Produção de cana em Araçatuba, SP, será maior, mas perderá na qualidade

10/09/2012 Cana-de-Açúcar POR: Portal G1
A produção de cana-de-açúcar na região de Araçatuba (SP) deve superar a safra do ano passado. Mesmo assim, muitos produtores estão preocupados, já que a chuva atrapalhou o desenvolvimento e qualidade da planta.
Na última safra, o produtor Antônio Fernando Costa Girardi investiu no plantio de 630 hectares de cana. Neste ano, ele aumentou a área cultivada. Hoje, os três mil hectare se dividem em plantas novas e as já em desenvolvimento. "Nós tivemos quedas significativas, em torno de 20 a 28%, então estamos tentando recuperar a produção, mas está difícil", afirma.
E o caso de Antônio não é isolado. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, a previsão de colheita de cana para 2012 é de 600 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 30 milhões a mais em comparação com 2011. Só na região de Araçatuba, os números devem ficar entre 20 e 22 milhões.
Mas apesar do aumento da área plantada e da expectativa de crescimento na colheita, os números da produção de etanol e de açúcar devem ser menores do que na safra passada. Isso porque o ATR, que mede o índice de açúcar da planta, foi prejudicado pela chuva que caiu na região em abril, maio e junho.
Choveu muito nesse período e a concentração de sacarose é determinante para maior ou menor produção de açúcar e álcool. Durante a fase de desenvolvimento, a planta precisa de um período de estiagem para que os nutrientes se acumulem. Como isso não aconteceu, na hora certa a safra deste ano ganha em quantidade, mas perde em qualidade. "O efeito prático no volume de produção do ano/safra é praticamente neutro. Então aumenta o volume, mas cai a qualidade da cana e a produção de açúcar e álcool não tem grandes alterações em relação a estimativa inicial desta safra 2012 e 2013", explica Celso Junqueira, presidente da UDOP, a União dos Produtores de Bioenergia.
Em uma usina de Araçatuba, os efeitos da queda no nível de sacarose não serão sentidos com tanta intensidade porque o volume de cana processada deve atingir sete milhões de toneladas, quase um milhão a mais do que no ano passado. "Nós vamos produzir mais, tanto o etanol quanto açúcar, em função de termos a quantidade maior de cana. Mas usinas com a mesma quantidade, a tendência é ter produção menor", diz o diretor executivo José Antônio Basseto.
Na visão do diretor executivo, os valores de negociações também provocam outras mudanças importantes no setor. Hoje, é muito mais rentável produzir açúcar do que etanol. Com isso, para a UDOP, as dificuldades na produção devem trazer problemas como a falta de combustível, já que safra de 2012 pode não suprir a demanda.