Pesquisadores produzem cana-de-açúcar em pó

17/09/2012 Cana-de-Açúcar POR: Diário do Nordeste
Um estudo de secagem poderá resultar em mais um produto alimentício. Surgido a partir de análises da desidratação de alimentos, o projeto "Produção de caldo de cana em pó, por desidratação em camadas de espuma" está sendo desenvolvido por estudantes barbalhenses. A cidade é conhecida como sendo "a terra dos verdes canaviais", devido à grande produção da cana-de-açúcar.

Atualmente, três alunos, Ayrton Santos Costa, Júlio Cézar Soares da Silva e Cássia da Rocha Borgonha, e dois professores do curso Técnico em Agricultura, do Centro Vocacional Técnico de Barbalha (CVTec) estão envolvidos no processo de formulação do novo produto derivado da planta. O estudo ainda está em sua fase inicial, em que os pesquisadores formulam a concentração ideal para a dissolução do pó, de forma que este, quando pronto, atenda ao paladar dos consumidores.

A fabricação do caldo de cana-de-açúcar em pó é simples. Os gomos "in natura" são moídos no momento em que o processo de produção do pó é iniciado. Com o caldo da planta é feito uma ingestão de ar, utilizando uma comum abafadora de bolos. Misturado a uma quantidade de emulsificante, os dois elementos são processados durante três minutos. Com a espuma pronta, o alimento é levado até uma estufa de secagem, regulada à 50 graus Celsius.

A cada 30 minutos são realizadas as pesagens, para a verificação da perda de água. Inicialmente, os pesquisadores observaram que em quatro horas o pó é estabilizado. Mas, atualmente, estão sendo feitas novas análises laboratoriais para descobrir qual é a formulação ideal destinada ao consumo do pó de cana- de-açúcar. Além disso, também serão testados as formas de conservação do produto, para que ele não perca a cor, o odor e o sabor original do fruto.


Tecnologias

Todos os envolvidos no projeto pretendem aprimorar as tecnologias de secagem de alimentos, utilizando essa experiência como ensaio para as demais. Um dos objetivos dos pesquisadores, além de obter o produto, é que ele seja amplamente aceito pelos consumidores.

Por isso, a equipe irá realizar um teste sensorial para oferecer amostras do caldo de cana em pó para os clientes de estabelecimentos comerciais, funcionários de instituições de ensino e frequentadores de praças.

A proposta é que a população avalie as características do alimento. Após a prova do sabor, serão avaliadas as necessidades de produção para atender o comércio local. Caso haja aceitação, o produto será introduzido no mercado e estará disponível para venda.

Até agora, a cana-de-açúcar em pó está sendo produzida em pequenas quantidades, já que ainda não foi totalmente aprimorada. Entretanto, a expectativa dos pesquisadores é que, até o próximo mês de dezembro, a fórmula ideal já esteja disponível para a produção em grande escala. Até lá, o produto deverá ser patenteado.

Para o coordenador da pesquisa, Ademar Maia Filho, o estudo renderá bons resultados. "O caldo de cana in natura tem grande quantidade de consumidores, apesar de ser difícil de encontrá-lo e, muitas vezes, sem a qualidade de higiene necessária. A gente acredita que o caldo de cana em pó será bem aceito pela sociedade", avalia. Ele ainda lembra que, no produto, os valores nutricionais da cana serão atendidos.


Comercialização

Com o caldo de cana em pó sendo vendido no comércio, os pesquisadores esperam que na região do Cariri haja uma maior valorização das plantações de cana de açúcar e dos de derivados do fruto. A nova forma de consumo apresenta vantagens.

A principal delas é a garantia de disponibilidade de produto por todos os períodos do ano, além das vantagens nutricionais do alimento e da higiene no processo de obtenção do pó. Para atender à demanda do mercado local, nacional e estrangeiro, o plano dos pesquisadores para o futuro é montar uma fábrica de caldo de cana em pó.

O caldo de cana é um alimento de valor calórico e energético bastante elevado. Pode ser consumido diariamente em pequenas quantidades. De acordo com os pesquisadores, atualmente, o maior incentivo para o projeto seria a obtenção de financiamentos, pois todos os estudos são realizados de forma independente, sem nenhuma parceria com instituições que destinem verbas para a ação.

Como contribuição para a sociedade, a meta já planejada por eles é desenvolver outras composições com frutos, que possam adicionar mais sabor e diferenciar o caldo de cana.

No momento, grande parte da produção de cana-de-açúcar das plantações de Barbalha é destinada à alimentação animal, e a produção da rapadura, batida e cachaça, em pequena quantidade. Na cidade, há também uma mini usina, onde será instalada uma escola sucroalcooleira.

Entretanto, a unidade construída pelo Governo do Estado há aproximadamente três anos, ainda não foi inaugurada. Hoje, nenhuma usina está em pleno funcionamento. Para a produção de derivados da cana, existem apenas engenhos.