Perspectivas para exportação de etanol neste ano

25/03/2013 Etanol POR: Assessoria Datagro
O recente reajuste no preço da gasolina na base das refinarias e a decisão de se retomar a mistura de 25% de etanol anidro no combustível a partir de 1º de maio, são indicações de que os ventos começam a soprar novamente de forma favorável na direção do setor sucroenergético. A produção de cana na safra 2013/14, que se inicia agora, deve manter a tendencia de recuperação já verificada no ano passado, sendo capaz de abastecer os mercados interno e externo em expansão.
Em 2012, as exportações brasileiras de etanol atingiram 3,098 bilhões de litros, com expressivo aumento de 57,5% sobre os resultados de 2011. A receita gerada somou US$ 2,18 bilhões, ante US$ 1,49 bilhão no ano anterior. Apesar do balanço positivo, o volume exportado só pôde ser alcançado devido ao maior excedente do biocombustível, consequência da fraca demanda doméstica, associada à recuperação da moagem de cana na safra 2012/13.
O controle de preços, que manteve o preço da gasolina artificialmente abaixo do seu valor internacional durante 2012, retirou competitividade do etanol hidratado nas bombas. Segundo apuração da Datagro, consultoria de etanol e açúcar, durante 2012 a defasagem média mensal no preço da gasolina variou de 12,1% a 26,9%. O último mês em que o preço da gasolina esteve a par com os valores negociados internacionalmente foi dezembro de 2010, mês em que aproximadamente 60% da frota flex utilizou etanol. Em dezembro de 2012 esse percentual estimado havia caído para 30,3%, demonstrando claramente como a defasagem do preço da gasolina impacta o consumo do biocombustível.
Como resultado dessa política de controle de preços, o consumo de hidratado somou apenas 9,85 bilhões de litros em 2012, uma redução de 9,6% sobre 2011. Em contrapartida, a quantidade de gasolina A consumida no país totalizou 31,76 bilhões de litros no acumulado do ano, um aumento de 17,3%.
Contribuiu também para a demanda de etanol retraída em 2012 a decisão de reduzir a mistura de etanol anidro na gasolina, de 25% para 20% a partir de outubro de 2011. A redução na mistura reduziu a demanda de a ponto de desestimular a efetivação de contratos de importação de etanol em condições lucrativas para os produtores e para o país, forçou a Petrobras a aumentar a importação gravosa de gasolina, e obrigou os produtores a a transformar quase 500 milhões de litros de etanol anidro em hidratado, com claro prejuízo.
Junto ao controle de preços, a menor mistura permitiu que o etanol perdesse espaço na matriz de combustíveis do ciclo Otto. A participação do etanol na matriz do ciclo Otto caiu para 31,7% em 2012, contra 37,1% em 2011 e 44,6% em 2010. É a menor participação do etanol na matriz desde 1982.
No mesmo momento em que a baixa demanda interna por etanol criava um excedente exportável do biocombustível, uma severa estiagem na região Meio Oeste dos EUA, entre maio e agosto, fez quebrar a safra de milho. A seca acabou impulsionando o preço da commodity, o que refletiu nos preços do etanol americano e impulsionou recuperação na demanda por biocombustível importado. O Brasil forneceu 84,19% do total de etanol importado pelos EUA em 2012.
O reajuste de 6,6% no preço da gasolina e o retorno à mistura de 25% de anidro em maio aumentam a demanda interna pelo biocombustível mas não devem prejudicar o crescimento das exportações. Embora positivas, essas medidas são insuficientes para recuperação completa da demanda de etanol no mercado interno. Para cobrir a defasagem da gasolina frente ao mercado internacional o combustível deveria subir aproximadamente 15,4%. Uma das medidas que deve ajudar a reduzir essa disparidade é a possível desoneração do PIS/Cofins incidente sobre o etanol.
É preciso levar em conta também que a oferta de etanol em 2013 deverá aumentar consideravelmente com o aumento da moagem prevista. A safra 2012/13 foi o prelúdio da recuperação na moagem de cana da região Centro Sul, com um total de 532,3 milhões de toneladas, crescimento de 7,9% em comparação ao ciclo anterior. Para a temporada 2013/14, a Datagro estima moagem na região Centro-Sul de 587 milhões de toneladas de cana. Esse incremento de moagem irá assegurar o abastecimento de etanol ao mercado interno, tanto hidratado quanto anidro, e também o já esperado aumento nas exportações.
As perspectivas para exportação de etanol em 2013 são de crescimento de mais de 1 bilhão de litros, dirigido basicamente para o mercado americano. Esse movimento reflete a mudança ocorrida em 2011, com abertura para exportação de biocombustíveis aos EUA, inclusive com prêmio para o produto brasileiro. Há ainda que ser considerada a meta de participação de biocombustíveis no consumo total, que deve atingir 20% até 2022, um salto extremamente significativo em vista do volume de combustíveis que o país consome. As exportações de etanol em 2013/14 devem atingir 4,1 bilhões de litros, ainda aquém do recorde histórico de 5,12 bilhões de litros de 2008, mas na direção de recuperação.
*Texto originalmente publicado no jornal Valor Econômico de  25/03/13. 
Guilherme Nastari - Mestre em agroenergia e diretor da Datagro
O recente reajuste no preço da gasolina na base das refinarias e a decisão de se retomar a mistura de 25% de etanol anidro no combustível a partir de 1º de maio, são indicações de que os ventos começam a soprar novamente de forma favorável na direção do setor sucroenergético. A produção de cana na safra 2013/14, que se inicia agora, deve manter a tendencia de recuperação já verificada no ano passado, sendo capaz de abastecer os mercados interno e externo em expansão.
Em 2012, as exportações brasileiras de etanol atingiram 3,098 bilhões de litros, com expressivo aumento de 57,5% sobre os resultados de 2011. A receita gerada somou US$ 2,18 bilhões, ante US$ 1,49 bilhão no ano anterior. Apesar do balanço positivo, o volume exportado só pôde ser alcançado devido ao maior excedente do biocombustível, consequência da fraca demanda doméstica, associada à recuperação da moagem de cana na safra 2012/13.
O controle de preços, que manteve o preço da gasolina artificialmente abaixo do seu valor internacional durante 2012, retirou competitividade do etanol hidratado nas bombas. Segundo apuração da Datagro, consultoria de etanol e açúcar, durante 2012 a defasagem média mensal no preço da gasolina variou de 12,1% a 26,9%. O último mês em que o preço da gasolina esteve a par com os valores negociados internacionalmente foi dezembro de 2010, mês em que aproximadamente 60% da frota flex utilizou etanol. Em dezembro de 2012 esse percentual estimado havia caído para 30,3%, demonstrando claramente como a defasagem do preço da gasolina impacta o consumo do biocombustível.
Como resultado dessa política de controle de preços, o consumo de hidratado somou apenas 9,85 bilhões de litros em 2012, uma redução de 9,6% sobre 2011. Em contrapartida, a quantidade de gasolina A consumida no país totalizou 31,76 bilhões de litros no acumulado do ano, um aumento de 17,3%.
Contribuiu também para a demanda de etanol retraída em 2012 a decisão de reduzir a mistura de etanol anidro na gasolina, de 25% para 20% a partir de outubro de 2011. A redução na mistura reduziu a demanda de a ponto de desestimular a efetivação de contratos de importação de etanol em condições lucrativas para os produtores e para o país, forçou a Petrobras a aumentar a importação gravosa de gasolina, e obrigou os produtores a a transformar quase 500 milhões de litros de etanol anidro em hidratado, com claro prejuízo.
Junto ao controle de preços, a menor mistura permitiu que o etanol perdesse espaço na matriz de combustíveis do ciclo Otto. A participação do etanol na matriz do ciclo Otto caiu para 31,7% em 2012, contra 37,1% em 2011 e 44,6% em 2010. É a menor participação do etanol na matriz desde 1982.
No mesmo momento em que a baixa demanda interna por etanol criava um excedente exportável do biocombustível, uma severa estiagem na região Meio Oeste dos EUA, entre maio e agosto, fez quebrar a safra de milho. A seca acabou impulsionando o preço da commodity, o que refletiu nos preços do etanol americano e impulsionou recuperação na demanda por biocombustível importado. O Brasil forneceu 84,19% do total de etanol importado pelos EUA em 2012.
O reajuste de 6,6% no preço da gasolina e o retorno à mistura de 25% de anidro em maio aumentam a demanda interna pelo biocombustível mas não devem prejudicar o crescimento das exportações. Embora positivas, essas medidas são insuficientes para recuperação completa da demanda de etanol no mercado interno. Para cobrir a defasagem da gasolina frente ao mercado internacional o combustível deveria subir aproximadamente 15,4%. Uma das medidas que deve ajudar a reduzir essa disparidade é a possível desoneração do PIS/Cofins incidente sobre o etanol.
É preciso levar em conta também que a oferta de etanol em 2013 deverá aumentar consideravelmente com o aumento da moagem prevista. A safra 2012/13 foi o prelúdio da recuperação na moagem de cana da região Centro Sul, com um total de 532,3 milhões de toneladas, crescimento de 7,9% em comparação ao ciclo anterior. Para a temporada 2013/14, a Datagro estima moagem na região Centro-Sul de 587 milhões de toneladas de cana. Esse incremento de moagem irá assegurar o abastecimento de etanol ao mercado interno, tanto hidratado quanto anidro, e também o já esperado aumento nas exportações.
As perspectivas para exportação de etanol em 2013 são de crescimento de mais de 1 bilhão de litros, dirigido basicamente para o mercado americano. Esse movimento reflete a mudança ocorrida em 2011, com abertura para exportação de biocombustíveis aos EUA, inclusive com prêmio para o produto brasileiro. Há ainda que ser considerada a meta de participação de biocombustíveis no consumo total, que deve atingir 20% até 2022, um salto extremamente significativo em vista do volume de combustíveis que o país consome. As exportações de etanol em 2013/14 devem atingir 4,1 bilhões de litros, ainda aquém do recorde histórico de 5,12 bilhões de litros de 2008, mas na direção de recuperação.
*Texto originalmente publicado no jornal Valor Econômico de  25/03/13. 
Guilherme Nastari - Mestre em agroenergia e diretor da Datagro