O período do inverno não é o mais indicado para o cultivo da cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul.
Mas se, por fatores logísticos, as usinas necessitarem fazer o plantio na época de menos umidade no solo e no ambiente e de baixas temperaturas, precisarão adotar com bastante critério algumas técnicas que poderão garantir menos perdas de produtividade na produção.
E é preciso estar atento, também, ao fato de que a aplicação dessas técnicas vai representar aumento no custo de produção da lavoura.
Essa realidade motivou a edição por pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados, de um comunicado técnico.
O estudo recomenda que as usinas realizem, preferencialmente, o plantio de acordo com as indicações do zoneamento de risco climático da cana para Mato Grosso do Sul, que vai de outubro a abril, "pois fica evidente que as limitações climáticas refletirão em perdas de produtividade, que podem ser o limiar entre o sucesso ou o fracasso do empreendimento".
A análise também conclui que "outras estratégias, como o planejamento de longo prazo, a adequação da infraestrutura própria ou a terceirização de parte dos plantios e serviços e a maximização dos recursos disponíveis devem ser adotadas para acelerar a expansão das áreas agrícolas nas unidades de produção em plantios realizados nas épocas mais adequadas, o que se refletirá em maior produtividade, competitividade e sustentabilidade do setor".
Conforme explica o pesquisador Cesar José da Silva, se for realmente necessário que o plantio seja feito fora do zoneamento de risco climático da cana-de-açúcar, que ele seja feito dentro das técnicas existentes para minimizar os fatores que provocam a quebra da produtividade e até a perda da lavoura.
Técnicas
Uma dessas técnicas é a de deixar as áreas de ferti-irrigação para o cultivo no inverno, e usando a torta de filtro nos sulcos de plantio, "pois isso ajudará a manter a umidade e garantirá nutrientes para a planta, especialmente o fósforo", explicou o pesquisador.
Outra prática recomendada é a aplicação de fungicidas sobre os toletes nos sulcos de plantio. Isso defenderá as plantas dos fungos dos solos.
Uma terceira boa providência, segundo o pesquisador, é o aumento no número de gemas plantadas por metro linear. Ocorre que pelos fatores climáticos de pouca umidade e temperaturas mais baixas, vai ser certo que muitas gemas não vão vingar na lavoura.
Assim, ao invés de plantar de 8 a 20 gemas por metro linear, como costumeiramente é feito, deverá haver o cuidado para plantio de 23 a 25 gemas para garantir a produtividade.
"A cana depende muito da temperatura do solo e da temperatura do ambiente e no período de outubro a abril, que é a época de zoneamento, esses fatores estão assegurados, sem riscos. E em nossos estudos observamos que, nos casos de lavouras de produtividades baixas e de plantas de menor tamanho, a época de plantio foi o fator que provocou esses fenômenos negativos", explicou Cesar José da Silva.
Fator Climático
No aspecto do risco climático para o cultivo da cana, o estudo analisou seis épocas distintas para a semeadura, levando em conta sempre o dia 21 dos meses de março, abril, maio, junho, julho e agosto. Foram avaliadas 37 safras de cana.
Conforme explicou o pesquisador Carlos Ricardo Fietz, o responsável pelo setor do clima, foram consideradas: a disponibilidade de água no solo e a deficiência hídrica na fase de brotação e emergência e de crescimento máximo; a temperatura do solo nas fases de brotação e emergência; a temperatura no ar no período de crescimento máximo; e a possibilidade de ocorrência de geadas também na fase de crescimento máximo.
Conforme o pesquisador, a análise conjunta determinou que "em conjunto os fatores água disponível no solo no plantio, deficiência hídrica, temperaturas do solo e do ar favoráveis e risco de geada, os plantios de cana-de-açúcar no inverno não são recomendados para a região sul de Mato Grosso do Sul".
Nessa avaliação, o motivo é que "em função de esse período ser de alto risco climático, pois nos meses de junho, julho e agosto, aproximadamente metade dos dias necessários para a brotação e emergência da cana e praticamente 50% do subperíodo de crescimento máximo da cultura irão ocorrer com deficiência hídrica."
Plantios de cana-de-açúcar em julho e agosto também não são recomendados, pois parte considerável do subperíodo de crescimento máximo ocorre em condições de temperatura do ar desfavoráveis.
Já em maio, são bastante restritivos, pois em mais da metade dos dias do subperíodo de brotação e emergência, a temperatura do solo é inferior a 22 °C.
Ainda se destaca o alto risco de geadas no subperíodo de crescimento máximo doscanaviais plantados no mês de agosto.
Cana todo ano
Mesmo com a recomendação do zoneamento elaborado pela pesquisa, as usinas têm desenvolvido as atividades de plantio durante praticamente todo o ano.
Isso em função de logística de equipamentos e pessoal e evitando a ociosidade por períodos mais longos. Ricardo Fietz lembrou que esse estudo deverá ser ainda aprofundado nos próximos anos na busca de melhores resultados para os produtores e a indústria.
Também participaram do estudo os pesquisadores Danilton Luiz Flumignan e Éder Comunello.
Maurício Hugo
O período do inverno não é o mais indicado para o cultivo da cana-de-açúcar em Mato Grosso do Sul. Mas se, por fatores logísticos, as usinas necessitarem fazer o plantio na época de menos umidade no solo e no ambiente e de baixas temperaturas, precisarão adotar com bastante critério algumas técnicas que poderão garantir menos perdas de produtividade na produção.
E é preciso estar atento, também, ao fato de que a aplicação dessas técnicas vai representar aumento no custo de produção da lavoura.
Essa realidade motivou a edição por pesquisadores da Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados, de um comunicado técnico.
O estudo recomenda que as usinas realizem, preferencialmente, o plantio de acordo com as indicações do zoneamento de risco climático da cana para Mato Grosso do Sul, que vai de outubro a abril, "pois fica evidente que as limitações climáticas refletirão em perdas de produtividade, que podem ser o limiar entre o sucesso ou o fracasso do empreendimento".
A análise também conclui que "outras estratégias, como o planejamento de longo prazo, a adequação da infraestrutura própria ou a terceirização de parte dos plantios e serviços e a maximização dos recursos disponíveis devem ser adotadas para acelerar a expansão das áreas agrícolas nas unidades de produção em plantios realizados nas épocas mais adequadas, o que se refletirá em maior produtividade, competitividade e sustentabilidade do setor".
Conforme explica o pesquisador Cesar José da Silva, se for realmente necessário que o plantio seja feito fora do zoneamento de risco climático da cana-de-açúcar, que ele seja feito dentro das técnicas existentes para minimizar os fatores que provocam a quebra da produtividade e até a perda da lavoura.
Técnicas
Uma dessas técnicas é a de deixar as áreas de ferti-irrigação para o cultivo no inverno, e usando a torta de filtro nos sulcos de plantio, "pois isso ajudará a manter a umidade e garantirá nutrientes para a planta, especialmente o fósforo", explicou o pesquisador.
Outra prática recomendada é a aplicação de fungicidas sobre os toletes nos sulcos de plantio. Isso defenderá as plantas dos fungos dos solos.
Uma terceira boa providência, segundo o pesquisador, é o aumento no número de gemas plantadas por metro linear. Ocorre que pelos fatores climáticos de pouca umidade e temperaturas mais baixas, vai ser certo que muitas gemas não vão vingar na lavoura.
Assim, ao invés de plantar de 8 a 20 gemas por metro linear, como costumeiramente é feito, deverá haver o cuidado para plantio de 23 a 25 gemas para garantir a produtividade.
"A cana depende muito da temperatura do solo e da temperatura do ambiente e no período de outubro a abril, que é a época de zoneamento, esses fatores estão assegurados, sem riscos. E em nossos estudos observamos que, nos casos de lavouras de produtividades baixas e de plantas de menor tamanho, a época de plantio foi o fator que provocou esses fenômenos negativos", explicou Cesar José da Silva.
Fator Climático
No aspecto do risco climático para o cultivo da cana, o estudo analisou seis épocas distintas para a semeadura, levando em conta sempre o dia 21 dos meses de março, abril, maio, junho, julho e agosto. Foram avaliadas 37 safras de cana.
Conforme explicou o pesquisador Carlos Ricardo Fietz, o responsável pelo setor do clima, foram consideradas: a disponibilidade de água no solo e a deficiência hídrica na fase de brotação e emergência e de crescimento máximo; a temperatura do solo nas fases de brotação e emergência; a temperatura no ar no período de crescimento máximo; e a possibilidade de ocorrência de geadas também na fase de crescimento máximo.
Conforme o pesquisador, a análise conjunta determinou que "em conjunto os fatores água disponível no solo no plantio, deficiência hídrica, temperaturas do solo e do ar favoráveis e risco de geada, os plantios de cana-de-açúcar no inverno não são recomendados para a região sul de Mato Grosso do Sul".
Nessa avaliação, o motivo é que "em função de esse período ser de alto risco climático, pois nos meses de junho, julho e agosto, aproximadamente metade dos dias necessários para a brotação e emergência da cana e praticamente 50% do subperíodo de crescimento máximo da cultura irão ocorrer com deficiência hídrica."
Plantios de cana-de-açúcar em julho e agosto também não são recomendados, pois parte considerável do subperíodo de crescimento máximo ocorre em condições de temperatura do ar desfavoráveis.
Já em maio, são bastante restritivos, pois em mais da metade dos dias do subperíodo de brotação e emergência, a temperatura do solo é inferior a 22 °C.
Ainda se destaca o alto risco de geadas no subperíodo de crescimento máximo doscanaviais plantados no mês de agosto.
Cana todo ano
Mesmo com a recomendação do zoneamento elaborado pela pesquisa, as usinas têm desenvolvido as atividades de plantio durante praticamente todo o ano.
Isso em função de logística de equipamentos e pessoal e evitando a ociosidade por períodos mais longos. Ricardo Fietz lembrou que esse estudo deverá ser ainda aprofundado nos próximos anos na busca de melhores resultados para os produtores e a indústria.
Também participaram do estudo os pesquisadores Danilton Luiz Flumignan e Éder Comunello.
Maurício Hugo