“Os jovens são a alavanca transformadora da agricultura do amanhã”

19/06/2016 Agronegócio POR: Andréia Vital – Revista Canavieiros – Edição 120
A declaração é de Guilherme Nastari, executivo de 30 anos, que se destaca no agronegócio como uma das principais lideranças jovens da atualidade. Mestre em Agroenergia pela Fundação Getulio Vargas (SP) e bacharel em economia pelo Ibmec (SP), Nastari participa de congressos no mundo todo, falando com desenvoltura do setor sucroenergético, mesmo quando o debate é entre feras do segmento. Não poderia ser diferente, já que leva no DNA, a bagagem e o conhecimento adquirido ao longo da vida, acompanhando, desde pequeno, o pai, Plínio Nastari, presidente da consultoria DATAGRO e referência mundial em se tratando de cana.
A cumplicidade e o trabalho no sentido de disseminar as externalidades do setor canavieiro aos quatro cantos do mundo são comprovados a cada evento do qual participam os Nastari. Com a frase “Não é, pai?” proferida após uma análise perfeita, que deixa admirada a plateia, o primogênito dos três filhos recebe um olhar confiante e um balanço de cabeça confirmando, encantando ainda mais os participantes.
A simplicidade, a qualidade e o espírito familiar acompanham Guilherme, fato que agrega ainda mais valor ao seu perfil executivo. Como diretor da DATAGRO, desde 2005, e também da AEXA (Associação de Exportadores de Açúcar e Álcool), desde 2009, o jovem já participou como consultor de diversos projetos de consultoria dos mercados de açúcar e etanol pela DATAGRO, sendo que seus principais clientes são produtores de açúcar, etanol, biodiesel, trading companies, bancos, distribuidores de combustível, governos e ONGs.
Nesta entrevista exclusiva para a Revista Canavieiros, o executivo fala sobre o GAF 2016 (Global Agribusiness Forum), um dos principais eventos do agronegócio no planeta, que será realizado pela DATAGRO, juntamente com a SRB (Sociedade Rural Brasileira), Abramilho (Associação Brasileira de Produtores de Milho) e ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), nos dias 4 e 5 de julho, em São Paulo.
Com o tema “AGROPECUÁRIA DO AMANHÃ: fazer mais com menos - Disseminando as bases do desenvolvimento sustentável”, o fórum internacional reunirá expoentes do agronegócio mundial para debater o futuro da agropecuária e buscar alternativas aos desafios para o desenvolvimento sustentável.
Confira!
Revista Canavieiros: A DATAGRO vai realizar este ano o GAF e o evento conta com parceiros em vários braços do setor. Qual é a sua expectativa sobre este fórum? E qual a importância do GAF para o agro?
Guilherme Nastari: O GAF é um grande evento realizado em parceria pela DATAGRO, SRB (Sociedade Rural Brasileira), Abramilho (Associação Brasileira de Produtores de Milho) e ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) e tem o apoio oficial de instituições de governo de vários países importantes: USDA nos EUA, Comissão Europeia, França, Canadá, Austrália, Singapura, Turquia e Cuba, para citar alguns. O GAF tem o apoio de todas as organizações de commodities, e de mais de 120 associações de produtores de todo o mundo.
Por sua dimensão e conteúdo, o GAF é um evento de abrangência mundial, e se tornou o Davos do Agronegócio.
Em 2016, o tema principal do GAF será “Agricultura do amanhã: fazer mais com menos - Disseminando o desenvolvimento sustentável”. Como elemento de apoio, será dada ênfase ao papel da educação para o atingimento desta meta: educação do produtor e do consumidor. O produtor precisa ser educado para aumentar a produção utilizando a tecnologia mais adequada e atender à demanda do consumidor em quantidade e qualidade. O consumidor precisa ser educado para saber valorizar corretamente o que está recebendo.
Revista Canavieiros: A sustentabilidade é um tema cada vez mais estratégico na pauta das empresas e será discutida durante o GAF 2016. Na sua visão, como as empresas poderão superar os desafios para ter uma produção sustentável?
Guilherme Nastari: Este desafio deve ser atendido com investimentos em novas tecnologias e ter sua disseminação, aplicação prática, certificação, rastreabilidade e principalmente valorização da produção realizada dentro destes padrões, para que haja estímulo de mercado para que sejam perseguidos.
Revista Canavieiros: Durante o lançamento oficial do GAF 2016, em novembro passado, você disse que os moradores do perímetro urbano não têm noção das pesquisas, da tecnologia e dos investimentos feitos na agricultura brasileira, essa que posicionou o país na vanguarda do setor, muito menos das externalidades do setor sucroenergético. Como é possível mudar isso?
Guilherme Nastari: A mudança de percepção pode ser atingida com informação de valor, colocada de forma acessível. Muitas vezes a informação não é disponibilizada, e são perdidas oportunidades importantes para a criação de valor.
No caso do etanol e do açúcar, há um trabalho enorme a ser desenvolvido. O etanol de cana é uma das fontes de energia mais limpas que existe, e o açúcar é a base de nossa cadeia alimentar. É inadmissível que não sejam mais valorizados do que já o são.
Revista Canavieiros: Para você, a agricultura energética será um dos principais fatores para impulsionar o desenvolvimento do setor sucroenergético?
Guilherme Nastari: A agricultura energética complementa a agricultura alimentar e aumenta a segurança do abastecimento de alimentos no mundo, ao permitir uma maior capitalização do campo. A produção de cana para fins energéticos, que ocupa uma área cultivada relativamente pequena, é um exemplo desta integração.
Revista Canavieiros: A segurança alimentar será um dos assuntos debatidos no GAF 2016. De um modo geral, você acha que os governantes compreendem a importância da segurança alimentar?
Guilherme Nastari: Alguns países têm esta preocupação no cerne de suas políticas públicas. É o caso da China e da Índia, que têm populações volumosas e com demanda crescente por alimentos, com uma mudança no padrão de consumo.
Revista Canavieiros: Cada vez mais, jovens se destacam na agroindústria. Essa é uma tendência que beneficia o agronegócio?
Guilherme Nastari: Sem dúvida. Jovens têm encontrado na agricultura e no agronegócio motivação para suas carreiras, trazendo sangue novo, com muitas ideias, mudança de conceitos, vigor e visão inovadora. Os jovens são a alavanca transformadora da agricultura do amanhã.
Revista Canavieiros: Para manter a rentabilidade, o setor será obrigado a agregar mais valor à produção, dizem especialistas. No caso do Brasil, isso é possível? Afinal, exportar somente produtos primários é tão prejudicial assim?
Guilherme Nastari: O ideal é sempre agregar mais valor à produção primária. O Brasil e muitos outros países estão caminhando nesta direção. É melhor exportar frango do que milho, já que o frango é um bushel de milho ambulante. Melhor ainda é aumentar o valor agregado do frango com cortes diferenciados e atendimento de exigências e idiossincrasias (peculiaridades) locais. Isso vale para qualquer produto.
A transformação de alimentos em produtos de alto valor é a nova fronteira a ser desvendada. Obviamente, isso vale também para o açúcar e o etanol.
A sacarose é a molécula básica para uma serie de rotas de transformação industrial que geram muito valor. O etanol também. É preciso pensar fora da caixa, para que, no final das contas, o produtor seja cada vez mais valorizado.
A declaração é de Guilherme Nastari, executivo de 30 anos, que se destaca no agronegócio como uma das principais lideranças jovens da atualidade. Mestre em Agroenergia pela Fundação Getulio Vargas (SP) e bacharel em economia pelo Ibmec (SP), Nastari participa de congressos no mundo todo, falando com desenvoltura do setor sucroenergético, mesmo quando o debate é entre feras do segmento. Não poderia ser diferente, já que leva no DNA, a bagagem e o conhecimento adquirido ao longo da vida, acompanhando, desde pequeno, o pai, Plínio Nastari, presidente da consultoria DATAGRO e referência mundial em se tratando de cana.
 
A cumplicidade e o trabalho no sentido de disseminar as externalidades do setor canavieiro aos quatro cantos do mundo são comprovados a cada evento do qual participam os Nastari. Com a frase “Não é, pai?” proferida após uma análise perfeita, que deixa admirada a plateia, o primogênito dos três filhos recebe um olhar confiante e um balanço de cabeça confirmando, encantando ainda mais os participantes.
 
A simplicidade, a qualidade e o espírito familiar acompanham Guilherme, fato que agrega ainda mais valor ao seu perfil executivo. Como diretor da DATAGRO, desde 2005, e também da AEXA (Associação de Exportadores de Açúcar e Álcool), desde 2009, o jovem já participou como consultor de diversos projetos de consultoria dos mercados de açúcar e etanol pela DATAGRO, sendo que seus principais clientes são produtores de açúcar, etanol, biodiesel, trading companies, bancos, distribuidores de combustível, governos e ONGs.
 
Nesta entrevista exclusiva para a Revista Canavieiros, o executivo fala sobre o GAF 2016 (Global Agribusiness Forum), um dos principais eventos do agronegócio no planeta, que será realizado pela DATAGRO, juntamente com a SRB (Sociedade Rural Brasileira), Abramilho (Associação Brasileira de Produtores de Milho) e ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), nos dias 4 e 5 de julho, em São Paulo.
 
Com o tema “AGROPECUÁRIA DO AMANHÃ: fazer mais com menos - Disseminando as bases do desenvolvimento sustentável”, o fórum internacional reunirá expoentes do agronegócio mundial para debater o futuro da agropecuária e buscar alternativas aos desafios para o desenvolvimento sustentável.
 
Confira!
 
Revista Canavieiros: A DATAGRO vai realizar este ano o GAF e o evento conta com parceiros em vários braços do setor. Qual é a sua expectativa sobre este fórum? E qual a importância do GAF para o agro?
Guilherme Nastari: O GAF é um grande evento realizado em parceria pela DATAGRO, SRB (Sociedade Rural Brasileira), Abramilho (Associação Brasileira de Produtores de Milho) e ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) e tem o apoio oficial de instituições de governo de vários países importantes: USDA nos EUA, Comissão Europeia, França, Canadá, Austrália, Singapura, Turquia e Cuba, para citar alguns. O GAF tem o apoio de todas as organizações de commodities, e de mais de 120 associações de produtores de todo o mundo.
Por sua dimensão e conteúdo, o GAF é um evento de abrangência mundial, e se tornou o Davos do Agronegócio.
Em 2016, o tema principal do GAF será “Agricultura do amanhã: fazer mais com menos - Disseminando o desenvolvimento sustentável”. Como elemento de apoio, será dada ênfase ao papel da educação para o atingimento desta meta: educação do produtor e do consumidor. O produtor precisa ser educado para aumentar a produção utilizando a tecnologia mais adequada e atender à demanda do consumidor em quantidade e qualidade. O consumidor precisa ser educado para saber valorizar corretamente o que está recebendo.

 
 
Revista Canavieiros: A sustentabilidade é um tema cada vez mais estratégico na pauta das empresas e será discutida durante o GAF 2016. Na sua visão, como as empresas poderão superar os desafios para ter uma produção sustentável?
Guilherme Nastari: Este desafio deve ser atendido com investimentos em novas tecnologias e ter sua disseminação, aplicação prática, certificação, rastreabilidade e principalmente valorização da produção realizada dentro destes padrões, para que haja estímulo de mercado para que sejam perseguidos.

 
 
Revista Canavieiros: Durante o lançamento oficial do GAF 2016, em novembro passado, você disse que os moradores do perímetro urbano não têm noção das pesquisas, da tecnologia e dos investimentos feitos na agricultura brasileira, essa que posicionou o país na vanguarda do setor, muito menos das externalidades do setor sucroenergético. Como é possível mudar isso?

Guilherme Nastari: A mudança de percepção pode ser atingida com informação de valor, colocada de forma acessível. Muitas vezes a informação não é disponibilizada, e são perdidas oportunidades importantes para a criação de valor.
No caso do etanol e do açúcar, há um trabalho enorme a ser desenvolvido. O etanol de cana é uma das fontes de energia mais limpas que existe, e o açúcar é a base de nossa cadeia alimentar. É inadmissível que não sejam mais valorizados do que já o são.

 
 
Revista Canavieiros: Para você, a agricultura energética será um dos principais fatores para impulsionar o desenvolvimento do setor sucroenergético?

Guilherme Nastari: A agricultura energética complementa a agricultura alimentar e aumenta a segurança do abastecimento de alimentos no mundo, ao permitir uma maior capitalização do campo. A produção de cana para fins energéticos, que ocupa uma área cultivada relativamente pequena, é um exemplo desta integração.

 
 
Revista Canavieiros: A segurança alimentar será um dos assuntos debatidos no GAF 2016. De um modo geral, você acha que os governantes compreendem a importância da segurança alimentar?
Guilherme Nastari: Alguns países têm esta preocupação no cerne de suas políticas públicas. É o caso da China e da Índia, que têm populações volumosas e com demanda crescente por alimentos, com uma mudança no padrão de consumo.



Revista Canavieiros: Cada vez mais, jovens se destacam na agroindústria. Essa é uma tendência que beneficia o agronegócio?
Guilherme Nastari: Sem dúvida. Jovens têm encontrado na agricultura e no agronegócio motivação para suas carreiras, trazendo sangue novo, com muitas ideias, mudança de conceitos, vigor e visão inovadora. Os jovens são a alavanca transformadora da agricultura do amanhã.

 
 
Revista Canavieiros: Para manter a rentabilidade, o setor será obrigado a agregar mais valor à produção, dizem especialistas. No caso do Brasil, isso é possível? Afinal, exportar somente produtos primários é tão prejudicial assim?
Guilherme Nastari: O ideal é sempre agregar mais valor à produção primária. O Brasil e muitos outros países estão caminhando nesta direção. É melhor exportar frango do que milho, já que o frango é um bushel de milho ambulante. Melhor ainda é aumentar o valor agregado do frango com cortes diferenciados e atendimento de exigências e idiossincrasias (peculiaridades) locais. Isso vale para qualquer produto.
A transformação de alimentos em produtos de alto valor é a nova fronteira a ser desvendada. Obviamente, isso vale também para o açúcar e o etanol.
A sacarose é a molécula básica para uma serie de rotas de transformação industrial que geram muito valor. O etanol também. É preciso pensar fora da caixa, para que, no final das contas, o produtor seja cada vez mais valorizado.