Pragas sob controle - Projeto Harpia

TV Canaoeste POR: 2014-11-25 10:23:04
Descobrir os pontos do canavial onde as pragas se escondem é desejo de todo produtor. Para associados da Canaoeste, isso foi possível, graças a uma parceria com a BASF. O projeto Harpia, que coletou imagens via satélite de quase 30 mil hectares – de um total de 150 mil da área de abrangência da associação –, mapeou os locais de baixa biomassa, permitindo intervenções rápidas para correção de falhas, o que pode representar redução de custos, aumento de produtividade e menor impacto ambiental. A Canaoeste foi a primeira associação a receber a tecnologia. Antes, o serviço era destinado só a grandes usinas. As imagens, colhidas de abril a junho de 2013, foram feitas pela SIGMA – Sistemas Integrados de Geoprocessamento e Meio Ambiente –, empresa de Ribeirão Preto, SP. Os dados obtidos foram dispostos em mapas de cada propriedade monitorada, em que as áreas foram classificadas por um sistema de cores. Em vermelho, foram apontadas aquelas consideradas críticas, com índices muito baixos de biomassa. Em amarelo, as de transição, de média baixa biomassa. Já as que tiveram índices dentro do esperado ganharam diferentes tons de verde, dependendo da condição apontada: média, média alta e alta. Com os mapas em mãos, a equipe de pragas contratada pela Canaoeste visitou, de setembro de 2013 a julho deste ano, as áreas vermelhas e amarelas, em que foram demarcados pontos de amostragem, para verificar as causas de cada falha. “Áreas de baixa biomassa sugerem problemas. Tendo mapeado essas áreas, você consegue focar, direcionar o trabalho para elas. Com isso, se aumenta muito o rendimento das equipes de campo”, afirma Alessandra Durigan, gestora técnica da Canaoeste. Segundo ela, nem todo local com baixa biomassa significa ocorrência de pragas. É preciso considerar outros motivos, como plantas daninhas, pisoteio, problemas de compactação, pedras ou baixa fertilidade. Mas, se as pragas forem mesmo encontradas, é possível agir com rapidez, pensando na melhor medida antes que a situação fuja do controle. Outra vantagem é que a aplicação de defensivos não precisa mais ser feita em toda a extensão do canavial, mas restringir-se às áreas onde o inimigo foi localizado. O produtor João Luiz Balieiro, de Viradouro, SP, concorda. “Se aparece alguma coisa, a gente vê no começo e já combate. Isso faz gastar menos. Não deixa tomar conta do canavial”, conta. “Sem a equipe da Canaoeste, quando ia ver, a praga já tinha se alastrado. Tive problemas assim no passado, quando precisei arrancar um canavial de apenas três cortes”. Hoje, Balieiro comemora seus 290 hectares de canavial sadio. Na região onde ele planta, o Harpia mapeou quatro mil hectares. Ao todo, o projeto observou 29.350, dos quais 25 mil foram monitorados – o restante estava com o solo nu. Em 996,86 hectares, as pragas apareceram, entre elas uma das mais temidas: o Sphenophorus Levis, popularmente conhecido como bicudo da cana. As larvas desse inseto se alimentam dos rizomas (colmos subterrâneos) e, algumas vezes, do primeiro entrenó basal. O resultado é uma perda acentuada de produtividade – 20 a 25 toneladas por hectare. Alessandra alerta que, em áreas muito infestadas, a praga provoca a morte da planta e obriga a reformar até canaviais novos, de dois ou três cortes. “A população do Sphenophorus tem aumentado muito, principalmente com a colheita de cana crua. É uma praga importante, com a qual a gente tem que tomar muito cuidado. Ocorrendo nos canaviais, é necessário realizar o controle”. Sem a atenção devida, o Sphenophorus também pode se espalhar com facilidade, levado, por exemplo, por colhedoras ou mudas, comprometendo outras áreas. De acordo com Thiago Verri, agrônomo da Canaoeste que atende à região de Sertãozinho-SP, numa época em que é urgente pensar em aumento de produtividade, para estimular uma maior competitividade do setor sucroenergético, o combate a esse tipo de praga deve ser prioridade. “Temos muitos fatores que brigam com a gente em relação à produtividade. O Sphenophorus é um deles. Por isso, com os levantamentos feitos (pelo Harpia), juntamente com a parte técnica da Canaoeste, que passa todas as informações para os associados, permitindo as aplicações corretas, estamos conseguindo eliminar essa praga, além de manter uma produtividade para que o produtor não saia da atividade”.