As altas temperaturas e o longo período de estiagem do início do ano nas Regiões Sul e Sudeste do País reduziram as estimativas de colheita da safra brasileira de grãos 2013/2014, de 196 milhões para 193,9 milhões de toneladas.
A previsão mais recente - com base nos dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do mês de janeiro divulgado na segunda-feira, 11 de fevereiro, pelo IBGE - mostra uma diferença de aproximadamente 2,1 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior concluída em 10 de dezembro.
Com a volta das chuvas agora em fevereiro uma nova previsão com os números atualizados da colheita deverá ser conhecida na segunda semana de março. Por enquanto é mantida a previsão de que, mesmo com a redução, o volume final da safra 2013/2014 registrará mais um recorde, com um crescimento de 4% sobre a colheita do ano passado.
O Ministério da Agricultura - segundo o seu serviço de imprensa - está dando grande ênfase ao resultado de um levantamento relativo ao crescimento da produtividade "sem precedentes" do cultivo de grãos na região centro-oeste, hoje a maior produtora de soja e milho.
Uma área até recentemente irrelevante para a agricultura brasileira viveu a partir dos anos 1970 uma enorme transformação graças aos trabalhos de pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias da Embrapa: em menos de quatro décadas ampliou o volume da produção em 1.400% com um aumento da área de cultivo de apenas 400%.
Hoje responde por 40% da produção nacional de grãos e detém os melhores índices de produtividade em soja. Com a normalização do clima, as áreas de cultivo de grãos devem retomar suas atividades sem novas dificuldades.
Onde a estiagem está produzindo efeitos dramáticos é no setor sucroalcooleiro, que além do castigo climático foi penalizado duramente com a política de preços do governo.
Plantadores de cana, usineiros e fabricantes de equipamentos confiaram que os preços dos combustíveis seriam determinados pelo mercado e, depois de realizar pesados investimentos, estimulados pelo governo a construírem ou ampliar as usinas de etanol e o aproveitamento do biodiesel, foram constrangidos pelo controle de preços da gasolina e em sequência dos combustíveis derivados do álcool.
A consequência é que muitas instalações fecharam e outras ainda vão fechar porque não têm condição de sobrevivência. É verdade que houve uma sucessão de dificuldades climáticas, mas basicamente a crise foi produzida por um erro da política de preços de combustíveis do governo. O que é lamentável é que esses investimentos foram feitos por estímulo do próprio governo que imaginava que o etanol ia ser a solução para o setor sucroalcooleiro e que o biodiesel seria a salvação para os produtores mais pobres; mas eram hipóteses que poderiam ter se realizado se não tivesse havido aquela mudança de política no meio do caminho.
O setor de açúcar e álcool está realmente numa situação muito difícil. Começam uma safra devendo uma safra inteira e isso vai levar a mais desistências no meio do caminho.
Autor: Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP e ex-ministro da Agricultura e do Planejamento
As altas temperaturas e o longo período de estiagem do início do ano nas Regiões Sul e Sudeste do País reduziram as estimativas de colheita da safra brasileira de grãos 2013/2014, de 196 milhões para 193,9 milhões de toneladas.
A previsão mais recente - com base nos dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do mês de janeiro divulgado na segunda-feira, 11 de fevereiro, pelo IBGE - mostra uma diferença de aproximadamente 2,1 milhões de toneladas em relação à estimativa anterior concluída em 10 de dezembro.
Com a volta das chuvas agora em fevereiro uma nova previsão com os números atualizados da colheita deverá ser conhecida na segunda semana de março. Por enquanto é mantida a previsão de que, mesmo com a redução, o volume final da safra 2013/2014 registrará mais um recorde, com um crescimento de 4% sobre a colheita do ano passado.
O Ministério da Agricultura - segundo o seu serviço de imprensa - está dando grande ênfase ao resultado de um levantamento relativo ao crescimento da produtividade "sem precedentes" do cultivo de grãos na região centro-oeste, hoje a maior produtora de soja e milho.
Uma área até recentemente irrelevante para a agricultura brasileira viveu a partir dos anos 1970 uma enorme transformação graças aos trabalhos de pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias da Embrapa: em menos de quatro décadas ampliou o volume da produção em 1.400% com um aumento da área de cultivo de apenas 400%.
Hoje responde por 40% da produção nacional de grãos e detém os melhores índices de produtividade em soja. Com a normalização do clima, as áreas de cultivo de grãos devem retomar suas atividades sem novas dificuldades.
Onde a estiagem está produzindo efeitos dramáticos é no setor sucroalcooleiro, que além do castigo climático foi penalizado duramente com a política de preços do governo.
Plantadores de cana, usineiros e fabricantes de equipamentos confiaram que os preços dos combustíveis seriam determinados pelo mercado e, depois de realizar pesados investimentos, estimulados pelo governo a construírem ou ampliar as usinas de etanol e o aproveitamento do biodiesel, foram constrangidos pelo controle de preços da gasolina e em sequência dos combustíveis derivados do álcool.
A consequência é que muitas instalações fecharam e outras ainda vão fechar porque não têm condição de sobrevivência. É verdade que houve uma sucessão de dificuldades climáticas, mas basicamente a crise foi produzida por um erro da política de preços de combustíveis do governo. O que é lamentável é que esses investimentos foram feitos por estímulo do próprio governo que imaginava que o etanol ia ser a solução para o setor sucroalcooleiro e que o biodiesel seria a salvação para os produtores mais pobres; mas eram hipóteses que poderiam ter se realizado se não tivesse havido aquela mudança de política no meio do caminho.
O setor de açúcar e álcool está realmente numa situação muito difícil. Começam uma safra devendo uma safra inteira e isso vai levar a mais desistências no meio do caminho.
Autor: Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP e ex-ministro da Agricultura e do Planejamento