consequentemente, poderá incrementar recursos para novos pedidos de serviços, máquinas e equipamentos.
Revista Canavieiros: Você acredita que com essa medida os produtores de cana tenham motivos para comemorar?
Tonielo Filho: Este é um pleito que os produtores de álcool fazem há algum tempo. Como haverá um aumento de demanda deste combustível, espera-se um aumento de preço deste produto. Como o preço da cana é calculado por um método (CONSECANA) que leva em consideração a quantidade e o preço dos produtos finais, açúcar e álcool, o produtor de cana pode esperar aumento de faturamento.
Revista Canavieiros: A mudança causará algum impacto para o consumidor?
Tonielo Filho: O aumento do percentual de álcool na mistura da gasolina contribuirá para a redução deste combustível, pois o preço do álcool é mais barato do que o da gasolina, atualmente, e, consequentemente, se você aumenta o percentual do produto mais barato, você reduzirá o custo. Mas, não dá para garantir que isto chegará ao consumidor final, porque existem outros elos nesta cadeia, como distribuição e comercialização, que fogem do controle do produtor de álcool.
Revista Canavieiros: Essa mistura maior de etanol, que é mais barato, na gasolina, ajuda a segurar mais aumentos?
Tonielo Filho: No preço praticado hoje da gasolina pura, com certeza o álcool contribui para segurar o preço da gasolina misturada. Podemos afirmar que o aumento do percentual na mistura reduz custo e não cria necessidade de aumento, ao contrário, cria condições para redução do preço da gasolina misturada.
Revista Canavieiros: De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), o aumento da mistura do etanol anidro na gasolina deve elevar a demanda por anidro em torno de 1 bilhão de litros. O setor conseguirá atender à demanda? Há estoques de etanol anidro suficientes para a alteração da mistura sem riscos ao abastecimento do mercado interno?
Tonielo Filho: A UNICA é a representante das unidades produtoras e tem autoridade para fazer esta afirmação. A informação que temos é de que as usinas possuem estoques suficientes para atender ao aumento da demanda e, caso aconteça uma quebra de safra, ainda existe a alternativa de produzir menos açúcar, se o preço do etanol estiver satisfatório.
Revista Canavieiros: A medida está de acordo com a política energética do Brasil, “que prevê o estímulo à participaçãode fontes renováveis de energia e ainda contribui para melhorar a competitividade do setor do etanol”. Como você vê isso?
Tonielo Filho: Achamos importantíssima esta visão, pois é a valorização de um combustível limpo, renovável, ambientalmente sustentável e de grande potencial energético, além do fundamental papel social, gerando milhares de empregos. A melhoria da competitividade do etanol possibilita a redução da importação de gasolina, contribuindopara a melhoria do balanço de agamentos do País.
Revista Canavieiros: Através dessa medida, você acredita que o Governo está começando a abrir os olhos para aimportância do setor sucroenergético?
Tonielo Filho: Com certeza sim, mas não é suficiente para a total retomada da cadeia sucroenergética. O setor carece de investimentos e planos de recuperação, além da inserção definitiva do etanol na matriz energética brasileira. O Governo precisa voltar a incentivar a produção de energia gerada pelo setor sucroenergético.
Revista Canavieiros: Essa medida e também a volta da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) tendem a equilibrar o setor depois de anos ruins?
Tonielo Filho: Estas medidas não são suficientes para equilibrar o setor, pois os últimos anos foram muito difíceis. A volta da CIDE devolve a competitividade ao etanol hidratado, e isso já é bom, mas precisamos de algum tempo de bons faturamentos para vislumbrar o equilíbrio de contas, mesmo porque, hoje, o endividamento das unidades representa um custo a ser compensado.
Revista Canavieiros: A mudança ocorre em um momento em que começará a moagem da nova safra de cana do Centro-Sul do país, principal região produtora de etanol. Como você vê esse momento?
Tonielo Filho: Esta safra já está plantada, o que não provoca no curto prazo nenhum efeito na quantidade de cana moída. Porém, a adição de anidro à gasolina e a volta da CIDE influenciarão, ainda que timidamente no preço da cana. Dessa forma, no fim da safra, a produção total pode gerar uma margem mais satisfatória nos lucros.
Revista Canavieiros: Analisando todas as necessidades do setor, o que você espera para este ano?
Tonielo Filho: Espero um ano ainda muito difícil, mas com viés de recuperação, porque algumas medidas já foram aplicadas e outras estão emandamento, mostrando que o Governo Federal está sensibilizado em resolver o problema da ausência de políticas públicas, de médio e longo prazo, para a cadeia sucroenergética. Vale ressaltar que os governos de Minas Gerais e de São Paulo também estão adotando medidas de incentivo ao setor.