Pouca Cana e Muito Consumo

22/10/2021 Marcos Fava Neves POR: * MARCOS FAVA NEVES ** VÍTOR NARDINI MARQUES *** VINÍCIUS CAMBAÚVA

* Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Confira textos, vídeos e outros materiais no site doutoragro.com e veja os vídeos no canal do Youtube (Marcos Fava Neves). Seguem os agradecimentos ao apoio de Vitor Nardini Marques e Vinícius Cambaúva.

** Vítor Nardini Marques é analista da Markestrat

*** Vinícius Cambaúva é consultor da Markestrat

Reflexões dos fatos e números do agro em agosto/setembro e o que acompanhar em outubro

Na economia mundial e brasileira

  • A incidência da variante Delta vem reduzindo o ritmo de recuperação da economia global. Nos Estados Unidos, o número de empregos gerados apresentou queda expressiva em agosto, atingindo o menor índice em sete meses. Na mesma onda, o setor de serviços na China apresentou retração, e outros países como Alemanha evidenciaram reduções na atividade industrial. Segue agora a corrida para uma terceira dose de imunizantes e nossa torcida para a reversão do atual cenário.
  • Outro problema em consequência da pandemia e que deve se alastrar até 2022 se refere ao congestionamento de portos. As filas para embarque e desembarque estão acarretando em falta de contêineres e aumento dos custos do frete marítimo, o que pode trazer problemas no abastecimento global. A situação precisa ser monitorada de perto para criar alternativas de escoamento/armazenamento. Foi incrível o aumento do custo dos fretes, impactando as empresas.
  • Já com relação à economia brasileira, dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam para uma estabilização do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre, com variação negativa de 0,1% frente ao trimestre passado. Em comparação ao mesmo período de 2020, o indicador é 12,4% superior. Já no acumulado do semestre, a economia avançou 6,4%, dando indícios de que deve fechar 2021 crescendo em torno de 5%. O Relatório Focus (Bacen) de 13 de setembro trouxe expectativas para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2021 em 8,00%, e de 2022 em 4,03%. Já para o PIB, espera-se um crescimento de 5,04% neste ano e de 1,72% em 2022. Na taxa Selic, o mercado espera 8,00% nos dois fechamentos, enquanto no câmbio devemos ter R$ 5,20 ao final de 2021 e 2022.

 No agro mundial e brasileiro

  • No cenário global, o relatório de setembro do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) revelou um aumento na produção de milho nos Estados Unidos na safra 2021/22, saindo de 374,7 milhões de t no relatório de agosto para 380,9 milhões de t neste (+1,6%). Para a Argentina, o órgão também indica uma alta na produção, de 51 para 53 milhões de t no comparativo mensal (+3,9%). No Brasil, os números foram mantidos em 118 milhões de t. A oferta global do cereal nesta safra deve ficar em 1.197 milhão de t. Para a soja, o USDA elevou a produção mundial em 780 mil toneladas neste relatório, agora avaliada em 384,2 milhões de t; o Brasil deve produzir 144,0 milhões de t (mesmo valor do relatório anterior); Estados Unidos, 119,0 (+0,8%); e Argentina, 52,0 milhões de t (mesmo valor). Os estoques da oleaginosa foram elevados em 2,8% neste mês, e devem ficar em 98,9 milhões de t, 4,0% superior ao do ciclo 2020/21.
  • A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) revelou suas primeiras estimativas para a safra de grãos 2021/22. A produção total deve atingir 289,6 milhões de t (+14%) em uma área de 71,4 milhões de ha (+4%). Na soja é esperada uma produção 141,26 milhões de t (+3,9%) advindas de uma área de 39,91 milhões de ha (+3,6%). Já para o milho, o volume está estimado em 115,96 milhões de t (+33,8%) em uma área total de 20,6 milhões de ha (+3,9%). Finalmente, no algodão, devemos produzir 2,71 milhões de t (+15,8%) em uma área de 1,55 milhão de hectares (+13,4%).
  • Já no último levantamento sobre o ciclo 2020/21 de grãos, a Conab estima produção de 252,3 milhões de t, 1,8% inferior ao da temporada anterior, totalizando 68,93 milhões de ha cultivados (+4,6%). Na soja, com a colheita praticamente finalizada, um volume recorde de 135,9 milhões de t (+8,9%) é esperado numa área de 38,53 milhões de hectares (+3,1%). No milho, considerando as três safras, a produção deve alcançar 85,75 milhões de toneladas (-16,4%), totalizando área semeada de 19,87 milhões de há (+7,2%). Apesar do aumento de área, a produção da safrinha foi altamente afetada pelo atraso em sua semeadura, complicando os efeitos das condições climáticas pouco favoráveis como estiagens e geadas, que derrubaram a produção em 20,8%, projetada em apenas 59,47 milhões de t. Enquanto isso, no algodão é esperada uma produção de 2,36 milhões de t (-21,5%), devido à redução de área plantada (-17,7%) para 1,37 milhão de ha. Dentre as lavouras de inverno, destaque para o trigo que teve um incremento de área (+13,1%) e deve produzir 8,16 milhões de t (+30,8%).
  • Produtores do Mato Grosso devem antecipar o plantio de soja neste ano, aproveitando as chuvas que estão previstas para o final de setembro. Dessa forma, busca-se evitar que a semeadura da safrinha de milho seja feita fora da janela ideal, conforme verificado na última safra, o que acarretou em perdas de produtividade. Vamos torcer por isso.
  • As vendas de fertilizantes para o segundo semestre de 2021 já representam 80% das negociações previstas para o período, segundo levantamento da StoneX. A consultoria estima que 43,7 milhões de insumo serão comercializadas ao longo do ano, representando um crescimento de 8% em comparação a 2020. Já para o primeiro semestre de 2022, a estimativa é que 39% dos negócios já estejam fechados. É importante ter cautela com o câmbio e fazer operações casadas, pois os preços estão sensivelmente mais altos.
  • Em mais um mês, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) revisou para cima o VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária). Na estimativa de agosto, o valor foi apontado em R$ 1,106 trilhão, crescimento de 9,7% em relação ao registrado em 2020. As cadeias de produção agrícola devem faturar cerca de R$ 750 bilhões (+11,9%), enquanto a pecuária responderá por R$ 256 bilhões (+5,4%).
  • O agronegócio brasileiro exportou cifra recorde em agosto de US$ 10,90 bilhões, crescimento de 26,7% em comparação ao mesmo mês de 2020, segundo dados do Mapa. Os preços, 27,1% superiores, continuam a sustentar o incremento de receita das vendas externas, já que o volume embarcado registrou queda de 2,9%. O complexo soja manteve a liderança na pauta de exportação com US$ 4,02 bilhões comercializados (+53,6%), sendo a soja em grãos responsável por 78% desse resultado. As vendas de carnes foram recordes para o mês, alcançando US$ 2,09 bilhões (+40,5%), sendo US$ 1,17 bilhão de carne bovina (+55,6%), US$ 663,55 milhões (+35,2%) de frango e US$ 208,23 milhões (-0,5%) de carne suína. Os produtos florestais aparecem em terceiro, vendendo US$ 1,25 bilhão (+40,5%), graças a uma forte elevação de preços (+31,2%). Na sequência, cereais, farinhas e preparações foram responsáveis pela exportação de US$ 932,5 milhões (-14,3%), com queda pela redução de embarques de milho diante da situação de oferta apertada. Na quinta colocação, o complexo sucroenergético exportou US$ 912,2 milhões (-9,0%). No outro lado da balança comercial, as importações do agronegócio somaram US$ 1,25 bilhão, incremento de 37,2%. Mesmo assim, o setor entregou um superávit de US$ 9,65 milhões, 25,5% superior àquele no mesmo mês de 2020.
  • Segundo as estimativas mais recentes do USDA, o Brasil deve produzir 6,9 bilhões de litros de biodiesel neste ano, crescimento de 7,8% em comparação com o anterior. Segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), entre janeiro e junho de 2021, a produção acumulada é de 3,35 bilhões de litros, mas vale lembrar que nossa capacidade produtiva é de cerca de 11,2 bilhões de litros por ano. A Fiagril, por exemplo, anunciou que está investindo R$ 5,5 milhões na sua fábrica de biodiesel para tornar possível o duplo refino de óleo de algodão e esterificação do óleo de milho, a fim de diminuir a dependência da soja como matéria-prima para produção. Vale lembrar que o governo reduziu a mistura de biodiesel ao diesel de 13% para 10% neste final de ano, em virtude da escassez de grãos.
  • O mês também teve a complicação de dois casos relatados de vaca louca atípica, que mesmo já resolvidos, trarão impactos na exportação de carne bovina.
  • Para concluir a nossa análise geral do agro, os preços dos principais produtos no fechamento desta coluna eram: a soja para entrega em cooperativa de São Paulo estava em R$ 166,30/sc e R$ 151,60/sc para fevereiro de 2022. Há um ano estava em R$ 120/sc. No milho, a cotação atual está em R$ 91,00/sc e a entrega em maio de 2022 fechou em R$ 95/sc (B3). Há um ano estava em R$ 51,50/sc. O algodão fechou em R$ 179,84/arroba e estava em R$ 96/arroba há um ano; e o boi gordo em R$ 313/arroba, sensivelmente acima dos R$ 225 no mesmo período do ano passado.

 Os cinco fatos do agro para acompanhar em outubro são:

  1. A evolução do clima e dos custos para o plantio da mega safra 2021/22, e as decisões de compra, venda e plantio; a crise hídrica e as medidas a serem tomadas;
  2. Os impactos das restrições de exportação de carne bovina, torcendo para a rápida abertura da China;
  3. A finalização da colheita da safra brasileira, a performance de exportações e o abastecimento interno;
  4. A crise institucional (política), o câmbio e as perspectivas econômicas com a aceleração da vacinação;
  5. A finalização da safra americana em outubro. Acompanhar a performance da colheita e os novos números de produtividade e produção.

 

Reflexões dos fatos e números da cana em agosto/setembro e o que acompanhar em outubro

 Na cana

  • Segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), desde o início da safra até 1° de setembro, a moagem acumulada de cana na região Centro-Sul alcançou 392,6 milhões de toneladas, uma redução de 5,8% em comparação com o mesmo período do ciclo passado. Do total de matéria-prima processada, 46,3% foram utilizadas para a produção de açúcar e os outros 53,7% para a produção de etanol.
  • A Canaplan revisou sua estimativa de moagem para a região Centro-Sul, estando agora entre 520 e 530 milhões de toneladas, 15% a menos em relação ao ciclo passado. Além disso, o atual ciclo deve ser mais curto, com quase 80% da colheita sendo realizada até novembro. Já a Job Economia aponta para uma moagem de 533 milhões de toneladas para a safra atual no Centro-Sul, 7,5% a menos que sua estimativa prévia e 12% inferior quando comparada à temporada passada. Com isso, a consultoria estima que a produção de açúcar será de 33,4 milhões de toneladas (-13%) enquanto a de etanol deve totalizar 25,1 bilhões de litros (-10%).
  • Se não bastassem as dificuldades enfrentadas pelo produtor de cana-de-açúcar neste ano, a Noaa (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA) reportou que há 70% de chances de os canaviais brasileiros enfrentarem um La Niña nos próximos meses. Precisamos ficar de olho, este foi o principal limitante dos resultados da safra atual.
  • A Tereos obteve a certificação em quatro de suas unidades para a comercialização de i-RECs, créditos de carbono atrelados à geração de eletricidade, que são ofertados no mercado internacional voluntário. Tal certificação atesta que cada megawatt-hora gerado evitou a emissão de 60 mil toneladas de carbono. A empresa francesa poderá disponibilizar ao mercado 1,75 milhão de i-RECs.
  • A BR Distribuidora e a Coopersucar anunciaram a criação da Vibra Energia, uma joint venture para atuar na comercialização de combustíveis e energia. O acordo inclui a produção de 5,0 bilhões de litros de etanol pela cooperativa, enquanto a distribuidora deve movimentar 6,5 bilhões de litros de etanol. A empresa ainda está sob avaliação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A Vibra Energia tem metas audaciosas: alcançar crescimento de 30% nas receitas até 2030, e estar entre as cinco maiores comercializadoras de energia elétrica do Brasil até 2025.
  • A Zilor apresentou seus resultados financeiros referentes ao primeiro trimestre do ciclo 2021/22. A receita líquida da empresa alcançou R$ 754,6 milhões, um crescimento de 41% em comparação à safra passada. Já o lucro líquido teve um salto de R$ 5,2 milhões para R$ 197,4 milhões, entregando uma margem líquida de 26%. Tanto o aumento do preço do etanol como a maior demanda por açúcar impulsionaram tais resultados, apesar da moagem de cana ter sido 0,9% menor, totalizando 3,9 milhões de t processadas.

No açúcar

  • Na segunda quinzena de agosto, a produção de açúcar apresentou leve avanço, chegando a 2,95 milhões de toneladas, frente aos 2,93 milhões de toneladas registrados no mesmo período do ciclo 2020/21 (+0,7%). No acumulado, a produção de açúcar chegou a 24,28 milhões de toneladas, redução de 6,6% frente aos 25,99 milhões de toneladas registrados na safra passada.
  • Os embarques de açúcar no mês de agosto somaram 2,55 milhões de toneladas, uma queda de 18,7% frente ao mesmo mês de 2020. Por sua vez, o faturamento com a venda do adoçante se manteve estável (+0,2%), alcançando US$ 865,49 milhões. Os preços estão 23,2% maiores que no mesmo período de 2020. Entre janeiro e agosto de 2021, exportamos 17,83 milhões de toneladas de açúcar, alta de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado.
  • No âmbito dos preços, entre julho de 2020 até o início de setembro de 2021, a valorização dos contratos de açúcar para 2021/22 foi de US$ 39 por tonelada, enquanto contratos para 2022/23 tiveram acréscimo de US$ 52 por tonelada. As preocupações sobre as condições da próxima safra – frente aos impactos do clima na atual – têm preocupado o setor e levado à valorização da commodity nos mercados globais.
  • Até o final desta safra, segundo a StoneX, a produção de açúcar deve ficar em 34,6 milhões de toneladas, 10% menor que a safra anterior. Como resultado, devemos ter um déficit de 1 milhão de toneladas no mercado mundial, contra o superávit anterior de 1,7 milhão. Na Índia, a StoneX prevê que cerca de 3 milhões de toneladas de açúcar virem etanol na safra 2021/22.
  • Já estimativas divulgadas pela Alvean, trading que pertence à Coopersucar, indicam uma produção de 31,5 milhões de toneladas nesta safra, redução de 17,1% em comparação com a passada. A Alvean também aponta que o déficit global de açúcar na safra 2021/22 deve ficar entre 5 e 6 milhões de toneladas, volume bem superior aos 3,8 milhões de toneladas estimados pela ISSO (Organização Internacional do Açúcar).

No etanol

  • A produção de etanol registrou 2,23 bilhões de litros na segunda quinzena de agosto, com um saldo acumulado de 18,65 bilhões de litros, sendo 7,15 bilhões de litros de etanol anidro (38,3%) e 11,49 bilhões de litros de etanol hidratado (61,7%). Do total fabricado, 1,29 bilhão de litros (6,9%) do biocombustível foi produzido a partir do milho.
  • Em agosto, as usinas do Centro-Sul venderam 2,45 bilhões de litros de etanol, retração de 9,8% em relação ao mesmo mês da safra 2020/2021. O hidratado responde por 1,43 bilhão de litros, redução de 11,7%, e anidro aumentou 11,4%, com 887,10 milhões de litros. Já as vendas externas de etanol no mês de agosto totalizaram US$ 45,25 milhões, valor quase 70% inferior àquele constatado no mesmo mês de 2020.
  • As vendas de etanol desde o início da safra (1º de abril até 1º de setembro) cresceram 13,1% em relação ao mesmo período da safra passada. 731 milhões foram destinadas à exportação (queda de 33,6%) e 11,49 bilhões ao mercado interno (aumento de 6,8%).
  • No primeiro semestre, o consumo de etanol hidratado cresceu 2,7% (9,21 bilhões de litros), a gasolina 8,1% (17,8 bilhões de litros) e o diesel aumentou 9%, chegando a 5,1 bilhões de litros. O etanol teve 46,4% da participação na matriz do ciclo Otto (eram 47,2%). A participação dos biocombustíveis (etanol e biodiesel), no total, é ao redor de 25%, e o MME (Ministério de Minas e Energia) quer chegar a 30% até 2030.
  • A StoneX prevê 24,9 bilhões de litros de etanol no ciclo 2021/22, queda de 10,4% em comparação com o ciclo passado.
  • No mês de julho, o consumo de combustíveis teve crescimento de 10,7% em comparação com o mesmo mês de 2020, segundo a ANP e Unica, totalizando 4,47 bilhões de litros. Ainda assim, estamos abaixo do registrado em julho de 2019, no período pré-pandemia (-1,35%). Um ponto de destaque é que o etanol apresentou a menor participação na matriz energética desde abril de 2018, com apenas 42,6% do total, contra 46,1% em julho de 2020 e 48,0% em julho de 2019.
  • No primeiro semestre de 2021, a produção de carros no Brasilalcançou 1,15 milhão, 22% a menos que no mesmo período de 2019, antes da crise instalada pela Covid-19. Além das restrições de deslocamento, mudanças no comportamento do consumidor têm levado a uma maior propensão para a utilização de serviços e app para deslocamento, fora a inflação incrível nos preços dos automóveis.
  • Como parte da meta de reduções de gases do feito estufa, o governo dos Estados Unidos declarou que pretende se tornar líder na oferta de veículos elétricos, sendo que estes devem representar 50% das vendas até 2030. Dessa forma, a StoneX projetou que a frota de veículos elétricos americana deve crescer 253%, chegando a 5 milhões. Esse cenário deve afetar o consumo tanto de gasolina como de etanol no país, o que pode abrir espaço para exportações.

Para concluir, os cinco principais fatos para acompanhar em outubro na cadeia da cana: 

  • As novas projeções indicam entre 520 a 530 milhões de toneladas de cana. O consumo do etanol e açúcar estão acima da safra passada. Ou seja, maior demanda, menor oferta e safra terminando antes. Serão grandes os desafios no final do ano com os impactos da seca que assolou os canaviais;
  • O que acontecerá com o consumo de etanol neste último trimestre do ano, no balanço dos preços entre o hidratado e a gasolina. Ao fechar esta coluna, pelos dados da SCA, o litro do hidratado estava em R$ 3,94/l com impostos nas usinas, e o anidro em R$ 3,98/l. Devem continuar altos com a falta de cana;
  • O barril do petróleo tipo Brent estava em US$ 72. Devemos observar o comportamento em outubro, bem como o câmbio para entender os possíveis preços da gasolina e da paridade e os efeitos no consumo;
  • Ao fechar esta coluna, o açúcar estava em 19,9cents/libra peso na tela de outubro de 2021. Um preço muito alto pode não ser bom, colocando em risco a velocidade da Índia na adoção do etanol e trazendo de volta produções em outros locais, este é o receio neste momento;
  • A performance das exportações de açúcar em setembro e outubro e os preços para o mercado interno que vêm se mantendo elevados.

Valor do ATR: a safra 2021/22 teve início com valores de ATR em abril e maio de, respectivamente, R$ 1,0141/kg e R$ 1,0564/kg. Já para o mês de junho, o valor manteve a tendência de alta, alcançando R$ 1,0630/kg. Em julho, o indicador voltou a crescer, atingindo R$ 1,0878/kg, comportamento que se manteve em agosto, chegando aR$ 1,1425/kg. Assim, o valor acumulado até agora é de R$ 1,0765/kg. Ao final desta safra pode ainda chegar a algo entre R$ 1,13 a 1,15.

HOMENAGEADO DO MÊS

 Todos os meses temos um homenageado nesta coluna, seja por alegria ou por tristeza, e desta vez, a nossa singela homenagem é a mais triste até o momento. Celso Silveira Mello Filho e sua maravilhosa família (Maria Luiza, Celso, Fernando e Camila), além do piloto e do copiloto, este um jovem também ligado a uma família da cana, neto do Roberto Dedini, foram vítimas de um acidente aéreo que entristeceu Piracicaba e chocou o Brasil. Acompanhei a família de perto desde que nasci. Fazia muito tempo que não via tristeza igual.