Projeções para 2018

15/02/2018 Geral POR: Revista Canavieiros
Por: Diana Nascimento

Em 2017 tivemos uma safra recorde e a agricultura ajudou substancialmente no crescimento da economia do Brasil.

O trabalho da equipe econômica do Governo, capitaneado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também foi notável: não só o PIB foi favorável, mas a queda da inflação também e há anos o Brasil não conseguia entregar os índices de inflação dentro da meta. A redução da taxa Selic e o câmbio praticamente estável também foram ótimos coadjuvantes para o processo de retomada de nossa economia, ainda que a passos lentos.

Outros pontos positivos foram o aumento das vendas no varejo - puxado pelo crescimento da massa salarial - e o mercado de trabalho, que embora ainda apresente um índice preocupante, teve um pequeno decréscimo.

Apesar das principais estatísticas econômicas terem fechado no azul no ano que se encerrou, a questão fiscal deixou a desejar, pois a dívida bruta do Governo cresceu. E é justamente esse ponto que falta para completar o ajuste e a nova trajetória de crescimento sustentável tão esperada pelos brasileiros.
Fechado o ciclo 2017, começamos 2018 com um alerta: recentemente, a agência internacional de risco Standard &Poor's reduziu a nota de crédito soberano no Brasil de "BB" para "BB-".

O fato não foi surpresa diante das dificuldades do Governo para conseguir a aprovação da reforma da Previdência e de medidas fiscais que deem equilíbrio às contas públicas.Resumindo, a nota significa que o rating do país segue sem o selo de bom pagador e está três degraus abaixo do grau de investimento.

O curioso é que a nota foi dada após um ano melhor para a economia do Brasil, comparada ao ano de 2016 (como já mencionado) e a impressão sentida por muitos é a de que depois de um sopro de esperança, poderemos levar outro balde de água fria.

Além disso, o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, cita algumas situações que devem ser enfrentadas este ano: a batalha da reforma da Previdência (novamente), o resultado das eleições presidenciais e o setor agropecuário - um dos grandes protagonistas de nossa economia em 2017 -  que não deve contribuir da mesma forma para o crescimento econômico.

Com esse cenário, a pergunta instigante do momento é: será que tudo isso, junto e misturado, poderá impedir que 2018 seja um ano bom para a evolução da economia brasileira?

Segundo Rabi, as demais agências de classificação de risco também devem seguir o rastro e reduzir a nota do Brasil. Todavia, isso não deve afetar muito a nossa economia. "A nossa avaliação é que não deve mudar a tendência de recuperação da economia. Os fundamentos estarão atuantes em 2018", afirma.

Ele analisa que o consumo está em alta e, ao que tudo indica, não sofrerá abalo em 2018 devido à queda da inflação e a renda e emprego estarem aquecidos. Para ele, os índices de inflação ficarão entre 4% e 4,5%, o que permite que a taxa de juros fique estável, além de tranquilidade para o bolso do consumidor.

Por falar nele, o índice de confiança do consumidor também está em alta, o que estimula a busca por crédito no mercado.

Já o índice de inadimplência caiu para 40% e está longe do pico atingido no mês de maio de 2017. "Isso ajuda os bancos a abrirem a torneira do crédito para as pessoas físicas", explica Rabi.

Reformas da Previdência e Trabalhista
De acordo com o economista, o rebaixamento da agência internacional de risco tem a ver com o investimento. "O que está ligado ao consumo e às exportações andarão bem em 2018, são esses pontos que conduzirão a economia neste ano", salienta.

Como estamos em um ano eleitoral, a questão fiscal pode ficar como herança para o próximo presidente eleito, assim como a reforma da Previdência.
Rabi observa que se a reforma não for realizada, será difícil a dívida

pública entrar nos trilhos e sair de sua trajetória explosiva. "É importante sinalizarmos para os agentes e investidores econômicos que a trajetória de equilíbrio irá acontecer. Se não tivermos uma situação fiscal equilibrada, teremos calote ou hiperinflação (de 15% a 20%, o que corroerá a aposentadoria e o salário mínimo)", atenta.

Em relação ao emprego, o economista ressalta que o resultado da pior crise vivida pelo Brasil foi a alta taxa de desemprego. O índice dito como normal é entre 4% a 5%, e não 14% como chegamos em março de 2017. "Até o mês de novembro, a taxa caiu dois pontos percentuais. A situação está melhorando, mas levará entre três a quatro anos para voltarmos ao índice anterior à crise. Pelo menos a direção está correta", disse.

Sobre a flexibilização das leis do trabalho, Rabi pontua que isso faz com as empresas contratem mais rapidamente. "Não estamos perdendo empregos. A reforma torna o emprego mais aderente ao ciclo da economia", finaliza.