País em debate sobre cotas europeias de importação de açúcar

27/11/2012 Açúcar POR: Agência Estado
O Brasil foi o tema central de uma acalorada discussão no início do 21º Seminário Anual da Organização Internacional do Açúcar (OIA). Em um debate sobre a política europeia de cotas de importação, dois franceses - o presidente da Associação Europeia dos Consumidores de Açúcar (Cius), Robert Guichard, e o presidente da Confederação Geral dos Plantadores de Beterraba da França (CGB), Alain Jeanroy - trocaram farpas ao falar do País.

Primeiro a falar, Guichard defendeu os grandes consumidores de açúcar, como as indústrias de alimentos e bebidas. ´A indústria europeia não pode comprar livremente o açúcar por essa política de cotas. A política de cotas não está funcionando´, disse, ao comentar que o fim das cotas deveria ser adotada a partir de 2015, prazo final para os atuais limites de importação. Além do cargo na Associação, Guichard é executivo na Kraft Foods.

´Então, em Bruxelas, só fala uma coisa: mas e o Brasil? E o Brasil? O açúcar brasileiro vai invadir a Europa´, reclamou ao comentar que já levou o tema às autoridades europeias. ´Ora, se abrirmos o mercado, temos instrumentos para nos defender´, disse. Durante a apresentação, Guichard defendeu o livre acesso ao açúcar não europeu, seja de grandes exportadores como o Brasil ou pequenos produtores. ´A desregulamentação é o que pedem nossas 3 mil empresas e nossos 356 mil funcionários´, disse.

Alain Jeanroy, representante dos produtores franceses de beterraba, falou em seguida. ´Só peço uma coisa ao senhor Guichard: paciência´, disse, ao exibir números que mostram que a produtividade das plantações de beterraba tem crescido a uma média anual de 2%. ´Hoje, temos uma diferença de produtividade de cerca de 30% para o Brasil, mas a União Europeia está se tornando cada vez mais produtiva. Vamos chegar lá, não será amanhã, mas vamos chegar lá. Portanto, senhor Guichard, tenha paciência´, pediu.

´Em relação ao Brasil, precisamos de um quadro de regulação por mais algum tempo´, disse o representante da associação agrícola, ao comentar que toda nova concessão de cota extraordinária para importação de açúcar ou matéria-prima para refino deve ser ´muito bem explicada´. Ao defender a manutenção das cotas europeias de importação até, pelo menos 2020, Jeanroy disse abertamente que um dos objetivos dessa estratégia é ganhar tempo para aumentar a competitividade e, assim, competir em pé de igualdade com grandes produtores. O 21º Seminário da OIA ocorre em centro de eventos em Canary Wharf, bairro financeiro em Londres.