Os lucrativos caminhos da meiosi com mudas previamente brotadas (MPB´s)

29/03/2018 Geral POR: Revista Canavieiros
Por Ana Paula S. M. Bonilha*, Edson Donizeti de Mattos** e Roberto Estêvão Bragion de Toledo***
 
Intercalar lavouras de interesse econômico e agronômico com a cana-de-açúcar é uma prática que tem ganhado grande expressão no cenário atual da produção da cultura. A estratégia tornou-se a principal alternativa para os produtores reduzirem custos de implantação e aperfeiçoarem o sistema de logística e o local de cultivo (condições químicas, físicas, biota e microbiota do solo). Reconhecido como meiosi (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente), o sistema oferece diversos benefícios, incluindo a proteção do solo contra erosão no período de renovação do canavial.
 
Com inúmeras vantagens, principalmente no fator de produtividade, a técnica consiste em plantar linhas mães de mudas MPBs (pré-brotadas) sadias, sem patógenos e pragas, para ter um canavial livre de falhas e de melhor qualidade fitossanitária, desde o cultivo. Dessa forma, a prática colabora para a longevidade da cultura. O sistema também proporciona uma elevada economia no consumo de mudas no plantio da desdobra, bem como reduz a estrutura operacional, que envolve plantadoras, caminhões, transbordos, carregadeiras e tratores. O custo total dessa técnica é inferior quando comparado ao plantio tradicional da cana-de-açúcar.
 
Outro fator positivo é a redução da dispersão do bicudo (Sphenophorus Levis), uma importante praga de solo que é disseminada, principalmente, por meio do transporte de mudas de uma área a outra, o que fez a meiosi ganhar atuação expressiva em estados como São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná. No interior paulista, o sistema também tem elevado reconhecimento, especialmente nas cidades de Pradópolis, Guatapará, Jaboticabal, Ituverava, Mococa, Dumont, entre outras.
 
No primeiro momento, a meiosi deve ser planejada para execução nos meses de setembro e outubro, na proporção variável (considerando a taxa de desdobra: 1:8, 1:10, 1:12 ou 1:14). O índice depende, principalmente, da experiência e do conhecimento do produtor, porém, é comum os números iniciarem baixos e, a partir do ganho de experiência no sistema, aumentarem, podendo chegar a 1:20.
 
A cana plantada servirá de muda para o cultivo do restante da área no fim do período das águas (fevereiro/março). Já a cultura intercalar fornecerá uma renda extra, como a soja e o amendoim, ou será incorporada ao solo, no caso da Crotalária.
 
A escolha da variedade para o sistema de meiosi deve atender aos quesitos técnicos que se espera da área de canavial. Por exemplo: a seleção precisa considerar o ambiente de produção, a utilização, ou não, de variedades precoces ou mais resistentes ao plantio e a colheita mecanizada.
 
Os segmentos que mais utilizam a técnica atualmente são de usinas e produtores de médio e grande porte. Além dos benefícios já citados, os agricultores obtêm redução do consumo de muda, simplificação das operações, sanidade com relação às pragas e doenças, planejamento da área a ser plantada, uniformidade do canavial formado, renda extra com a comercialização da produção obtida no sistema de rotação e possibilidade de preenchimento de falhas.
 
Em nossos estudos e pesquisas para o controle assertivo de plantas daninhas e pragas na cana-de-açúcar, desenvolvemos portfólios completos de defensivos agrícolas. São herbicidas e inseticidas que atuam durante todo o ciclo e em todas as fases da cultura. Nesse cenário, pesquisas com universidades, centro de estudos da cana-de-açúcar e usinas também são realizadas constantemente para entendermos a interação dos diferentes produtos, bem como analisar fatores como a variedade de cana utilizada, a diversidade de ambientes de produção, a época de plantio, as plantas daninhas e pragas predominantes e a seletividade de cada solução. O objetivo dessas ações é para que a recomendação técnica seja, cada vez mais, assertiva e, assim, contribua com um manejo integrado, permitindo que o canavial expresse todo o seu potencial produtivo.
 
*Enga. Agr. Msc. Ana Paula S. M. Bonilha - Especialista de Desenvolvimento de Produto e Mercado da Ourofino Agrociência
**Eng. Agr. Msc. Edson Donizeti de Mattos - Gerente de Pesquisa Agrícola da Ourofino Agrociência
 
***Eng. Agr. Dr. Roberto Estêvão Bragion de Toledo – Gerente de Produtos Herbicidas e Cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência