PRODUTORES DE MILHO DOS EUA SE SURPREENDEM COM ATITUDES DIFERENTES DO SETOR AUTOMOTIVO SOBRE ETANOL

14/03/2014 Etanol POR: UNICA
A posição dominante da tecnologia Flex no mercado automotivo brasileiro, bem como a adaptação das montadoras automobilísticas à mistura de 25% de etanol na gasolina, foram alvos da curiosidade de executivos de associações de produtores de milho de três estados americanos, em visita à sede da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) em São Paulo na segunda-feira (10/03). Os visitantes, dos estados de Nebraska, Iowa e Ohio, mostraram grande curiosidade com a postura das montadoras para o mercado americano, diferente do que se observa em relação ao mercado brasileiro.
 
A principal dúvida envolveu a dificuldade que vem sendo encontrada nos EUA para aumentar da mistura de etanol na gasolina, dos atuais 10% para 15%. A maioria das montadoras estabelecidas nos EUA se posiciona contra a mudança, alegando que poderão ocorrer problemas com os motores, especialmente os mais antigos. A Agência de Proteção Ambiental americana (Environmental Protection Agency – EPA) já aprovou a mistura de 15% para veículos produzidos a partir de 2001, mas é muito raro encontrar essa mistura nos postos do país.
 
“Por quê a mistura de 25% funciona aqui, enquanto nos Estados Unidos nos dizem que os motores serão danificados com 15%? Em vários casos, estamos falando dos mesmos veículos, vendidos no Brasil e nos Estados Unidos,” disse a diretora de Desenvolvimento de Biocombustíveis do Nebraska Corn Board, Kim Clark. A maioria dos visitantes citou pressões da indústria do petróleo como o provável motivo para a resistência no mercado americano.
 
“Descrevemos para eles a experiência brasileira de décadas com o uso do etanol na gasolina e a ausência dos problemas apontados nos EUA. No Brasil, não há registro de dificuldades ligadas à presença de etanol na gasolina, como se alega no mercado americano,” disse o diretor de Comunicação Corporativa da UNICA, Adhemar Altieri, que recebeu a delegação.
 
O número limitado de postos que oferecem etanol nos EUA e as dificuldades que isso cria para a expansão do consumo do combustível e da frota Flex também foram focos da visita. De acordo com os produtores americanos, apesar da vanguarda na adoção do uso do biocombustível no País, ainda existem consumidores que adquirem veículos Flex mas só utilizam gasolina, devido à dificuldade para encontrar o E85, mistura de 85% de etanol e 15% de gasolina comercializada nos EUA.
 
Para o executivo da Associação dos Produtores de Milho do Estado de Iowa, Roger Zlystra, Brasil e Estados Unidos devem trabalhar juntos na busca por novos mercados de atuação, como o asiático, particularmente o chinês. “A China necessita de opções energéticas menos poluentes, e o etanol pode ser uma solução importante no setor de transportes,” explicou.
 
Ele destacou ainda a importância de promover a produção de etanol em mais países, para que o produto se torne uma commodity global. “Brasil e Estados Unidos são os maiores produtores e consumidores de etanol no mundo e devem liderar o esforço para expandir esse quadro,” afirmou.
 
Durante a permanência no Brasil, os americanos também visitaram as unidades industriais Zilor – Barra Grande, situada em Lençóis Paulista (SP) e Santa Adélia, em Jaboticabal (SP), ambas associadas à UNICA. O grupo também conheceu o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), em Piracicaba (SP) e esteve com representantes de diversos órgãos em Brasília, entre eles o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).