A produção de soja no Brasil será de 89,5 milhões de toneladas nesta temporada. É o que consta em relatório elaborado por representantes do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês) no Brasil. A informação é do Blog AgroSouth News.
O relatório é considerado extra-oficial pelo órgão do governo americano, mas é indicativo de um incremento na safra, cuja previsão anterior era de 89 milhões de toneladas. O novo relatório também projeta uma exportação brasileira de 40 milhões de toneladas de soja. A projeção foi feita com base na área plantada (AgroLink, 30/1/14)
Oferta elevada pressiona grãos em Chicago
A previsão de oferta abundante de trigo ao redor do mundo desferiu um duro golpe nos preços do cereal neste início de 2014. Os contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente, os de maior liquidez) da commodity, que caíram em nove dos 12 meses de 2013, iniciaram o novo ano também no vermelho e encerrarão janeiro na menor cotação média mensal desde junho de 2010 na bolsa de Chicago, a US$ 5,8116. Cálculos do Valor Data fechados ontem indicam baixa de 8,09% ante a média de dezembro. Na comparação com janeiro de 2013, o recuo chega a 25,21%.
No início do mês, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) surpreendeu o mercado ao elevar a projeção para os estoques americanos e globais de trigo ao fim da safra 2013/14, inflados por uma produção mundial mais robusta e pelo consumo nos EUA menor que o esperado anteriormente.
Conforme Glauco Monte, consultor da FCStone, a queda do milho - que concorre com o trigo no segmento de alimentação animal - ajudou a pressionar o cereal. "Até o ano passado, o trigo estava mais ou menos no mesmo preço que o milho. Agora, o milho está mais barato, o que faz a demanda para ração se voltar para esse produto", diz.
A tensão com o frio nos EUA chegou a dar suporte às cotações do trigo durante parte do mês, e ainda não está totalmente descartado que as temperaturas baixas possam trazer alguns danos às lavouras do cereal de inverno no país, que sairão da dormência em abril.
Das oito principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no exterior e referenciadas nas bolsas de Nova York (café, açúcar, cacau, suco de laranja e algodão) e Chicago (soja, milho e trigo), o trigo é o que registrou a maior baixa em janeiro, ante dezembro.
As preocupações com o clima nas regiões produtoras do Brasil também respingaram sobre a soja em Chicago, mas não o suficiente para evitar que a oleaginosa permanecesse em terreno negativo. Os preços da commodity, que haviam se recuperado em dezembro, registraram baixa de 3% em janeiro. Em relação ao mesmo mês de 2013, a queda é ainda mais expressiva, de 9,58%.
No fim de 2013, alguns Estados brasileiros sofreram com a estiagem, o que fez crescer os temores com possíveis quebras. "O fato é que, mesmo com a demanda aquecida, todo mundo vê boas chances de uma supersafra na América do Sul", disse Eduardo Rodriguez, corretor do Fintec Group, na Flórida.
Segundo ele, já há relatos de que a China teria cancelado compras dos EUA, em busca do produto da América do Sul, mais barato. Os analistas estão atentos aos relatórios de exportação americanos, que podem confirmar esses rumores nas próximas semanas.
Diferentemente do trigo, o milho foi favorecido por previsões "altistas" do USDA, e fecha janeiro com uma perda de 0,13%. O órgão reduziu a estimativa para a produção e os estoques americanos e globais do grão ao fim de 2013/14 - na contramão do esperado pelo mercado.
Apesar do recuo marginal em janeiro, em relação ao mesmo mês de 2013 o milho é o que mais rolou ladeira abaixo, dentre as oito commodities analisadas. A queda chega a 39,28%, reflexo da recomposição da oferta global, após uma sequência de quebras por problemas climáticos ao redor do mundo.
Não é surpresa que o açúcar demerara também tenha ampliado as perdas em Nova York. A commodity até esboçou reação em meados do ano passado, mas a previsão de um superávit de 4,7 milhões de toneladas em 2013/14 voltou a pesar. Em janeiro, a média mensal ficou em 15,60 centavos de dólar por libra-peso, a menor desde junho de 2010. A baixa é de 5,74% ante dezembro, e de 17,25% ante janeiro de 2013.
O cacau fecha o mês com perdas de 0,76%, ainda que acumule alta de 23,12% ante janeiro de 2013. Apesar da expectativa de um déficit de 70 mil toneladas da amêndoa no ciclo 2013/14, as entregas nos portos do oeste da África não diminuíram como o esperado neste início de ano.
Únicos no campo positivo este mês, café arábica, suco de laranja e algodão foram favorecidos pelas preocupações em relação à oferta. A grande disponibilidade de café arábica, que corroeu os preços do grão ao longo de 2013, cedeu lugar às especulações de que os produtores do Brasil teriam diminuído os tratos culturais, o que levaria a uma colheita mais tímida. Assim, em janeiro, o café avançou 5,68%.
A valorização do algodão também foi expressiva (4,08%) no mês, já que persistem as projeções de oferta apertada. Porém, a decisão da China de encerrar seu programa de estocagem deve reduzir os preços domésticos e a demanda por importações - o que pode voltar a pressionar a commodity.
O suco de laranja continua apoiado nos sucessivos cortes nas previsões para a safra dos EUA. Em meio à expectativa de que a Flórida (que detém o segundo maior pomar de citros do mundo) colha o menor volume em 24 anos, a bebida encerrou o mês 1,23% acima de dezembro e 25,31% à frente de janeiro de 2013 (Valor, 31/1/14)
Estrangeiras apostam em insumos no Brasil
O ano começou movimentado para o segmento de insumos agrícolas no Brasil. O Valor apurou que quatro empresas estrangeiras, duas delas chinesas, negociam a compra de duas empresas instaladas no Brasil. Uma joint venture formada por três empresas do segmento de insumos deve comprar o controle da paranaense Prentiss, que produz defensivos. Além disso, a alemã Bayer negocia a compra de participação na unidade brasileira da argentina Biagro, produtora de inoculantes.
Se confirmada, a compra pela Bayer da unidade brasileira da Biagro significará a segunda investida da alemã no mercado mundial de agrobiológicos. Em 2012, a alemã comprou, por US$ 425 milhões, a AgraQuest, uma empresa americana de produtos biológicos (com base em microorganismos naturais) para controle de pragas.
A empresa argentina entrou no Brasil há três anos e instalou uma fábrica em Cambé (PR) para produzir inoculantes - produtos feitos à base de micro-organismos utilizados para aumentar a fixação de nitrogênio por leguminosas.
Em ata publicada nesta semana no Diário Oficial de São Paulo, a Bayer informou que, em reunião no dia 13 de dezembro de 2013, seus acionistas aprovaram "por unanimidade" a autorização para a diretoria adotar as providências necessárias para a "aquisição de quotas da sociedade Biagro do Brasil Ltda".
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Bayer confirmou que as tratativas estão em andamento, mas não informou o percentual de participação na empresa que está em negociação. Procurada, a Biagro se limitou a dizer que as negociações estão sendo lideradas pela sede da empresa na Argentina, e que a unidade no Brasil não está envolvida nas tratativas.
Já a Prentiss, uma empresa familiar do Paraná, está em negociações avançadas para vender 70% do seu capital para uma joint venture formada por três estrangeiras, duas das quais indústrias chinesas de produtos técnicos concentrados para fabricação de defensivos, a Langfeng (Jiangsu Lanfeng Bio-chemical) e a Tide Group, que detêm juntas 90% da joint venture. A terceira companhia é a italiana Agroventure, também do mesmo segmento.
A expectativa é que a venda do controle da Prentiss seja concluída até o início de março próximo. Com sede em Curitiba, a empresa tem uma fábrica de defensivos em Campo Largo, no interior do Paraná, especialmente para as culturas do algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, citros, milho e soja. A unidade tem capacidade para produzir por ano 35 milhões de litros de herbicida, 15 milhões de litros de inseticidas e 15 milhões de litros de fungicidas.
A operação da Prentiss foi afetada pela oscilação do preço do produto técnico concentrado do glifosato na China, entre 2008 e 2009. Houve um "descasamento" entre o valor de importação do produto e de venda no mercado interno brasileiro, o que gerou à empresa um elevado endividamento, segundo fontes a par do assunto. Com pouco capital de giro, a operação da Prentiss foi reduzida de forma que seu faturamento, de US$ 21 milhões em 2010, caiu para US$ 5 milhões dois anos mais tarde.
A China é a maior fornecedora de produtos técnicos para fabricação de agrotóxicos no mundo e também a maior consumidora. A vantagem em comprar participação em companhias brasileiras é que, por tabela, essas empresas compram o registro de produtos e também ganham acesso ao mercado brasileiro, que representa 20% das vendas globais de defensivos, estimadas em US$ 51 bilhões em 2013, segundo o consultor da AllierBrasil, Flávio Hirata.
A primeira companhia chinesa a entrar no mercado brasileiro foi a gigante estatal de químicos, China National Chemical, mais conhecida como ChemChina. Em 2011, ela adquiriu o controle da Milenia, maior indústria de defensivos genéricos do Brasil, da israelense Makhteshim-Agan.
No mesmo ano, o grupo chinês Chongqing Huapont Pharm, listado na bolsa de Shenzen, comprou a participação de 7,5% na brasileira CCAB Agro, braço de insumos agrícolas da holding CCAB Participações, formada por 16 cooperativas de produtores rurais de diversos Estados. O negócio foi fechado por US$ 20 milhões (Valor, 31/1/14)
Grupo francês Kuhn adquire a Montana, do PR
O grupo francês Kuhn adquiriu a Montana Indústria de Máquinas, empresa brasileira de implementos agrícolas, com sede em São José dos Pinhais (PR), conforme antecipou ontem o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor. O valor do negócio não foi divulgado. O acordo final da transação deverá ser fechado em fevereiro, conforme Gilberto Zancopé, atual presidente e fundador da Montana.
Essa é a segunda aquisição da Kuhn no país. O grupo francês, um dos maiores fabricantes mundiais de implementos agrícolas, instalou-se no Brasil em 2005, quando adquiriu a empresa Metasa, em Passo Fundo (RS).
Com faturamento superior a €1 bilhão em 2013, o grupo tem atualmente nove unidades de produção na Europa, Estados Unidos e Brasil. Com a aquisição, terá mais duas unidades no país - uma em São José dos Pinhais (PR) e outra em Fraiburgo (SC) - e uma na Argentina, na província de Santa Fé.
A Montana iniciou em 1996 a produção de pulverizadores acoplados, segundo Zancopé. Depois passou a fabricar os pulverizadores autopropelidos (que não precisam ser acoplados a tratores) e hoje também produz colhedoras de algodão e de café. O faturamento bruto da empresa em 2013 foi de R$ 280 milhões.
Mário Wagner, diretor-geral da Kuhn Brasil, disse que a Montana tem produtos complementares e que a aquisição vai criar sinergia para distribuição dos produtos da Kuhn. A francesa produz equipamentos das linhas de plantio, pulverização e fertilização e importa implementos voltados à alimentação animal. "O grupo Kuhn demonstra claramente que está apostando muito no Brasil e quer ser um dos líderes do setor", afirmou Wagner.
Em comunicado, o diretor-presidente do grupo Kuhn, Michel Siebert, disse que "o portfólio de produtos autopropelidos da Montana fortalece ainda mais a posição da Kuhn, especialmente no importante setor de agricultura de grande escala comercial no Brasil".
Gilberto Zancopé será conselheiro na empresa e terá ações da Bucher Industries AG, holding suíça que controla o grupo Kuhn. Segundo ele, a aquisição trará capital à Montana e acesso a mercados. Hoje, a empresa exporta apenas para a América do Sul.
O setor de implementos agrícolas brasileiro registrou um faturamento nominal de R$ 13,105 bilhões no ano passado, considerando as empresas ligadas à Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) .
A produção de soja no Brasil será de 89,5 milhões de toneladas nesta temporada. É o que consta em relatório elaborado por representantes do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na sigla em inglês) no Brasil. A informação é do Blog AgroSouth News.
O relatório é considerado extra-oficial pelo órgão do governo americano, mas é indicativo de um incremento na safra, cuja previsão anterior era de 89 milhões de toneladas. O novo relatório também projeta uma exportação brasileira de 40 milhões de toneladas de soja. A projeção foi feita com base na área plantada (AgroLink, 30/1/14)
Oferta elevada pressiona grãos em Chicago
A previsão de oferta abundante de trigo ao redor do mundo desferiu um duro golpe nos preços do cereal neste início de 2014. Os contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente, os de maior liquidez) da commodity, que caíram em nove dos 12 meses de 2013, iniciaram o novo ano também no vermelho e encerrarão janeiro na menor cotação média mensal desde junho de 2010 na bolsa de Chicago, a US$ 5,8116. Cálculos do Valor Data fechados ontem indicam baixa de 8,09% ante a média de dezembro. Na comparação com janeiro de 2013, o recuo chega a 25,21%.
No início do mês, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) surpreendeu o mercado ao elevar a projeção para os estoques americanos e globais de trigo ao fim da safra 2013/14, inflados por uma produção mundial mais robusta e pelo consumo nos EUA menor que o esperado anteriormente.
Conforme Glauco Monte, consultor da FCStone, a queda do milho - que concorre com o trigo no segmento de alimentação animal - ajudou a pressionar o cereal. "Até o ano passado, o trigo estava mais ou menos no mesmo preço que o milho. Agora, o milho está mais barato, o que faz a demanda para ração se voltar para esse produto", diz.
A tensão com o frio nos EUA chegou a dar suporte às cotações do trigo durante parte do mês, e ainda não está totalmente descartado que as temperaturas baixas possam trazer alguns danos às lavouras do cereal de inverno no país, que sairão da dormência em abril.
Das oito principais commodities agrícolas negociadas pelo Brasil no exterior e referenciadas nas bolsas de Nova York (café, açúcar, cacau, suco de laranja e algodão) e Chicago (soja, milho e trigo), o trigo é o que registrou a maior baixa em janeiro, ante dezembro.
As preocupações com o clima nas regiões produtoras do Brasil também respingaram sobre a soja em Chicago, mas não o suficiente para evitar que a oleaginosa permanecesse em terreno negativo. Os preços da commodity, que haviam se recuperado em dezembro, registraram baixa de 3% em janeiro. Em relação ao mesmo mês de 2013, a queda é ainda mais expressiva, de 9,58%.
No fim de 2013, alguns Estados brasileiros sofreram com a estiagem, o que fez crescer os temores com possíveis quebras. "O fato é que, mesmo com a demanda aquecida, todo mundo vê boas chances de uma supersafra na América do Sul", disse Eduardo Rodriguez, corretor do Fintec Group, na Flórida.
Segundo ele, já há relatos de que a China teria cancelado compras dos EUA, em busca do produto da América do Sul, mais barato. Os analistas estão atentos aos relatórios de exportação americanos, que podem confirmar esses rumores nas próximas semanas.
Diferentemente do trigo, o milho foi favorecido por previsões "altistas" do USDA, e fecha janeiro com uma perda de 0,13%. O órgão reduziu a estimativa para a produção e os estoques americanos e globais do grão ao fim de 2013/14 - na contramão do esperado pelo mercado.
Apesar do recuo marginal em janeiro, em relação ao mesmo mês de 2013 o milho é o que mais rolou ladeira abaixo, dentre as oito commodities analisadas. A queda chega a 39,28%, reflexo da recomposição da oferta global, após uma sequência de quebras por problemas climáticos ao redor do mundo.
Não é surpresa que o açúcar demerara também tenha ampliado as perdas em Nova York. A commodity até esboçou reação em meados do ano passado, mas a previsão de um superávit de 4,7 milhões de toneladas em 2013/14 voltou a pesar. Em janeiro, a média mensal ficou em 15,60 centavos de dólar por libra-peso, a menor desde junho de 2010. A baixa é de 5,74% ante dezembro, e de 17,25% ante janeiro de 2013.
O cacau fecha o mês com perdas de 0,76%, ainda que acumule alta de 23,12% ante janeiro de 2013. Apesar da expectativa de um déficit de 70 mil toneladas da amêndoa no ciclo 2013/14, as entregas nos portos do oeste da África não diminuíram como o esperado neste início de ano.
Únicos no campo positivo este mês, café arábica, suco de laranja e algodão foram favorecidos pelas preocupações em relação à oferta. A grande disponibilidade de café arábica, que corroeu os preços do grão ao longo de 2013, cedeu lugar às especulações de que os produtores do Brasil teriam diminuído os tratos culturais, o que levaria a uma colheita mais tímida. Assim, em janeiro, o café avançou 5,68%.
A valorização do algodão também foi expressiva (4,08%) no mês, já que persistem as projeções de oferta apertada. Porém, a decisão da China de encerrar seu programa de estocagem deve reduzir os preços domésticos e a demanda por importações - o que pode voltar a pressionar a commodity.
O suco de laranja continua apoiado nos sucessivos cortes nas previsões para a safra dos EUA. Em meio à expectativa de que a Flórida (que detém o segundo maior pomar de citros do mundo) colha o menor volume em 24 anos, a bebida encerrou o mês 1,23% acima de dezembro e 25,31% à frente de janeiro de 2013 (Valor, 31/1/14)
Estrangeiras apostam em insumos no Brasil
O ano começou movimentado para o segmento de insumos agrícolas no Brasil. O Valor apurou que quatro empresas estrangeiras, duas delas chinesas, negociam a compra de duas empresas instaladas no Brasil. Uma joint venture formada por três empresas do segmento de insumos deve comprar o controle da paranaense Prentiss, que produz defensivos. Além disso, a alemã Bayer negocia a compra de participação na unidade brasileira da argentina Biagro, produtora de inoculantes.
Se confirmada, a compra pela Bayer da unidade brasileira da Biagro significará a segunda investida da alemã no mercado mundial de agrobiológicos. Em 2012, a alemã comprou, por US$ 425 milhões, a AgraQuest, uma empresa americana de produtos biológicos (com base em microorganismos naturais) para controle de pragas.
A empresa argentina entrou no Brasil há três anos e instalou uma fábrica em Cambé (PR) para produzir inoculantes - produtos feitos à base de micro-organismos utilizados para aumentar a fixação de nitrogênio por leguminosas.
Em ata publicada nesta semana no Diário Oficial de São Paulo, a Bayer informou que, em reunião no dia 13 de dezembro de 2013, seus acionistas aprovaram "por unanimidade" a autorização para a diretoria adotar as providências necessárias para a "aquisição de quotas da sociedade Biagro do Brasil Ltda".
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Bayer confirmou que as tratativas estão em andamento, mas não informou o percentual de participação na empresa que está em negociação. Procurada, a Biagro se limitou a dizer que as negociações estão sendo lideradas pela sede da empresa na Argentina, e que a unidade no Brasil não está envolvida nas tratativas.
Já a Prentiss, uma empresa familiar do Paraná, está em negociações avançadas para vender 70% do seu capital para uma joint venture formada por três estrangeiras, duas das quais indústrias chinesas de produtos técnicos concentrados para fabricação de defensivos, a Langfeng (Jiangsu Lanfeng Bio-chemical) e a Tide Group, que detêm juntas 90% da joint venture. A terceira companhia é a italiana Agroventure, também do mesmo segmento.
A expectativa é que a venda do controle da Prentiss seja concluída até o início de março próximo. Com sede em Curitiba, a empresa tem uma fábrica de defensivos em Campo Largo, no interior do Paraná, especialmente para as culturas do algodão, arroz, café, cana-de-açúcar, citros, milho e soja. A unidade tem capacidade para produzir por ano 35 milhões de litros de herbicida, 15 milhões de litros de inseticidas e 15 milhões de litros de fungicidas.
A operação da Prentiss foi afetada pela oscilação do preço do produto técnico concentrado do glifosato na China, entre 2008 e 2009. Houve um "descasamento" entre o valor de importação do produto e de venda no mercado interno brasileiro, o que gerou à empresa um elevado endividamento, segundo fontes a par do assunto. Com pouco capital de giro, a operação da Prentiss foi reduzida de forma que seu faturamento, de US$ 21 milhões em 2010, caiu para US$ 5 milhões dois anos mais tarde.
A China é a maior fornecedora de produtos técnicos para fabricação de agrotóxicos no mundo e também a maior consumidora. A vantagem em comprar participação em companhias brasileiras é que, por tabela, essas empresas compram o registro de produtos e também ganham acesso ao mercado brasileiro, que representa 20% das vendas globais de defensivos, estimadas em US$ 51 bilhões em 2013, segundo o consultor da AllierBrasil, Flávio Hirata.
A primeira companhia chinesa a entrar no mercado brasileiro foi a gigante estatal de químicos, China National Chemical, mais conhecida como ChemChina. Em 2011, ela adquiriu o controle da Milenia, maior indústria de defensivos genéricos do Brasil, da israelense Makhteshim-Agan.
No mesmo ano, o grupo chinês Chongqing Huapont Pharm, listado na bolsa de Shenzen, comprou a participação de 7,5% na brasileira CCAB Agro, braço de insumos agrícolas da holding CCAB Participações, formada por 16 cooperativas de produtores rurais de diversos Estados. O negócio foi fechado por US$ 20 milhões (Valor, 31/1/14)
Grupo francês Kuhn adquire a Montana, do PR
O grupo francês Kuhn adquiriu a Montana Indústria de Máquinas, empresa brasileira de implementos agrícolas, com sede em São José dos Pinhais (PR), conforme antecipou ontem o Valor PRO, serviço em tempo real do Valor. O valor do negócio não foi divulgado. O acordo final da transação deverá ser fechado em fevereiro, conforme Gilberto Zancopé, atual presidente e fundador da Montana.
Essa é a segunda aquisição da Kuhn no país. O grupo francês, um dos maiores fabricantes mundiais de implementos agrícolas, instalou-se no Brasil em 2005, quando adquiriu a empresa Metasa, em Passo Fundo (RS).
Com faturamento superior a €1 bilhão em 2013, o grupo tem atualmente nove unidades de produção na Europa, Estados Unidos e Brasil. Com a aquisição, terá mais duas unidades no país - uma em São José dos Pinhais (PR) e outra em Fraiburgo (SC) - e uma na Argentina, na província de Santa Fé.
A Montana iniciou em 1996 a produção de pulverizadores acoplados, segundo Zancopé. Depois passou a fabricar os pulverizadores autopropelidos (que não precisam ser acoplados a tratores) e hoje também produz colhedoras de algodão e de café. O faturamento bruto da empresa em 2013 foi de R$ 280 milhões.
Mário Wagner, diretor-geral da Kuhn Brasil, disse que a Montana tem produtos complementares e que a aquisição vai criar sinergia para distribuição dos produtos da Kuhn. A francesa produz equipamentos das linhas de plantio, pulverização e fertilização e importa implementos voltados à alimentação animal. "O grupo Kuhn demonstra claramente que está apostando muito no Brasil e quer ser um dos líderes do setor", afirmou Wagner.
Em comunicado, o diretor-presidente do grupo Kuhn, Michel Siebert, disse que "o portfólio de produtos autopropelidos da Montana fortalece ainda mais a posição da Kuhn, especialmente no importante setor de agricultura de grande escala comercial no Brasil".
Gilberto Zancopé será conselheiro na empresa e terá ações da Bucher Industries AG, holding suíça que controla o grupo Kuhn. Segundo ele, a aquisição trará capital à Montana e acesso a mercados. Hoje, a empresa exporta apenas para a América do Sul.
O setor de implementos agrícolas brasileiro registrou um faturamento nominal de R$ 13,105 bilhões no ano passado, considerando as empresas ligadas à Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) .