Preparo do solo: a operação fundamental que antecede seu plantio

21/05/2020 Colunista POR: Carla Paixão

* Profa. dra. Carla Segatto Strini Paixão Voltarelli - coordenadora do curso de graduação de Engenharia Agronômica - Centro Universitário Facens

As máquinas e implementos agrícolas nos auxiliam cada vez mais nas tarefas do campo, colaborando no aumento de agilidade e rentabilidade. De acordo com um estudo recente, por exemplo, foi concluído que uma das principais razões da baixa renda de agricultores indianos é a não utilização de implementos agrícolas.

No entanto, é a escolha do equipamento correto que influenciará no tempo e, principalmente, no custo de cada operação! Os implementos agrícolas presentes são como os carros que compramos para uso no dia a dia. Uns são maiores e mais potentes, outros menores e mais econômicos. Desse modo, existem tratores e implementos agrícolas para os mais diversos casos e aplicações.

Na agricultura moderna, o preparo periódico do solo é considerado uma operação básica e, nas últimas décadas, vem passando por considerável evolução. Nos últimos anos, a atenção está voltada para sistemas de semeadura direta e de preparo reduzido ou de cultivo mínimo do solo, ou seja, para aqueles cujas operações resultem em menor consumo de energia, que visem à conservação do solo e da água e não causem prejuízos no desenvolvimento e na produtividade das plantas.

O preparo de solo consiste basicamente em promover uma melhoria nas condições físicas e químicas para se ter uma boa infiltração/percolação da água, uma boa mobilidade dos nutrientes, garantindo um crescimento radicular favorável à planta, bem como um bom crescimento vegetativo e uma boa brotação, resultando assim o melhor estabelecimento da cultura. Sendo uma operação utilizada desde o início da agricultura no Brasil, o preparo de solo se baseia em seu revolvimento ou não, com o intuito de provocar uma separação dos agregados do solo, e ainda, permitir e manter níveis favoráveis de matéria orgânica.

Um dos mais importantes componentes do custo de produção, o preparo do solo está relacionado com a questão de dar sustentabilidade à agricultura, pois influencia a maioria das propriedades físicas do solo, afetando com isso os processos biológicos, condicionando o estabelecimento e desenvolvimento das plantas, buscando manter ou superar as produtividades ano a ano. Partindo para as etapas desse processo, vale mencionar que todas são importantes e objetivam a correção do solo como a calagem, gessagem e adubação.

O preparo do solo, de maneira geral, apresenta ações básicas iniciais que promoverão boas condições para o crescimento radicular, colaborando assim para o sucesso no plantio, garantindo o estabelecimento da cultura e assim grandes produtividades. Pensando cruamente no preparo de solo, este tem como objetivo atenuar ou eliminar os seguintes fatores:

                Físicos: compactação, adensamento e encharcamento;

                Químicos: baixo teor de nutrientes, elevados teores de alumínio (Al), manganês (Mn) e sais de sódio (Na);

                Biológicos: plantas daninhas, nematoides, cupins, entre outros. Cabe aqui uma atenção redobrada no preparo de solo quanto à conservação deste, prevendo durante as operações/atividades de preparo a execução de terraços e medidas que evitem as perdas de solo por erosão e escorrimento superficial de água.

Para cada condição de solo e operação agrícola existe um equipamento adequado. O solo deve ser preparado com o mínimo de mobilização, não implicando, com isso, em diminuição da profundidade de operação, mas sim na redução do número de operações, deixando rugosa a sua superfície e mantendo os resíduos culturais, total ou parcialmente, trazendo benefícios para a sustentabilidade ambiental e também, muitas vezes, maior economia. Observa-se, entretanto, que a maior parte dos equipamentos utilizados na mobilização do solo não atende a algumas dessas condições tidas como ideais.

Sistema Convencional:

Parte 1 - Arado: O Rústico dos Equipamentos Agrícolas

Preparo Primário Do Solo:

Escutar a palavra "arado" nos faz pensar em equipamentos antigos, poucos usados e com pouca serventia, mas antes de julgar vamos conhecer esse equipamento que para muitos ainda é fundamental.

‣ Arado: efetua o corte, a elevação, a inversão e a queda, com um efeito de esboroamento de fatias de solo denominadas de leivas.

‣ Ação que consiste em um corte, elevação e inversão de uma leiva de solo. A realização desse procedimento resulta em descompactação do solo, mistura de componentes minerais e orgânicos, controle de plantas daninhas por seu abafamento, incorporação de restos de culturas, adubos verdes, corretivos e fertilizantes aplicados previamente.

‣ Arados de discos: Os arados de discos são formados pelos discos, colunas e cubos; são acoplados ao trator agrícola por meio dos três pontos – Corte: 20-25 cm.

Os discos podem ter números e tamanhos diferentes. Sua principal função é promover o corte, a elevação e a mobilização da leiva.

A escolha correta consiste basicamente em avaliar o solo onde o equipamento irá trabalhar:

          Para solos mais arenosos são indicados os discos lisos,

          Para solos mais argilosos e com maiores quantidades de palhada são indicados discos com bordas recortadas, pois possibilitam maior penetração.

‣ Arados de aiveca: Os arados de aiveca apresentam uma superfície torcida que recebe o nome de “aiveca”. Essa superfície é responsável por cortar, elevar, torcer e inverter parcialmente a leiva cortada – Corte: 25 - 35 cm.

O arado de aiveca promove melhor incorporação dos restos culturais quando comparado com o de discos. Por isso, no caso de adubação de cobertura esse arado pode ser mais indicado, além disso, ele não precisa de peso como o de discos para a penetração no solo, uma vez que ela é dada pela conformação de suas partes ativas.

Ambos os arados podem ser fixos ou reversíveis. Os reversíveis podem movimentar o solo em ambas as direções, ou seja, para a direita ou esquerda, basta que o operador, ao manobrar o trator, coloque o implemento no sentido inverso, possibilitando melhores desempenhos operacionais nas manobras de cabeceira.

Diferença de Corte de Leiva Disco X Aiveca

Então, como podemos perceber, o arado tem um trabalho profundo e detalhado, porém incompleto, pois para o seu nivelamento uniforme é preciso usar a famosa grade. Costumo dizer que não existe arado sem grade, e é isso que o torna pouco escolhido por muitos produtores, por essa dependência de outro implemento/máquina. E você, usa o arado?