Política equivocada causou retrocesso no programa de etanol, diz Capobianco

26/03/2014 Etanol POR: Raphael Salomão | Globo Rural
O ex-secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco criticou, nesta terça-feira (25/3), a política do governo para o setor de biocombustíveis. Foi durante sua participação no painel "o clima afetando a nova geografia da agricultura" durante o Global Agribusiness Forum, em São Paulo (SP).
 
Durante sua exposição, Capobianco apresentou dados que mostravam uma oscilação na produção de etanol nos últimos anos ao mesmo tempo em que há um forte aumento das importações de gasolina. Mostravam também um aumento de mais de 66% no consumo de gasolina e de queda de mais de 22% no consumo de etanol entre os anos de 2009 a 2012.
 
"Graças a políticas equivocadas de manutenção dos preços da gasolina em patamares inadequados", concluiu Capobianco. Ele destacou que o cenário vai contra o Programa Brasileiro de Mudanças Climáticas, que prevê um aumento de 11% no consumo de etanol entre os anos de 2008 e 2018.
 
Na avaliação de Capocianco, hoje presidente da IDS Brasil, o que ocorreu com a política brasileira para biocombustíveis. Notícia que só não é pior quando comparada a outras fontes renováveis de energia como a eólica, que representa 1,8% da matriz brasileira e a solar, com 0,01% de participação.
 
 
Amazônia em risco
 
João Paulo Capobianco avaliou também que o quadro de desmatamento da Amazônia está em risco no Brasil. Mesmo considerando que de 2004 a 2013, houve uma redução de 83%, o que supera 160 mil quilômetros de florestas que se mantiveram em pé.
 
Afirmou que, embora considere desnecessária, há uma clara relação entre a produção agropecuária e o desmatamento. Destacou, no entanto, que o setor tem um papel importante no uso eficiente dos recursos naturais. "Não colocamos a agricultura como o principal vilão do processo, mas sabemos que ela pode contribuir muito."
 
Na opinião do ex-secretário do ministério do Meio Ambiente, a questão ambiental no país ainda carece de uma política de longo prazo e de "mais tranquilidade" para as pesquisas. "Precisamos engajar a sociedade e os líderes do agronegócio são fundamentais para isso."