Plano minucioso
24/07/2019
Edições
POR: Revista Canavieiros
Projeto de geração de biogás da Cocal
Por: Marino Guerra
A Cocal, empresa que possui duas unidades industriais (Paraguaçu Paulista e Narandiba) na região de Presidente Prudente (sul do Estado de São Paulo), é a segunda do setor sucroenergético a anunciar a construção de uma unidade produtora de biogás.
O que chama a atenção em seu projeto é o nível de detalhamento, que além de prever como funcionará o processo de produção, também mostra o destino do biocombustível.
A futura operação terá sua construção iniciada em agosto na unidade de Narandiba, cuja capacidade de moagem é de 5 milhões de toneladas de cana por ano, o que gera cerca de 135 mil toneladas de torta de filtro, 100 mil toneladas de palha e dois milhões de metros cúbicos de vinhaça - matérias-primas que alimentarão a planta de biodigestão prevista para produzir 67 milhões de m3 de biogás.
Desta produção, 37 milhões de m3 serão destinados para gerar 40 mil MWh de energia elétrica que será vendida ao mercado. Os 30 milhões restantes sofrerão um processo de upgrade que consiste em adequar o nível de metano conforme a exigência da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), sendo que 22 milhões de m3 irão para um gasoduto que está sendo construído pela Gás Brasiliano e 8 milhões de m3 serão consumidos pela própria Cocal como combustível substituto ao óleo diesel.
Como é sabido que toda usina tem uma entressafra, para atingir estes números de produção a empresa adotou em seu escopo duas etapas de implementação. A primeira compreende que ao longo de março a novembro (período de safra) as três demandas serão atendidas, enquanto que nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, todo o biogás produzido irá exclusivamente para o gasoduto.
A segunda fase consiste em completar a lacuna dos três meses em que não há produção de vinhaça e torta de filtro através da produção de gás advinda da palha da cana, abastecendo assim a demanda na rede elétrica distribuída e o consumo local.
Com toda certeza, tal projeto ainda não teria saído do papel se o sistema de distribuição - o primeiro do mundo exclusivo de biometano - também não tivesse iniciado sua construção.
Intitulado “Projeto Cidades Sustentáveis” e com o apoio do governo do Estado de São Paulo, o gasoduto terá 68 km de rede, saindo da Narandiba e chegando até o distrito industrial de Presidente Prudente.
Nele estão previstas que 227 mil pessoas serão beneficiadas diretamente, sendo 170 condomínios, 400 indústrias, seis mil estabelecimentos comerciais e de serviços, 115 mil veículos leves e quatro mil caminhões.
Quanto à economia de diesel, o controller da Cocal, André Gustavo Alves da Silva, disse que a empresa necessitaria de 29 milhões de m3 de biometano para a substituição total dos três principais consumidores: caminhões (12 milhões de m3), colhedoras (9 milhões de m3) e tratores (9 milhões de m3).
Isso significa que será necessário quase triplicar a produção prevista ou o mercado desenvolver motores mais eficientes, mostrando que o processo de substituição de combustíveis, além de embrionário, deverá ser bem lento.