Representantes do setor sucroalcooleiro pediram nesta terça-feira medidas governamentais para enfrentar o endividamento e a queda nos ganhos e na produtividade do plantio de cana-de-açúcar nos últimos anos. Segundo a Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana) e a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), tem havido fechamento de usinas e demissão de trabalhadores no interior do país. O assunto foi tratado em audiência pública na Câmara dos Deputados.
"Há uma perda da capacidade de 46 milhões de toneladas [de cana-de-açúcar] e uma quantidade enorme de desemprego. Um sexto das unidades produtoras em operação têm endividamento superior a R$ 100 por tonelada. Se o cenário não for invertido, haverá perda da capacidade produtiva equivalente a 100 milhões de toneladas nos próximos anos", disse Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da Unica.
A entidade estima que ao final da safra 2012/2013, o endividamento dos plantadores atingirá R$ 56 bilhões. Ainda de acordo com a Unica, pelo menos dez indústrias deixarão de processar a cana em 2013, 43 usinas foram desativadas nos últimos cinco anos e 60 de 330 devem fechar ou mudar de dono nos próximos anos.
Rodrigues defendeu um plano de longo prazo a fim de captar investimentos para o setor sucroalcooleiro e aumentar a oferta de cana-de-açúcar, garantindo uma matriz energética menos poluente do que o petróleo e sem necessidade de importação.
Para ele, políticas pontuais, como a anunciada desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre o combustível e os financiamentos do Programa de Apoio à Renovação e Implantação de Novos Canaviais (Prorenova) via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), ajudam - mas não são suficientes.
"Vai melhorar no curto prazo, mas não garante o investimento. Precisa existir regra, trazer segurança aos investidores a exemplo do que está acontecendo com a infraestrutura", disse.
O presidente da Orplana, Ismael Perina Júnior, disse que os produtores esperavam preços melhores do açúcar no mercado interno em 2013. "Como não se concretizou, de novo, vamos trabalhar com prejuízo", declarou. Júnior disse ainda que a obrigatoriedade do corte sem queima em São Paulo exigiu a implantação da colheita mecânica e elevou o custo da produção. "Na parte de comercialização, o transporte, os portos, também estão encarecendo o custo".
O diretor do Departamento de Cana de Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cid Caldas, que participou da audiência pública representando o governo, reconheceu que fatores como a crise financeira de 2008, excesso de chuvas na safra 2009-2010 e seca em 2011 fragilizaram o setor nos últimos anos.
"O BNDES está à disposição. De 2007 para cá, o investimento [no setor] passou de R$ 1,9 bilhão para R$ 2,8 bilhões. O governo viu que havia necessidade de aporte de recursos para melhoria no canavial", disse. Segundo Caldas, o setor representa 19% de todas as transações do agronegócio. Em 2002, representava 16%.
Mariana Branco
Representantes do setor sucroalcooleiro pediram nesta terça-feira medidas governamentais para enfrentar o endividamento e a queda nos ganhos e na produtividade do plantio de cana-de-açúcar nos últimos anos. Segundo a Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana) e a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), tem havido fechamento de usinas e demissão de trabalhadores no interior do país. O assunto foi tratado em audiência pública na Câmara dos Deputados.
"Há uma perda da capacidade de 46 milhões de toneladas [de cana-de-açúcar] e uma quantidade enorme de desemprego. Um sexto das unidades produtoras em operação têm endividamento superior a R$ 100 por tonelada. Se o cenário não for invertido, haverá perda da capacidade produtiva equivalente a 100 milhões de toneladas nos próximos anos", disse Antônio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da Unica.
A entidade estima que ao final da safra 2012/2013, o endividamento dos plantadores atingirá R$ 56 bilhões. Ainda de acordo com a Unica, pelo menos dez indústrias deixarão de processar a cana em 2013, 43 usinas foram desativadas nos últimos cinco anos e 60 de 330 devem fechar ou mudar de dono nos próximos anos.
Rodrigues defendeu um plano de longo prazo a fim de captar investimentos para o setor sucroalcooleiro e aumentar a oferta de cana-de-açúcar, garantindo uma matriz energética menos poluente do que o petróleo e sem necessidade de importação.
Para ele, políticas pontuais, como a anunciada desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre o combustível e os financiamentos do Programa de Apoio à Renovação e Implantação de Novos Canaviais (Prorenova) via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), ajudam - mas não são suficientes.
"Vai melhorar no curto prazo, mas não garante o investimento. Precisa existir regra, trazer segurança aos investidores a exemplo do que está acontecendo com a infraestrutura", disse.
O presidente da Orplana, Ismael Perina Júnior, disse que os produtores esperavam preços melhores do açúcar no mercado interno em 2013. "Como não se concretizou, de novo, vamos trabalhar com prejuízo", declarou. Júnior disse ainda que a obrigatoriedade do corte sem queima em São Paulo exigiu a implantação da colheita mecânica e elevou o custo da produção. "Na parte de comercialização, o transporte, os portos, também estão encarecendo o custo".
O diretor do Departamento de Cana de Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cid Caldas, que participou da audiência pública representando o governo, reconheceu que fatores como a crise financeira de 2008, excesso de chuvas na safra 2009-2010 e seca em 2011 fragilizaram o setor nos últimos anos.
"O BNDES está à disposição. De 2007 para cá, o investimento [no setor] passou de R$ 1,9 bilhão para R$ 2,8 bilhões. O governo viu que havia necessidade de aporte de recursos para melhoria no canavial", disse. Segundo Caldas, o setor representa 19% de todas as transações do agronegócio. Em 2002, representava 16%.
Mariana Branco