Celso Ming e Gustavo Santos Ferreira
A próxima safra brasileira deve, de novo, ser recorde. A produção de grãos de julho a novembro supera em 2% a do período em 2011 - aponta a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a produção anual, a estimativa é animadora: esperam-se 180 milhões de toneladas, 8% maior do que a anterior.
O tempo está jogando a favor. Enquanto o agricultor do Centro-Oeste dos Estados Unidos se recupera da seca, a maior desde 1956, o do Brasil comemora a boa perspectiva de preços das commodities agrícolas e o clima favorável para o plantio.
A procura por crédito rural no ciclo 2012/2013 também é recorde. Entre julho e outubro, o Ministério da Agricultura registrou R$ 45 bilhões em financiamentos rurais - 25% acima do acumulado nos meses de 2011. Até junho próximo, estão programados R$ 133 bilhões em repasses. Foram R$ 106 bilhões na safra passada.
Dos R$ 115 bilhões em crédito rural previstos pelo Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013, 82% contam com juros favorecidos. A combinação deste incentivo com a expectativa de grande safra puxou o investimento em colheitadeiras, retroescavadeiras e tratores. As vendas de máquinas agrícolas automotivas saltaram 9% no período de cinco meses compreendido entre julho e novembro (inclusive) de 2012 ante igual intervalo de 2011.
Nesse mesmo tempo, o faturamento do segmento de implementos agrícolas (colheitadeiras, plantadeiras e pulverizadores) também cresceu, embora menos: 3%. Celso Casale, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas, calcula nesta safra avanço próximo dos 10%. "Temos linhas de crédito a serem liberadas pelo BNDES a juros de 3,5% ao ano e limite de 10 anos para pagamento que, por si só, asseguram esse resultado".
Banco do Brasil (BB), com empréstimos a juros de 5,5% ao ano, controla mais de 60% da carteira de crédito rural brasileira cujo índice de inadimplência é de meros 0,5%. Para esta safra, já liberou R$ 27 bilhões - 49% do estimado até junho do ano que vem (R$ 55 bilhões).
Para o vice-presidente de Agricultura do BB, Osmar Dias, a farta procura de crédito rural está só em parte ligada às atraentes cotações das commodities agrícolas: "O destino dos recursos não se concentra nos segmentos de exportação. Espalha-se pela produção inteira, o que demonstra a boa fase de todo o setor agrícola".
Para o analista Flávio França Junior, da consultoria Safras & Mercado, a redução dos juros básicos (Selic) desde agosto de 2011 também ajudou. "Não só o otimismo do produtor incentiva a procura de crédito, mas o contrário também acontece. A grande aprovação de linhas de crédito atua decisivamente para promover sucessivas boas safras e aumenta a movimentação desse mercado". Se todos os recursos já programados forem aplicados, a expansão do financiamento rural terá alcançado, em junho de 2013, nada menos que 344% de expansão em somente 10 anos.
É uma pena que a agricultura pese menos de 5% na atividade produtiva. Tivesse uma participação maior, o avanço do PIB em 2013 seria mais alto.
Celso Ming e Gustavo Santos Ferreira
A próxima safra brasileira deve, de novo, ser recorde. A produção de grãos de julho a novembro supera em 2% a do período em 2011 - aponta a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a produção anual, a estimativa é animadora: esperam-se 180 milhões de toneladas, 8% maior do que a anterior.
O tempo está jogando a favor. Enquanto o agricultor do Centro-Oeste dos Estados Unidos se recupera da seca, a maior desde 1956, o do Brasil comemora a boa perspectiva de preços das commodities agrícolas e o clima favorável para o plantio.
A procura por crédito rural no ciclo 2012/2013 também é recorde. Entre julho e outubro, o Ministério da Agricultura registrou R$ 45 bilhões em financiamentos rurais - 25% acima do acumulado nos meses de 2011. Até junho próximo, estão programados R$ 133 bilhões em repasses. Foram R$ 106 bilhões na safra passada.
Dos R$ 115 bilhões em crédito rural previstos pelo Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013, 82% contam com juros favorecidos. A combinação deste incentivo com a expectativa de grande safra puxou o investimento em colheitadeiras, retroescavadeiras e tratores. As vendas de máquinas agrícolas automotivas saltaram 9% no período de cinco meses compreendido entre julho e novembro (inclusive) de 2012 ante igual intervalo de 2011.
Nesse mesmo tempo, o faturamento do segmento de implementos agrícolas (colheitadeiras, plantadeiras e pulverizadores) também cresceu, embora menos: 3%. Celso Casale, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas, calcula nesta safra avanço próximo dos 10%. "Temos linhas de crédito a serem liberadas pelo BNDES a juros de 3,5% ao ano e limite de 10 anos para pagamento que, por si só, asseguram esse resultado".
Banco do Brasil (BB), com empréstimos a juros de 5,5% ao ano, controla mais de 60% da carteira de crédito rural brasileira cujo índice de inadimplência é de meros 0,5%. Para esta safra, já liberou R$ 27 bilhões - 49% do estimado até junho do ano que vem (R$ 55 bilhões).
Para o vice-presidente de Agricultura do BB, Osmar Dias, a farta procura de crédito rural está só em parte ligada às atraentes cotações das commodities agrícolas: "O destino dos recursos não se concentra nos segmentos de exportação. Espalha-se pela produção inteira, o que demonstra a boa fase de todo o setor agrícola".
Para o analista Flávio França Junior, da consultoria Safras & Mercado, a redução dos juros básicos (Selic) desde agosto de 2011 também ajudou. "Não só o otimismo do produtor incentiva a procura de crédito, mas o contrário também acontece. A grande aprovação de linhas de crédito atua decisivamente para promover sucessivas boas safras e aumenta a movimentação desse mercado". Se todos os recursos já programados forem aplicados, a expansão do financiamento rural terá alcançado, em junho de 2013, nada menos que 344% de expansão em somente 10 anos.
É uma pena que a agricultura pese menos de 5% na atividade produtiva. Tivesse uma participação maior, o avanço do PIB em 2013 seria mais alto.