Queda de 50% em reaplicações

23/05/2019 Agronegócio POR: Revista Canavieiros
Por: Marino Guerra
 
No mês de março,a Bayer fez o lançamento do Provence Total, mistura dos ingredientes ativos do Provence (isoxaflutole) e Alion (indaziflam), cujo objetivo principal é aumentar a meia vida do herbicida no combate a plantas invasoras de folha estreita e às principais gramíneas de folha larga.
 
Outra novidade do produto é a facilidade de aplicação proporcionada, pois em sua formulação (suspensão concentrada) há a padronização e redução no tamanho das células. Comparada com uma mistura de tanque, a nova fórmulapossui melhor distribuição do produto,fazendo com que os ingredientes ativos atinjam o alvo de maneira homogênea.
 
Para somar às vantagens da mistura industrial, existe a questão do adjuvante. A Bayer argumenta que escolheu aquele que melhor se casa no sentido de estabilização da fórmula, reduzindo injúrias e, com isso,a queda no efeito, caso a escolha do adjuvante em uma mistura seja por um produto que crie incompatibilidades físicas nas moléculas.
Voltando para a sua ação de combate, ao inserir a molécula de indaziflan na mistura, a mesma se posicionará na superfície do solo, formando uma espécie de capa. Para se ter ideia, a Bayer realizou um experimento onde comparou diversas fórmulas de herbicidas para analisar a velocidade de lixiviação.

Em uma chuva de 30 mm o indaziflanse manteve intacto, mas quando dobrado o volume de precipitação, sua lixiviação foi de apenas 5 cm. Dos quatro competidores, apenas dois atingiram essa lixiviação, mas com 30 mm de água. Com 60 mm, o competidor mais eficiente desceu o dobro em relação ao produto da Bayer.

Esse efeito residual é importante para gerar a principal característica agronômica do novo produto: reduzir o número de repasse, mais conhecido como reaplicações.
O conceito dessa operação em cana-de-açúcar recai sobre pulverizações de herbicidas realizadas tanto em plantio como em socas fora do planejamento, ou seja, em áreas que já receberam um primeiro tratamento que não foi efetivo.

Diante disso, e para evitar esse manejo indesejado, é preciso executar um controle amplo, superior e duradouro das plantas daninhas.
A necessidade de reaplicações é constante no mundo canavieiro. Para efeitos de informação, o índice médio, no Brasil, somente na soca seca, é de 22%. No estado de São Paulo, maior produtor do Brasil, 24% da área precisa de pelo menos mais uma aplicação.

Nessa realidade, com certeza a matocompetição é um dos atores que travam o crescimento de produtividade tão necessário para a cultura, mas o retrabalho também tira tempo do produtor, que poderia se dedicar à outras atividades.
Se dermos um zoom na questão, também é possível concluir que se a invasora voltar a crescer significa que o tratamento é ineficiente na redução do banco de sementes, ou seja, o produtor que está nessa situação faz apenas o trabalho de “enxugar o gelo”.

Com o lançamento do Provence Total, a Bayer passa a recomendar um tratamento que também tem o Alion como personagem, prometendo a redução em cerca de 50% do repasse em operações de combate às gramíneas de folha estreita.

Para quantificar esse resultado, o gerente de Marketing de produto e cultura de cana da Bayer, Paulo Donadoni, executou um cálculo considerando um canavial de 35 mil hectares. Nele, foi estipulado que a área total teria algum tratamento com herbicidas, uma produtividade de 100 toneladas por hectare e o preço da tonelada em R$ 70,00.
Esse resultado geraria uma produção de 3,5 milhões de toneladas de cana, o que daria um rendimento bruto da operação de R$ 245 milhões.

A média nacional de repasse (22%) foi a escolhida para o exemplo, e o custo da operação ficou em R$ 120 por hectare. Ao considerar que o tratamento planejado com herbicida custou R$ 200, chegou-se a conclusão que o retrabalho significou mais de R$ 900 mil, ou seja, um impacto de quase 10% a mais na conta.

Para reduzir esse desembolso o laboratório recomenda o Alion para as operações de plantio e o Provence Total na soca seca.

Ainda sobre a recomendação de uso, a empresa alerta para mais um detalhe: em decorrência de seu grande efeito residual (superior a 150 dias), o produto não deve ser utilizado no último corte, principalmente se a área passar por rotação de cultura, devido ao possível fito na cultura de verão que será plantada.