Produção de cana melhora, mas chega ao limite

18/12/2013 Cana-de-Açúcar POR: Folha de S.Paulo
Após patinar nos últimos anos, o setor sucroenergético reagiu nesta safra 2013/14. As estimativas mais recentes indicam moagem de cana de 590 milhões de toneladas, 60 milhões mais do que em 2012.
A oferta de etanol também cresce e vai para 25,2 bilhões de litros, 3,8 bilhões mais do que na safra 2012/13.
Os números salvaram a Petrobras e aliviaram o bolso do consumidor. A oferta maior de álcool fará com que a Petrobras importe 3,5 bilhões de litros a menos de gasolina.
Sem o etanol, as importações atingiriam 7,4 bilhões de litros para cobrir o crescimento da demanda.
Além disso, a maior oferta de etanol deu um ganho de 10% na capacidade de refino da empresa.
Do lado do consumidor, a maior oferta de álcool permitiu uma redução da paridade do valor do etanol em relação ao da gasolina.
O custo do derivado de cana recuou para 67% do de petróleo na cidade de São Paulo, aponta pesquisa da Folha.
Apesar da recuperação, o cenário não é bom. Vai demorar para o setor repetir uma boa evolução como a deste ano, tanto na moagem como na produção de etanol, segundo avaliação de Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
A oferta de cana e a capacidade de moagem das usinas ficam estáveis na próxima safra. Além disso, nove usinas poderão deixar de funcionar em 2014 e apenas uma entrará em operação.
Antes da crise financeira de 2008, o endividamento líquido das empresas representava 30% do faturamento líquido. Neste ano, está em 105%.
Pelo menos 13% das receitas das usinas estão comprometidas com o pagamento de juros da dívida neste ano, um percentual bem superior aos 3% de antes de 2008.
Mas as preocupações também estão no mercado externo. A demanda mundial cresce, mas o papel do etanol está mudando, diz Elizabeth Farina, presidente da Unica.
Crise econômica e uma certa perda de entusiasmo com o etanol como energia limpa trazem novas discussões em mercados como o da Europa e o dos Estados Unidos.
Esses elementos mudam as perspectivas, mas o produto ainda não perdeu o potencial de crescimento, tomando em consideração os planos dos governo, diz Elizabeth.