Rabobank prevê safra de cana até 15% maior em 2013
13/09/2012
Cana-de-Açúcar
POR: Valor Econômico
O banco holandês Rabobank traçou dois cenários para a safra de cana 2013/14 no Centro-Sul, que responde por 90% do açúcar e do etanol fabricados no Brasil. Em um deles, a produção em 2013 cresce 7,8%, e no outro, 15,6%. A oferta global também deve continuar robusta o suficiente para manter os preços pressionados. A instituição de crédito projeta cotações médias de 19 centavos de dólar por libra-peso daqui para frente, com o Brasil produzindo mais e a China importando menos em 2013.
O câmbio até agora vem compensando a queda das cotações do açúcar, segundo o gerente de pesquisa em agronegócio do Rabobank, Andy Duff. Mas ele pondera que a projeção de preços médios em 19 centavos para o açúcar considera o cenário mais conservador traçado pelo banco para o Centro-Sul. Nele, as usinas da região processariam em 2013/14 cerca de 550 milhões de toneladas, ante as 510 milhões de toneladas previstas para o atual ciclo, o 2012/13.
O volume fabricado de açúcar alcançaria 34 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas acima do previsto para este ano. Diante de um mix de 46% para açúcar, a produção de etanol cresceria 3 bilhões de litros para 24 bilhões de litros. O modelo do Rabobank, esclarece Duff, considera que haverá a volta da mistura de 25% de anidro na gasolina e que o mercado de hidratado continuará atendendo apenas 30% da demanda potencial da frota flex. "Ou seja, não consideramos nessas projeções mudanças no preço da gasolina".
O cenário mais ousado traçado pelo Rabobank foi feito reconhecendo avaliações de alguns importantes grupos sucroalcooleiros de que a moagem pode saltar para 590 milhões de toneladas no Centro-Sul. "Não é nossa aposta mais crível, mas reconhecemos que é possível", afirma.
Nela, a produção de açúcar subiria 4 milhões de toneladas, para 36 milhões de toneladas, e a de etanol, atingiria 26 bilhões de litros, um aumento de 23,8%.
Para a safra mundial, o banco holandês projetou os números do ciclo 2012/13, que começa em 1º de outubro próximo. Muitos deles, alerta Duff, ainda são muito preliminares, sobretudo em países como a Índia, o segundo maior produtor mundial e onde as estatísticas costumam ser mais precisas a partir de abril do ano que vem.
Neste momento, se prevê uma produção de açúcar na Índia 4% menor, mas ainda expressiva, de 26 milhões de toneladas. "Esse número, se confirmado, ainda oferece espaço para a exportação indiana", afirma Duff.
A China, por outro lado, produzirá 13% mais açúcar e, por isso, importará apenas um volume próximo de 1,5 milhão de toneladas, ante os 4 milhões de toneladas do ciclo anterior, segundo o Rabobank. Há ainda a Tailândia, um importante competidor do Brasil no mercado internacional, que terá sua produção reduzida em 2%, mas também manterá um volume expressivo de produção de 10,4 milhões de toneladas em 2012/13.
O saldo será uma produção mundial de 179,4 milhões de toneladas da commodity, 200 mil toneladas acima do previsto para o ciclo que termina em setembro, o 2011/12, que já foi de uma safra 8% acima da anterior. Com isso, o excedente mundial de açúcar se manterá elevado, no patamar de 5 milhões de toneladas no ano que vem. "No Brasil, a tendência é de ganho de produtividade agrícola em 2013, no entanto, o cenário mundial trará preços desafiadores ao setor", avalia Duff.
Fabiana Batista