O Grupo Fitotécnico de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) realizou, em outubro, sua 6ª reunião, destacando questões cruciais relacionadas à vinhaça. O evento focou nas inovações no uso e aplicação desse subproduto da indústria de cana-de-açúcar, abordando seus impactos ambientais e econômicos.
No início da reunião, uma homenagem foi feita ao pesquisador Bernardo van Raij, renomado cientista da área, falecido em outubro. Com 84 anos, Raij passou décadas de sua carreira contribuindo para a pesquisa em química e fertilidade do solo, nutrição de plantas e adubação de culturas, sendo reconhecido internacionalmente por seu trabalho.
João Rosa, também conhecido como Botão, coordenador de Projetos do Pecege, fez uma apresentação esclarecedora sobre os custos relacionados à aplicação de vinhaça nas lavouras. Ele destacou a complexidade dessas operações e a necessidade de avaliar diversos fatores, como a quantidade de máquinas necessárias, os custos envolvidos e a viabilidade da prática. Em um exemplo hipotético aplicado a uma área de 10 mil hectares, o custo de aplicação por hectare variou entre R$ 550,00 e R$ 560,00.
Heitor Cantarella, pesquisador do IAC, trouxe à tona a importância da vinhaça como veículo de fertilizantes e seus impactos nas perdas de nitrogênio. Ele abordou questões relevantes relacionadas à cana-de-açúcar, como as perdas de nitrogênio na forma de amônia e óxido nitroso. Suas considerações ressaltaram a complexidade desse tópico.
Aimée Regali Seleghim, da Pesquisa e Desenvolvimento da Stoller, apresentou uma abordagem inovadora sobre o manejo dos canaviais no período vegetativo, considerando a nutrição e fisiologia das plantas.
O engenheiro-agrônomo Júlio Naves, da Usina Alta Mogiana, compartilhou a evolução da aplicação de vinhaça localizada, destacando o crescimento no número de aplicadores e o investimento em armazenamento de vinhaça. Atualmente, a usina possui uma capacidade de armazenamento de 135 mil metros cúbicos de vinhaça.
Representantes da Raízen, Thiago Quintino e Antonio Massoli Neto, enfatizaram o papel fundamental da vinhaça como parte dos pilares da empresa, especialmente na área de nutrição. Dados das unidades da Raízen na safra 2020/21 indicaram que a vinhaça localizada atingiu um impressionante percentual de TCH potencial de 83%, com um aumento para 86% quando a aspersão foi utilizada.
A infraestrutura da Raízen envolve mais de 70 aplicadores, 180 caminhões de transporte, 70 frentes de aspersão, 2.500 pessoas diretamente envolvidas no processo, 570 km de tubulação móvel e mais de 1.000 km de adutoras fixas nas unidades. Tudo isso visa garantir a nutrição das plantas e o sucesso nos canaviais.