Pioneiro no assunto palha da cana-de-açúcar

05/02/2016 Cana-de-Açúcar POR: Fernanda Clariano - Revista Canavieiros, edição 115
Um dos primeiros produtores no Brasil a fazer o recolhimento e comercialização da palha da cana--de-açúcar, Luiz Carlos Dalben, é presidente da Agrícola Rio Claro, de Lençóis Paulistas-SP, e utiliza o método de enfardamento para levar a palha para a indústria. Dalben foi um dos palestrantes no I Seminário de Biomassa Perspectiva Econômica da Biomassa (Palhada e Bagaço de Cana-de-Açúcar) realizado pela Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) e pela Orplana (Organização dos Plantadores da Região Centro-Sul do Brasil) no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP. Ele conversou com a Revista Canavieiros e falou sobre várias questões envolvendo custos e receitas sobre a operação de recolhimento da palha. Acompanhe!
Revista Canavieiros - Em termos de custo-benefício, o que se pode dizer sobre o recolhimento da palha?
Dalben - Como trabalho com palha já há 11 anos, consigo ter um ganho financeiro com a venda. Um dos grandes benefícios é que a minha região é fria e retirando a palha eu tenho uma temperatura de solo maior, então tenho um crescimento mais rápido da soqueira da cana nos meses mais frios do ano.
Não aplico, por exemplo, nem um produto para cigarrinha, porque como não tenho a palha, não tenho infestação de cigarrinha. Esses são os itens mais importantes de ganho na questão da palha e é lógico que você tem outros ganhos indiretos, por exemplo: não tem fogo no canavial depois da colheita porque a minha palha está aleirada ou está recolhida, então são algumas coisas que temos avaliado e visto que hoje a gente não consegue mais trabalhar a agricultura da cana sem recolher a palha.
Revista Canavieiros - Quais as perspectivas futuras de mercado da palha?
Dalben - Vai depender muito do mercado de energia de biomassa, mas eu acho que futuramente vamos ter um mercado muito bom da palha, pois as máquinas estão sendo melhores desenvolvidas, a tecnologia das máquinas estão melhorando. Temos hoje um conceito diferente em conservação do solo, ou seja, deixando só 50% da palha, ficando o suficiente para ter a reciclagem de nutriente. Eu estou acreditando muito nesse mercado da palha e acho que dificilmente ele irá regredir nessa questão de biomassa para energia.
Quando o etanol 2G realmente se concretizar, a palha será necessária porque só o bagaço vai ser insuficiente. Eu acho que a palha é uma alternativa boa tanto para as usinas como para algumas termoelétricas que devem contar com a biomassa. Eu acredito nesse mercado e a remuneração vai ser em função do poder calorífico. 
Se você entregar uma palha com 20% de umidade você vai ter um preço, se você entregar com 15% com 10% você vai ter outro preço.
Revista Canavieiros - Quais os impactos positivos e negativos do recolhimento da palha?
Dalben – É preciso estar atento porque se não tiver um bom cuidado pode haver o pisoteio da lavoura e isso é um impacto negativo. No nosso caso é o único impacto negativo, o restante deles, a questão do custo, de doenças e pragas, dos tratos culturais, eu diria que a palha só tem resultados positivos
Revista Canavieiros - O recolhimento pode ser uma alternativa de renda para o produtor rural?
Dalben - Com certeza. Ele tem que ser rentável, porque se não for, a gente não vai fazer. Hoje eu diria que já deixa uma margem de lucro, nos anos anteriores não. Estamos com dificuldades por causa da chuva, então não está ligado à biomassa, está ligado ao clima, como a cana e este ano, nós vamos deixar muita cana de pé.
Revista Canavieiros - Em relação a precificação da palha, você concorda com a inclusão dela no Consecana?
Dalben - A palha não. Eu acho que o bagaço no Consecana sim. Agora palha é uma opção ou não se você quer ou não vender, já o bagaço vai junto com a cana. A partir do momento em que a usina utiliza, há maneiras de ter uma viabilização desse custo também para o produtor.
Revista Canavieiros - Em palestra você comentou que este ano está muito ruim para o recolhimento de palha. Falando sobre os riscos de custos, como tem sido essa variação do custo de recolhimento de palha?
Dalben - Eu diria que no meu caso específico, risco da venda da palha não tem. Tenho contrato com uma usina de entregar a palha nos próximos quatro anos, que é mais ou menos o tempo que dura uma enfardadora que custa 200 mil euros. Este é o tempo estimado, mas a gente ainda não tem nenhuma com quatro anos. Então, no nosso caso, o risco não existe, ou seja, existe o compromisso de entregar a palha e a usina nos pagar por essa palha de acordo com a metodologia que nós combinamos, independentemente da variação do preço da energia no mercado. Com relação a chuva, nós nunca tivemos um ano tão ruim para entregar a palha como esse, se tivemos foi em 2009, mas tínhamos uma condição diferente da de hoje. Esse ano foi realmente um ano que pegou, temos duas enfardadoras e as duas estão paradas há mais de 40 dias por questão de chuva e eu estou pagando as máquinas. 
Então o ano mais chuvoso você vai demorar mais para pagar máquina. Com a chuva como esta que está tendo agora, é seis, sete dias de sol para você tirar palha.
Revista Canavieiros - Quanto tempo é viável armazenar a palha?
Dalben - Na Argentina armazenam por seis meses. Nós estamos lá em Lençóis Paulista-SP com pelo menos três meses armazenados. Depende muito do tempo, se chove ou não. O fardo é muito bem prensado. Eu acredito que quatro meses é absolutamente normal. Perde-se um pouco, mas não é algo que realmente vá comprometer.
Um dos primeiros produtores no Brasil a fazer o recolhimento e comercialização da palha da cana--de-açúcar, Luiz Carlos Dalben, é presidente da Agrícola Rio Claro, de Lençóis Paulistas-SP, e utiliza o método de enfardamento para levar a palha para a indústria. Dalben foi um dos palestrantes no I Seminário de Biomassa Perspectiva Econômica da Biomassa (Palhada e Bagaço de Cana-de-Açúcar) realizado pela Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) e pela Orplana (Organização dos Plantadores da Região Centro-Sul do Brasil) no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP. Ele conversou com a Revista Canavieiros e falou sobre várias questões envolvendo custos e receitas sobre a operação de recolhimento da palha. Acompanhe!
 
 
Revista Canavieiros - Em termos de custo-benefício, o que se pode dizer sobre o recolhimento da palha?
Dalben - Como trabalho com palha já há 11 anos, consigo ter um ganho financeiro com a venda. Um dos grandes benefícios é que a minha região é fria e retirando a palha eu tenho uma temperatura de solo maior, então tenho um crescimento mais rápido da soqueira da cana nos meses mais frios do ano.
Não aplico, por exemplo, nem um produto para cigarrinha, porque como não tenho a palha, não tenho infestação de cigarrinha. Esses são os itens mais importantes de ganho na questão da palha e é lógico que você tem outros ganhos indiretos, por exemplo: não tem fogo no canavial depois da colheita porque a minha palha está aleirada ou está recolhida, então são algumas coisas que temos avaliado e visto que hoje a gente não consegue mais trabalhar a agricultura da cana sem recolher a palha.

 
Revista Canavieiros - Quais as perspectivas futuras de mercado da palha?
Dalben - Vai depender muito do mercado de energia de biomassa, mas eu acho que futuramente vamos ter um mercado muito bom da palha, pois as máquinas estão sendo melhores desenvolvidas, a tecnologia das máquinas estão melhorando. Temos hoje um conceito diferente em conservação do solo, ou seja, deixando só 50% da palha, ficando o suficiente para ter a reciclagem de nutriente. Eu estou acreditando muito nesse mercado da palha e acho que dificilmente ele irá regredir nessa questão de biomassa para energia.
Quando o etanol 2G realmente se concretizar, a palha será necessária porque só o bagaço vai ser insuficiente. Eu acho que a palha é uma alternativa boa tanto para as usinas como para algumas termoelétricas que devem contar com a biomassa. Eu acredito nesse mercado e a remuneração vai ser em função do poder calorífico. 
Se você entregar uma palha com 20% de umidade você vai ter um preço, se você entregar com 15% com 10% você vai ter outro preço.


 
Revista Canavieiros - Quais os impactos positivos e negativos do recolhimento da palha?

 
Dalben – É preciso estar atento porque se não tiver um bom cuidado pode haver o pisoteio da lavoura e isso é um impacto negativo. No nosso caso é o único impacto negativo, o restante deles, a questão do custo, de doenças e pragas, dos tratos culturais, eu diria que a palha só tem resultados positivos

 
Revista Canavieiros - O recolhimento pode ser uma alternativa de renda para o produtor rural?

 
Dalben - Com certeza. Ele tem que ser rentável, porque se não for, a gente não vai fazer. Hoje eu diria que já deixa uma margem de lucro, nos anos anteriores não. Estamos com dificuldades por causa da chuva, então não está ligado à biomassa, está ligado ao clima, como a cana e este ano, nós vamos deixar muita cana de pé.


 
Revista Canavieiros - Em relação a precificação da palha, você concorda com a inclusão dela no Consecana?
Dalben - A palha não. Eu acho que o bagaço no Consecana sim. Agora palha é uma opção ou não se você quer ou não vender, já o bagaço vai junto com a cana. A partir do momento em que a usina utiliza, há maneiras de ter uma viabilização desse custo também para o produtor.


Revista Canavieiros - Em palestra você comentou que este ano está muito ruim para o recolhimento de palha. Falando sobre os riscos de custos, como tem sido essa variação do custo de recolhimento de palha?
Dalben - Eu diria que no meu caso específico, risco da venda da palha não tem. Tenho contrato com uma usina de entregar a palha nos próximos quatro anos, que é mais ou menos o tempo que dura uma enfardadora que custa 200 mil euros. Este é o tempo estimado, mas a gente ainda não tem nenhuma com quatro anos. Então, no nosso caso, o risco não existe, ou seja, existe o compromisso de entregar a palha e a usina nos pagar por essa palha de acordo com a metodologia que nós combinamos, independentemente da variação do preço da energia no mercado. Com relação a chuva, nós nunca tivemos um ano tão ruim para entregar a palha como esse, se tivemos foi em 2009, mas tínhamos uma condição diferente da de hoje. Esse ano foi realmente um ano que pegou, temos duas enfardadoras e as duas estão paradas há mais de 40 dias por questão de chuva e eu estou pagando as máquinas. 
Então o ano mais chuvoso você vai demorar mais para pagar máquina. Com a chuva como esta que está tendo agora, é seis, sete dias de sol para você tirar palha.

 
Revista Canavieiros - Quanto tempo é viável armazenar a palha?
Dalben - Na Argentina armazenam por seis meses. Nós estamos lá em Lençóis Paulista-SP com pelo menos três meses armazenados. Depende muito do tempo, se chove ou não. O fardo é muito bem prensado. Eu acredito que quatro meses é absolutamente normal. Perde-se um pouco, mas não é algo que realmente vá comprometer.