Pesquisa mapeia as técnicas modernas no plantio 2019

02/04/2019 Agronegócio POR: Revista Canavieiros
*Rubens L. do C. Braga Jr.
**Marcos G. A. Landell
 
O Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC), pertencente a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizou, pelo terceiro ano consecutivo, pesquisa que detalha as principais práticas utilizadas nas áreas de renovação. Esse trabalho foi realizado na região Centro-Sul do Brasil com o objetivo de mapear a proporção dos produtores que estão adotando as técnicas mais modernas e, com isso, obtendo excelentes resultados tanto em relação ao aumento na produtividade como na redução de custos.

Neste ano, o levantamento atingiu 137 produtores, totalizando uma área de aproximadamente 650 mil hectares a serem plantados, distribuídos pelos seguintes Estados: Bahia (1), Espírito Santo (1), Goiás (15), Mato Grosso (2), Mato Grosso do Sul (6), Minas Gerais (20), Paraná (9), São Paulo (82) e Tocantins (1).

A Figura 1 destaca a origem das mudas no plantio que será realizado em 2019. Pode-se notar que, infelizmente, a grande maioria das empresas ainda não usará as melhores práticas na renovação de seus canaviais. Verifica-se que apenas 33% dessas empresas usarão mudas de viveiros, MPB ou meristemas. A boa notícia é que apesar de baixo, esse número é 12% superior ao obtido no ano passado, mostrando que as empresas estão aumentando o seu interesse em trabalhar com mudas de qualidade.
 
O uso de “mudas” provenientes de canaviais comerciais não é uma prática recomendada, pois provoca efeitos deletérios sobre a produtividade, sendo os principais deles:
- o comprometimento da produtividade agrícola;
- a difusão de doenças sistêmicas;
- a propagação de pragas,
- a redução da longevidade dos canaviais.
Esses efeitos acarretam um aumento nos custos pela necessidade de renovação precoce dos canaviais. Alguns pesquisadores estimam uma quebra de até 25% na produtividade dos canaviais que não se utilizam de mudas de viveiros tratados.

Outra boa notícia é que 77% dos produtores da região Centro-Sul pretendem usar a prática da meiosi em suas áreas de renovação, o que deverá redundar em uma utilização mais ampla de mudas de qualidade no plantio de 2019.

Associado ao uso da meiosi pode-se notar, também, uma retomada do plantio manual. Em 2019, 36% das áreas da região Centro-Sul serão plantadas manualmente. Essas áreas, na maioria dos casos, vão gerar plantios sem falhas e com boa brotação que, por sua vez, irão produzir canaviais mais vigorosos e sadios.

Além disso, a meiosi permite o plantio de uma cultura intercalar de ciclo mais curto, aumentado a receita dos produtores na mesma área ou, ainda, a adoção de um adubo verde que propicia ganhos de produtividade nos próximos ciclos da cana. A Figura 2 mostra que, em 2019, a principal cultura nas áreas de meiosi será a soja, seguida do amendoim.
Outra tecnologia similar e que também está gerando ganhos de produtividade é o uso da cantosi. Em 2019, 39% dos produtores da região Centro-Sul pretendem se utilizar desse método. Vale destacar que a soma das áreas de plantio com o uso de meiosi e cantosi vai representar 29% do total das áreas de renovação.
Na pesquisa realizada, 92% das empresas disseram que pretendem plantar MPB na próxima safra. A MPB é uma tecnologia moderna que agiliza a multiplicação de novas variedades. Além disso, ela pode ser plantada ao longo de todo ano, sendo que a época de plantio mais utilizada, em 2019, será entre os meses de setembro e dezembro (Figura 3).
 
Todos esses aspectos descritos mostram que existem tecnologias modernas, com excelentes resultados, prontas para serem usadas pelos produtores e que deverão ampliar significativamente a produtividade da cana-de-açúcar nos próximos anos, garantindo a sustentabilidade do setor sucroenergético brasileiro.
 
* Rubens L. do C. Braga Jr é proprietário da RBJ Consult e consultor do IAC
** Marcos G. A. Landell é pesquisador científico e coordenador do Programa Cana do IAC

OBS.: PARA VISUALIZAR AS FIGURAS DESCRITAS NO ARTIGO ACESSE NOSSA REVISTA DIGITAL.