Para as usinas e pelas usinas

15/12/2023 Noticias POR: Fernanda Clariano

O Centro de Formação Profissional SENAI “Ettore Zanini” estabeleceu um marco notável na indústria do etanol ao implementar a UPPE - Unidade Piloto de Produção de Etanol de última geração, com capacidade para produzir 1.056 litros de etanol hidratado por dia. A instalação ocupa cerca de 500 metros quadrados e se destaca pelo compromisso com a excelência tecnológica na produção de etanol.

A UPPE do SENAI “Ettore Zanini” está situada na cidade de Sertãozinho, no interior de São Paulo, considerada um pólo industrial e tecnológico, onde a produção de etanol desempenha um papel essencial na economia local.

A unidade piloto é equipada com tecnologia de ponta, visando aprimorar a produção de etanol e proporcionar oportunidade de treinamento prático para estudantes e profissionais interessados na indústria de bicombustíveis.

Os recursos tecnológicos de alto nível incluem experiências de realidade aumentada e virtual, laboratórios superequipados para controle de qualidade e monitoramento em tempo real de todos os processos. Toda essa estrutura garante que, os novos produtos e processos validados na planta piloto, e os profissionais ali formados atendam a demanda emergente de aumento de produtividade e sustentabilidade do setor.

O responsável técnico pela planta de produção de etanol, Marco Túlio Bornia na oportunidade pontuou que a matériaprima (melaço) utilizada na UPPE é adquirida de forma gratuita vinda de 12 usinas parceiras da região e comentou sobre o destino do etanol produzido no local. “Temos duas realidades, o etanol produzido normalmente podemos recircular dentro do próprio processo porque não vai para o mercado, então ele pode ficar aqui e ele também pode ser recolhido, pois gera um resíduo, por exemplo, a vinhaça. O SENAI tem um contrato com empresas que fazem o recolhimento sistematizado dessa produção e principalmente desse resíduo”.

Capacitando futuros profissionais que irão liderar o setor de biocombustíveis

A implementação da UPPE também representa um passo significativo na preparação de futuros profissionais para a indústria de bicombustíveis e fortalece a posição do SENAI “Ettore Zanini” como um centro de formação líder no setor, pois os alunos têm a oportunidade de aprender e trabalhar em um ambiente de produção de etanol de última geração, adquirindo habilidades valiosas que os tornarão ativos na busca de soluções ambientalmente conscientes para o setor de energia.


Ventureli: “Essa planta é uma grande resposta positiva da indústria para o setor bioenergético.
Temos aí um ativo tanto educacional 
quanto tecnológico que realmente entrega grande valor”

 

“Essa planta de produção de etanol foi criada exatamente para dar uma caracterização educacional que chegasse o mais próximo possível de uma usina. É uma planta onde é possível fazer processos fermentativos, e produzir etanol em uma escala real, pois apresenta toda uma questão da realidade de uma usina e o aluno pode ser treinado, por exemplo, para o controle operacional, para a produção de etanol ou ainda como um técnico em química que vai realizar análises para controle do processo, controle de qualidade ou para o balanço de massa. Além disso, essa planta de produção de etanol é um ativo também tecnológico, isso significa que os nossos especialistas prestam serviços para o mercado. O mercado nos procura, por exemplo, para fazer teste de fermentação ou teste tecnológico numa escala real de uma planta industrial”, disse o coordenador técnico do instituto de tecnologia do SENAI de Sertãozinho, Márcio Ventureli.

Sustentabilidade e investimentos futuros

A planta não apenas contribuirá para o avanço tecnológico na produção de etanol, mas também apoiará a transição para fontes de energia mais limpa e renováveis, alinhando-se com as metas de desenvolvimento sustentável da região e do país.

Em 2019 o etanol de milho ainda não era uma realidade e nesta época a UPPE foi utilizada para demonstrar o processo de etanol de milho reunindo diversos interessados, desde o fornecedor de milho, até o fornecedor de equipamentos, e consultorias do setor que puderam demonstrar que o processo integrado entre cana e milho era possível e viável, o que ficou conhecido como Usina Flex. Hoje o etanol de milho representa cerca de 15% de todo etanol produzido no Brasil e desempenha um papel importantíssimo na entressafra de cana, minimizando as flutuações de estoque e consequentemente de preços.

A UPPE também já foi utilizada por grandes empresas e startups (Deeptechs) para escalonamento de leveduras selecionadas, controle biológico da contaminação bacteriana e validação de insumos e equipamentos diversos. Durante estes ensaios, a equipe de especialistas do SENAI suporta as empresas com o design do experimento, a operação da planta piloto, análises laboratoriais e relatório técnico. “O serviço é completo: o cliente traz o produto e nós respondemos se e quanto ele representa de benefício para a produção de etanol”, disse Bornia. Outro ponto importante trazido pelo profissional é que o SENAI está planejando um investimento grande na planta relacionado às novas tecnologias. Além de etanol de primeira geração e etanol de milho futuramente pretendem produzir no local, etanol de segunda geração, biogás, hidrogênio verde, combustíveis renováveis de nova geração como combustível sustentável de aviação, diesel verde e HVO.


Bornia: "O investimento na UPPE demonstra o compromisso contínuo do SENAI “Ettore Zanini” em
impulsionar a inovação, 
promover a sustentabilidade e a capacitação"

 

“Isso está relacionado a uma nova era do SENAI SP que está considerando muito em investir em inovação. Já somos reconhecidos pela educação, pelas consultorias e serviços tecnológicos e agora queremos trazer para a indústria de São Paulo todo o potencial da inovação”, comentou Bornia e também chamou a atenção para os desafios da produção de etanol de milho e 2G e os esforços feitos pelo SENAI. “Para o etanol de milho e para o etanol de segunda geração o desafio é um pouco maior do que o etanol de primeira geração. Muitas vezes são necessárias leveduras geneticamente modificadas e, sabendo disso, o SENAI já buscou requisito legal. Temos o Certificado de Qualidade em Biossegurança de Nível 1 (CQB-NB1) para trabalhar com leveduras geneticamente modificadas”.

Atendendo a crescente demanda da indústria

Através dos seus pilares de atendimento o SENAI também é um prestador de serviços de tecnologia e em Sertãozinho através do IST - Instituto SENAI de Tecnologia atende o setor na indústria de base, passando por toda cadeia de fornecimento até as usinas prestando serviços na área de energia e bioenergia por meio de consultorias levando melhorias, projetos e desenvolvimento.

“Nosso objetivo é atender o setor bioenergético, com todo esse conjunto educacional e tecnológico através do instituto e para isso contamos com diversos laboratórios e temos um principal ativo que é a nossa planta de produção de etanol”, destacou Ventureli.