Petróleo chegando a US$ 20: Petrobras terá que diminuir o preço da gasolina?

14/01/2016 Combustível POR: Info Money
Governo tem uma verdadeira "escolha de Sofia" entre sacrificar o caixa da Petrobras e deixar a inflação extrapolar a meta.
Os acionistas da Petrobras (PETR3; PETR4) reclamaram durante muito tempo da defasagem entre os preços dos combustíveis praticados no Brasil e os do exterior. Muito se denunciou que o governo usava a estatal para fazer política de preços e derrubar a inflação artificialmente à revelia do desempenho da petroleira, que se endividava e não conseguia obter receitas que fizessem frente a esse endividamento. Bom, pelo menos neste front, os investidores não têm mais o que reclamar, mas os brasileiros em geral sim.
Atualmente, os preços do petróleo estão a US$ 31, batendo suas mínimas em 12 anos, porém a gasolina e o diesel no Brasil estão mais caros do que estavam na primeira metade de 2014, quando um barril de petróleo custava mais de US$ 100. É por conta desta nova defasagem, desta vez em benefício da estatal, que a Petrobras conseguiu engatar trimestres consecutivos de fluxo de caixa positivo em 2015, mesmo em meio à crise econômica.
No entanto, já há quem veja no radar a possibilidade de que o governo pressione a petroleira para que ela reduza o preço da gasolina e ajude a combater a inflação. Atualmente, um dos elementos que mais pressionam o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é justamente a inflação dos combustíveis. "O governo está em uma escolha de Sofia. Se ele repassar para o consumidor um preço menor, a ação da Petrobras vai despencar mais ainda do que ela despencou ontem com o plano de negócios, mas se ele não mexer no preço, vai desagradar ao consumidor e terá que fazer um esforço maior no ajuste fiscal", afirma o diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra Estrutura), Adriano Pires.
A ideia de cortar inflação via redução no preço da gasolina está longe de ter muitos adeptos entre os especialistas. Para Thiago Biscuola, economista da RC Consultores, uma intervenção do Planalto neste sentido será vista como um mau sinal pelo mercado. "A Petrobras vive um momento de demonstração de credibilidade e não seria bom para a sua imagem se ela cedesse a pressões", afirma.
Vale lembrar que além do problema credibilidade, uma parte do ganho da petroleira com a defasagem é corroída pela depreciação do real. A relação é simples: a estatal possui uma receita maior porque compra combustível barato lá fora e revende caro no mercado doméstico, contudo, o petróleo importado fica mais caro por conta do dólar. Isso sem contar no custo da dívida da companhia, que já chega a R$ 500 bilhões, dos quais a maior parte é em moeda norte-americana. Ou seja, se a Petrobras cortar os preços, o impacto no fluxo de caixa da empresa será considerável.
Para o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, a única coisa que salva a geração de caixa da petroleira hoje é a defasagem dos combustíveis, então um corte seria fatal. Algo que o governo poderia fazer como alternativa a simplesmente obrigar a estatal a baixar o preço para conter a inflação seria fazer a redução, mas reintroduzindo a Cide para aumentar a arrecadação. "É mais provável e faria sentido, já que a Cide pode ser aprovada por decreto e o governo não consegue aprovar nada no Congresso", explica.
Adriano Pires discorda. Para ele, se o preço continuar alto, mesmo que via aumento de imposto e não por política da empresa, a pressão política pode vir. Nem tanto do Legislativo, mas das ruas. "Se você tiver um grande movimento de rua reclamando de passagem de ônibus e uma greve de caminhoneiros, o governo pode acabar sendo obrigado a reduzir o preço dos combustíveis", explica. Na sua avaliação, uma saída arriscada, mas que teria impacto menor do que as sugeridas até agora seria baixar apenas o preço do diesel, deixando a gasolina como está.
"A defasagem do diesel está bem superior à da gasolina, então se houver alguma mudança no preço será nele", explica. A diferença, para o diretor da CBIE, é que a medida bateria sim no caixa da Petrobras, mas não seria um impacto tão grave quanto uma redução na gasolina e ainda reduziria a pressão inflacionária principalmente em termos de custos para o transporte público e de carga. Mesmo que enfraqueça a petroleira, a medida faria mais sentido do que ficar de braços cruzados enquanto a inflação extrapola, e muito, a meta do Banco Central. 
Governo tem uma verdadeira "escolha de Sofia" entre sacrificar o caixa da Petrobras e deixar a inflação extrapolar a meta.
Os acionistas da Petrobras (PETR3; PETR4) reclamaram durante muito tempo da defasagem entre os preços dos combustíveis praticados no Brasil e os do exterior. Muito se denunciou que o governo usava a estatal para fazer política de preços e derrubar a inflação artificialmente à revelia do desempenho da petroleira, que se endividava e não conseguia obter receitas que fizessem frente a esse endividamento. Bom, pelo menos neste front, os investidores não têm mais o que reclamar, mas os brasileiros em geral sim.
Atualmente, os preços do petróleo estão a US$ 31, batendo suas mínimas em 12 anos, porém a gasolina e o diesel no Brasil estão mais caros do que estavam na primeira metade de 2014, quando um barril de petróleo custava mais de US$ 100. É por conta desta nova defasagem, desta vez em benefício da estatal, que a Petrobras conseguiu engatar trimestres consecutivos de fluxo de caixa positivo em 2015, mesmo em meio à crise econômica.
No entanto, já há quem veja no radar a possibilidade de que o governo pressione a petroleira para que ela reduza o preço da gasolina e ajude a combater a inflação. Atualmente, um dos elementos que mais pressionam o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é justamente a inflação dos combustíveis. "O governo está em uma escolha de Sofia. Se ele repassar para o consumidor um preço menor, a ação da Petrobras vai despencar mais ainda do que ela despencou ontem com o plano de negócios, mas se ele não mexer no preço, vai desagradar ao consumidor e terá que fazer um esforço maior no ajuste fiscal", afirma o diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra Estrutura), Adriano Pires.
A ideia de cortar inflação via redução no preço da gasolina está longe de ter muitos adeptos entre os especialistas. Para Thiago Biscuola, economista da RC Consultores, uma intervenção do Planalto neste sentido será vista como um mau sinal pelo mercado. "A Petrobras vive um momento de demonstração de credibilidade e não seria bom para a sua imagem se ela cedesse a pressões", afirma.
Vale lembrar que além do problema credibilidade, uma parte do ganho da petroleira com a defasagem é corroída pela depreciação do real. A relação é simples: a estatal possui uma receita maior porque compra combustível barato lá fora e revende caro no mercado doméstico, contudo, o petróleo importado fica mais caro por conta do dólar. Isso sem contar no custo da dívida da companhia, que já chega a R$ 500 bilhões, dos quais a maior parte é em moeda norte-americana. Ou seja, se a Petrobras cortar os preços, o impacto no fluxo de caixa da empresa será considerável.
Para o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, a única coisa que salva a geração de caixa da petroleira hoje é a defasagem dos combustíveis, então um corte seria fatal. Algo que o governo poderia fazer como alternativa a simplesmente obrigar a estatal a baixar o preço para conter a inflação seria fazer a redução, mas reintroduzindo a Cide para aumentar a arrecadação. "É mais provável e faria sentido, já que a Cide pode ser aprovada por decreto e o governo não consegue aprovar nada no Congresso", explica.
Adriano Pires discorda. Para ele, se o preço continuar alto, mesmo que via aumento de imposto e não por política da empresa, a pressão política pode vir. Nem tanto do Legislativo, mas das ruas. "Se você tiver um grande movimento de rua reclamando de passagem de ônibus e uma greve de caminhoneiros, o governo pode acabar sendo obrigado a reduzir o preço dos combustíveis", explica. Na sua avaliação, uma saída arriscada, mas que teria impacto menor do que as sugeridas até agora seria baixar apenas o preço do diesel, deixando a gasolina como está.

 
"A defasagem do diesel está bem superior à da gasolina, então se houver alguma mudança no preço será nele", explica. A diferença, para o diretor da CBIE, é que a medida bateria sim no caixa da Petrobras, mas não seria um impacto tão grave quanto uma redução na gasolina e ainda reduziria a pressão inflacionária principalmente em termos de custos para o transporte público e de carga. Mesmo que enfraqueça a petroleira, a medida faria mais sentido do que ficar de braços cruzados enquanto a inflação extrapola, e muito, a meta do Banco Central.