A política de preços da Petrobras obedecerá mais aos interesses da companhia do que aos objetivos políticos do governo. Será substancialmente menor a intervenção do Palácio do Planalto nos preços dos combustíveis em relação ao primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. A mudança de postura não significa que a presidente aceitará uma fórmula de reajuste automático, como pretendeu a direção da empresa no passado recente. Mas, também, ficou para trás o congelamento dos preços dos derivados como ferramenta de controle da inflação.
Na entrevista de segunda-feira, quando anunciou a elevação de impostos, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, destacou essa nova fase ao dizer que não era da sua alçada definir o preço da gasolina na refinaria após a volta da incidência da Cide e o aumento do PIS/Cofins sobre combustíveis.
Levy foi claro: "Eu não tenho envolvimento na política de preços da Petrobras. Essa não é uma decisão do Ministério da Fazenda; acho que é da Petrobras, se me lembro bem", disse. Trata-se, assim, de uma posição frontalmente distinta da de seu antecessor, Guido Mantega, que era, também, presidente do Conselho de Administração da empresa. Passa-se de uma política deliberada de represamento de preços para uma liberdade monitorada.
A direção da Petrobras confirmou a mudança. Em nota oficial divulgada ainda na noite de segunda feira, a empresa comunicou que "os preços desses derivados nas refinarias serão acrescidos dos valores de PIS/Cofins e Cide, ficando o preço líquido da Petrobras inalterado". Isso significa que o litro da gasolina subirá R$ 0,22 e o do diesel, R$ 0,15 para o consumidor.
A decisão de aumentar o grau de liberdade da Petrobras para definir que rumo ela dará a seus preços não é uma questão isolada. É parte de um novo modelo onde a intervenção direta do governo vai dando lugar às forças do mercado e ao sistema de preços; e a influência da equipe econômica é, hoje, maior do que antes. Dilma já não seria a ministra da Fazenda do seu governo. Ao mesmo tempo, ela não pretende se abstrair das decisões de política econômica. Ao contrário, as medidas de elevação dos impostos foram detalhadamente discutidas com a presidente. Houve idas e vindas até ela ser convencida e aprová-las, segundo relato de um assessor do Palácio do Planalto. Se Dilma não é mais a ministra da Fazenda, tampouco Levy é o presidente da República. Ele terá autonomia total para propor e defender suas ideias e Dilma já não é tão avessa a testar medidas mais liberais.
Contribuiu para a presidente dar "um freio de arrumação" na economia, agora, a constatação de que "a política anticíclica segurou o emprego, mantendo a taxa de desemprego historicamente baixa, mas não puxou o crescimento e ainda produziu grandes desequilíbrios", comentou uma fonte oficial. Enfrentar esses desequilíbrios não era uma questão de opção, mas uma imposição dos fatos. "Não há outra saída", ressaltou fonte da presidência da República.
No caso específico da Petrobras, o erro foi congelar os preços e a consequência, amplificada pelas denúncias de corrupção, foi a espantosa fragilização da companhia. A presidente teria, assim, se dado conta de que em ambos os setores - energia elétrica e combustíveis - a excessiva intervenção teve um alto preço.
Não há clareza, mesmo dos interlocutores mais próximos de Dilma, de que a volta de 180 graus na política econômica seja fruto de novas convicções da presidente. "Por mais que se use adjetivos como, ela é 'teimosa, turrona', a questão é que os fatos mostraram que não havia mais como prosseguir no mesmo caminho", observou um colaborador. O quanto ela persistirá no novo modelo, porém, "só o dia a dia vai dizer", completou.
Um sinal ainda que tênue de ganho de credibilidade detectado nos preços dos ativos, pelas medidas de Levy, já é exibido por assessores como indicativo de acerto na "inflexão" do segundo mandato.
A política de preços da Petrobras obedecerá mais aos interesses da companhia do que aos objetivos políticos do governo. Será substancialmente menor a intervenção do Palácio do Planalto nos preços dos combustíveis em relação ao primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. A mudança de postura não significa que a presidente aceitará uma fórmula de reajuste automático, como pretendeu a direção da empresa no passado recente. Mas, também, ficou para trás o congelamento dos preços dos derivados como ferramenta de controle da inflação.
Na entrevista de segunda-feira, quando anunciou a elevação de impostos, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, destacou essa nova fase ao dizer que não era da sua alçada definir o preço da gasolina na refinaria após a volta da incidência da Cide e o aumento do PIS/Cofins sobre combustíveis.
Levy foi claro: "Eu não tenho envolvimento na política de preços da Petrobras. Essa não é uma decisão do Ministério da Fazenda; acho que é da Petrobras, se me lembro bem", disse. Trata-se, assim, de uma posição frontalmente distinta da de seu antecessor, Guido Mantega, que era, também, presidente do Conselho de Administração da empresa. Passa-se de uma política deliberada de represamento de preços para uma liberdade monitorada.
A direção da Petrobras confirmou a mudança. Em nota oficial divulgada ainda na noite de segunda feira, a empresa comunicou que "os preços desses derivados nas refinarias serão acrescidos dos valores de PIS/Cofins e Cide, ficando o preço líquido da Petrobras inalterado". Isso significa que o litro da gasolina subirá R$ 0,22 e o do diesel, R$ 0,15 para o consumidor.
A decisão de aumentar o grau de liberdade da Petrobras para definir que rumo ela dará a seus preços não é uma questão isolada. É parte de um novo modelo onde a intervenção direta do governo vai dando lugar às forças do mercado e ao sistema de preços; e a influência da equipe econômica é, hoje, maior do que antes. Dilma já não seria a ministra da Fazenda do seu governo. Ao mesmo tempo, ela não pretende se abstrair das decisões de política econômica. Ao contrário, as medidas de elevação dos impostos foram detalhadamente discutidas com a presidente. Houve idas e vindas até ela ser convencida e aprová-las, segundo relato de um assessor do Palácio do Planalto. Se Dilma não é mais a ministra da Fazenda, tampouco Levy é o presidente da República. Ele terá autonomia total para propor e defender suas ideias e Dilma já não é tão avessa a testar medidas mais liberais.
Contribuiu para a presidente dar "um freio de arrumação" na economia, agora, a constatação de que "a política anticíclica segurou o emprego, mantendo a taxa de desemprego historicamente baixa, mas não puxou o crescimento e ainda produziu grandes desequilíbrios", comentou uma fonte oficial. Enfrentar esses desequilíbrios não era uma questão de opção, mas uma imposição dos fatos. "Não há outra saída", ressaltou fonte da presidência da República.
No caso específico da Petrobras, o erro foi congelar os preços e a consequência, amplificada pelas denúncias de corrupção, foi a espantosa fragilização da companhia. A presidente teria, assim, se dado conta de que em ambos os setores - energia elétrica e combustíveis - a excessiva intervenção teve um alto preço.
Não há clareza, mesmo dos interlocutores mais próximos de Dilma, de que a volta de 180 graus na política econômica seja fruto de novas convicções da presidente. "Por mais que se use adjetivos como, ela é 'teimosa, turrona', a questão é que os fatos mostraram que não havia mais como prosseguir no mesmo caminho", observou um colaborador. O quanto ela persistirá no novo modelo, porém, "só o dia a dia vai dizer", completou.
Um sinal ainda que tênue de ganho de credibilidade detectado nos preços dos ativos, pelas medidas de Levy, já é exibido por assessores como indicativo de acerto na "inflexão" do segundo mandato.