O programa de apoio ao setor sucroalcooleiro foi comemorado no período de divulgação do Plano Agrícola e Pecuário da safra 2015/16.
Ele prometia R$ 2 bilhões para armazenamento de etanol, não impunha limite para a tomada dos recursos e estipulava TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) mais 2,5%.
Exatos três meses depois, o setor viu que as coisas não são bem assim. O volume financeiro permanece em R$ 2 bilhões, mas há um limite máximo por tomador de R$ 500 milhões -ou até 20% da receita operacional bruta. O mínimo é de R$ 10 milhões. O problema está no pacote financeiro. Diante das restrições da política econômica, o BNDES não tem como bancar volume como esse.
A solução foi manter o volume financeiro, mas alterar substancialmente as taxas de financiamento. A empresa que tomar o recurso pagará 25% do valor em TJLP, mas os outros 75% serão a juros de mercado.
Nesse pacote é preciso incluir, ainda, os custos financeiros do BNDES de 1,775% ao ano e os dos agentes financeiros. "O setor ficou frustrado", diz Antonio Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
A expectativa era boa após a divulgação do programa no plano agrícola e se esperavam condições mais favoráveis, diz o diretor da Unica. Dentro do novo cenário de custos, essa política pública não vai trazer o efeito que poderia ter sobre o armazenamento de etanol, diz Padua. O etanol a ser armazenado é para a utilização na entressafra, que começa a partir de dezembro e se intensifica nos primeiros meses do ano.
Nas novas condições do BNDES, o custo do dinheiro vai ser de 105% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), afirma Pádua. A taxa não tem nenhuma atratividade para as usinas. Muitas, aliás, têm fôlego para negociar condições até melhores do que essa e vão buscar alternativas fora da burocracia do BNDES. Outras, no entanto, podem não ter as garantias exigidas pelo mercado financeiro, diante da crise que o setor tem vivido nos últimos anos.
Com taxa de 25% baseada na TJLP e o restante na do mercado, o custo médio do dinheiro será de 14% a 15%. Essa taxa faz as usinas avaliarem o risco de tomar empréstimo e de carregar os estoques de etanol até a entressafra.
SAFRA LONGA
O problema é que essa será uma safra longa e a próxima vai começar mais cedo. Ou seja, como estarão os preços na próxima entressafra? As empresas dificilmente vão correr o risco de segurar estoques com essa taxa de juros, afirma Pádua. Diante das dificuldades de armazenamento, uma das opções para as empresas é vender agora a produção. A demanda está aquecida, e os preços são favoráveis aos consumidores. O problema, diz Pádua, é que as empresas operam no prejuízo.
O litro do etanol a R$ 1,20 nas usinas gera uma receita de R$ 96 por tonelada de cana. As empresas necessitam de R$ 120 por tonelada. Preços a R$ 1,40 por litro gerariam receitas de R$ 112 por tonelada, facilitando a vida das usinas e ainda mantendo uma paridade do etanol, em relação à gasolina, inferior a 70%.
Acima desse percentual, a utilização da gasolina é mais favorável para o consumidor.
A queima da produção de etanol em ritmo acelerado como vem ocorrendo -cerca de 1,5 bilhão de litros por mês- e a dificuldade de estocagem pelas usinas farão com que o ajuste de preços da próxima entressafra seja em condições mais abruptas, de acordo com Pádua.
O programa de apoio ao setor sucroalcooleiro foi comemorado no período de divulgação do Plano Agrícola e Pecuário da safra 2015/16. Ele prometia R$ 2 bilhões para armazenamento de etanol, não impunha limite para a tomada dos recursos e estipulava TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) mais 2,5%.
Exatos três meses depois, o setor viu que as coisas não são bem assim. O volume financeiro permanece em R$ 2 bilhões, mas há um limite máximo por tomador de R$ 500 milhões -ou até 20% da receita operacional bruta. O mínimo é de R$ 10 milhões. O problema está no pacote financeiro. Diante das restrições da política econômica, o BNDES não tem como bancar volume como esse.
A solução foi manter o volume financeiro, mas alterar substancialmente as taxas de financiamento. A empresa que tomar o recurso pagará 25% do valor em TJLP, mas os outros 75% serão a juros de mercado. Nesse pacote é preciso incluir, ainda, os custos financeiros do BNDES de 1,775% ao ano e os dos agentes financeiros. "O setor ficou frustrado", diz Antonio Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
A expectativa era boa após a divulgação do programa no plano agrícola e se esperavam condições mais favoráveis, diz o diretor da Unica. Dentro do novo cenário de custos, essa política pública não vai trazer o efeito que poderia ter sobre o armazenamento de etanol, diz Padua. O etanol a ser armazenado é para a utilização na entressafra, que começa a partir de dezembro e se intensifica nos primeiros meses do ano.
Nas novas condições do BNDES, o custo do dinheiro vai ser de 105% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), afirma Pádua. A taxa não tem nenhuma atratividade para as usinas. Muitas, aliás, têm fôlego para negociar condições até melhores do que essa e vão buscar alternativas fora da burocracia do BNDES. Outras, no entanto, podem não ter as garantias exigidas pelo mercado financeiro, diante da crise que o setor tem vivido nos últimos anos.
Com taxa de 25% baseada na TJLP e o restante na do mercado, o custo médio do dinheiro será de 14% a 15%. Essa taxa faz as usinas avaliarem o risco de tomar empréstimo e de carregar os estoques de etanol até a entressafra.
SAFRA LONGA
O problema é que essa será uma safra longa e a próxima vai começar mais cedo. Ou seja, como estarão os preços na próxima entressafra? As empresas dificilmente vão correr o risco de segurar estoques com essa taxa de juros, afirma Pádua. Diante das dificuldades de armazenamento, uma das opções para as empresas é vender agora a produção. A demanda está aquecida, e os preços são favoráveis aos consumidores. O problema, diz Pádua, é que as empresas operam no prejuízo.
O litro do etanol a R$ 1,20 nas usinas gera uma receita de R$ 96 por tonelada de cana. As empresas necessitam de R$ 120 por tonelada. Preços a R$ 1,40 por litro gerariam receitas de R$ 112 por tonelada, facilitando a vida das usinas e ainda mantendo uma paridade do etanol, em relação à gasolina, inferior a 70%. Acima desse percentual, a utilização da gasolina é mais favorável para o consumidor.
A queima da produção de etanol em ritmo acelerado como vem ocorrendo -cerca de 1,5 bilhão de litros por mês- e a dificuldade de estocagem pelas usinas farão com que o ajuste de preços da próxima entressafra seja em condições mais abruptas, de acordo com Pádua.