Respeito ao passado é o alicerce para a construção do futuro

13/01/2022 Noticias POR: FERNANDA CLARIANO

"O trabalho enobrece o homem!" (Max Weber)

 


Dr. Clóvis Vanzella


Quem nunca escutou essa frase? Sim, o trabalho enobrece o homem, o faz crescer, amadurecer, ser responsável e tornar-se autônomo. E nada melhor do que ser reconhecido não só pelo seu trabalho, como também pela pessoa que é.
A Copercana, por meio da Revista Canavieiros  presta este mês uma homenagem ao advogado dr. Clóvis Vanzella, pelo seu profissionalismo e dedicação. Ele que fez e continua fazendo sua história junto a Copercana, Canaoeste, Sicoob Cocred e Sicoob Cred Copercana.
Os seus 41 anos de serviços prestados renderam boas recordações e ele nos relatou algumas delas, destacando fatos relevantes no exercício da sua profissão, bem como o início da sua trajetória  e a sua colaboração com as causas da Canaoeste, da Copercana e da Sicoob Cocred e também da Sicoob Cred Copercana.

 

Sua história


No retrato de família, da esquerda para a direita, Cláudio, Célia, Alma (mãe) Attílio (pai), Clóvis, Leda e Celso

 

Clóvis Aparecido Vanzella nasceu no dia 15 de março de 1957, na cidade de Sertãozinho-SP, filho de Attílio Vanzella (in memorian) e de Alma Rossini Vanzella (in memorian). Para criar os cinco filhos: Clóvis e seu irmão gêmeo Claúdio, Celso, Leda e Célia, seu pai, Attílio, trabalhou com caminhão carregando cana-de-açúcar e, criando e negociando gados e suínos no arrendamento que tinha junto com seu colega Osvaldo Soldera, em uma chácara próxima da Usina Santo Antônio, enquanto sua mãe, conhecida por Hermínia cuidava dos deveres de casa.
“Morávamos próximo da estação ferroviária onde tivemos uma infância simples, mas crescemos em um ambiente de muita felicidade e união. Comecei meus estudos aos sete anos (idade mínima da época) no Grupo Escolar Professor Anacleto Cruz. Fiz admissão (exigida na época) no Colégio Técnico Comercial Nossa Senhora Aparecida para ingressar no Ginásio Estadual Winston Churchill, e, aos 14 anos, me transferi para o período da noite para poder trabalhar como office-boy no Segundo Cartório Judicial, no Fórum de Sertãozinho, e, aos 18 anos, passei a ser escrevente judiciário, e, assim, fiz minha carreira. Foi nesse meio que tomei gosto pela advocacia, pois convivia com juízes, promotores, advogados, funcionários públicos e isso despertou em mim a vontade de seguir essa profissão que exerço até hoje, lembrou.

 

A formação


Formatura em 1983

Dos cinco irmãos, apenas Clóvis se formou em uma faculdade. “Quando falei para os meus pais que queria ser advogado, eles ficaram felizes, mas sabiam das dificuldades.
Mesmo assim não desisti. Confesso que foi bem difícil, pois entrei numa faculdade particular e precisava trabalhar de dia e estudar a noite. A minha formatura foi uma grande alegria para minha família, pois prestei o exame na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e fui aprovado no exame da OAB/SP., ficando habilitado para exercer a profissão que muito me honra até hoje, relembrou.

 

Oportunidade na Canaoeste

Logo que se formou em 1983, Vanzella deixou o seu trabalho no Fórum e buscou uma oportunidade de emprego na Canaoeste. “Eu tinha 24 anos de idade quando pedi uma oportunidade ao dr. Waldemar de Mello que, na época era advogado da Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred e ele me atendeu”, disse.
Vanzella lembra que naquela época havia litígios dos fornecedores com as usinas a respeito de descontos nos pesos das toneladas de cana-de-açúcar entregues a título de palhas e terras. Conta que vigorava o Estatuto da Lavoura Canavieira, com regras de intervenção estatal no domínio econômico da cana,  do açúcar e do álcool, através do IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool) que, na sua composição estrutural, tinha um tribunal administrativo. “Não se podia ir para a justiça comum sem esgotar as esferas administrativas do IAA, que tinha a primeira instância em São Paulo no Anhangabaú e a segunda instância era o Conselho Deliberativo no Rio de Janeiro. Era preciso promover uma reclamação na superintendência do IAA em São Paulo onde era aberto um processo, tinha audiência, ouvia-se testemunha, se fosse o caso, e da decisão de primeira instância cabia-se o recurso a segunda instância que era no Rio de Janeiro. Eu fui para a Canaoeste com esse propósito, peguei o estatuto da lavoura canavieira e estudei. Isso demandou muitas reclamações e eu comecei a ir a São Paulo participar dessas audiências, tentativas em conciliação”, relembrou.

 

 


Placa descerrada em 1983 em homenagem ao IAA que proporcionou a construção do prédio onde hoje abriga a Copercana e a Canaoeste

 

Ainda na Canaoeste, Vanzella passou a prestar assessoria para o então presidente Fernandes dos Reis (in memorian) e viajava muito a São Paulo defendendo os interesses da Canaoeste e dos fornecedores de cana. As viagens e reuniões junto ao presidente foram se estendendo. “Participei em reuniões da Orplana, cheguei a ir ao Rio de Janeiro na Feplana, em Brasília fui várias vezes. Quando o ex-presidente Fernando Collor de Melo extinguiu o IAA eu estive em Brasília, tudo defendendo a associação e seus associados”.
O advogado lembrou também que por vários anos participou das negociações coletivas entre fornecedores de cana e trabalhadores rurais em reuniões da FAESP e FETAESP realizadas em São Paulo.
Vanzela ainda comentou das transformações físicas que o prédio da associação sofreu ao longo dos anos e como foi a conquista do espaço. “Quando entrei na associação não tinha esse prédio em que trabalhamos atualmente. No local onde hoje está instalado o centro administrativo da Canaoeste/Copercana funcionavam uma borracharia e um lavador e o senhor Fernandes dos Reis conseguiu um dinheiro junto ao IAA para a construção da sede da Canaoeste. Participei da formalização dos contratos da construção desse prédio e posteriormente a Canaoeste vendeu esse prédio para a Copercana”.

 

Família

Em 1982 se casou com Margaret Aparecida Negri Magro Vanzella, que na época era professora na Escola Estadual Dr. Antônio Furlan Júnior. Após quatro anos de casados tiveram a primeira e única filha, Bruna Magro Vanzella, que hoje tem 35 anos é casada com Fábio Canesin Rodrigues Braz e mãe de Antônio, com três anos, e da Maria, de um ano. “Graças a Deus e ao meu trabalho consegui dar um estudo para minha filha, que me enche de orgulho.
Ela se formou e fez pós-graduação na área, é nutricionista funcional, e, mais do que isso, me deu meus dois netinhos que amo muito. São crianças bem-educadas e que só têm me dado grandes alegrias”,

 


Clóvis com sua esposa Margaret, a filha Bruna, o genro Fábio e os netos Antônio e Maria

 

Copercana

Vanzella contou que, em certa ocasião, dr. Waldemar de Mello, acabou deixando a assessoria jurídica da Copercana e da Canaoeste, e também da prestação da advocacia nos processos movidos contra cooperados e também com terceiros inadimplentes, e ele foi convidado a assumir essa função também na Cooperativa. De 1980 a 1990 Vanzella foi escriturário com carteira assinada. De 1990 a 2015 passou a ser advogado autônomo. E a partir de 2016 constituiu sociedade individual de advocacia permitida pela OAB/SP, e passou a prestar serviços para a Copercana, Canaoeste, Sicoob Cocred e Sicoob Cred Copercana. “Isso proporcionou economia de custo para as empresas porque o imposto passou a correr por minha conta e não mais por conta da empregadora”, disse.

As defesas

Vanzella, na ocasião, falou sobre as suas defesas e citou o caso de um associado da Canaoeste que quase foi responsabilizado por um incêndio criminoso que queimou toda cana da sua propriedade e, ainda, teve que responder a um processo.
“Na época um promotor de Justiça, que era contra a queima de cana, autuou o associado e entrou com processo para proibir a queima e exigir indenização. Naquela ocasião, defendi esse associado e ganhamos a ação provando que foi um fogo criminoso provocado por terceiros e não havia sido ele causador do incêndio. Essa foi uma ação que me deu orgulho em defender, pois mostramos ao juiz que o promotor estava exagerando nas teses e não era uma queima provocada pelo proprietário. Foi uma ação vitoriosa”.

Nova geração

O advogado ainda salienta o legado que deixou para a nova geração de advogados da área jurídica da Copercana, da Cocred e da Canaoeste que estão muito bem pautados pela competência e conhecimento. “O dr. Juliano Bortoloti começou comigo e agora assumiu os processos ambientais e as defesas dos associados fornecedores de cana. Hoje ele toca tais processos com o auxílio profissional do dr. Diego Rossaneis e de técnicos agrícolas”.

Sicoob Cred Copercana

Vanzella foi um dos fundadores da Cooperativa de Crédito Mútuo, hoje Sicoob Cred Copercana. “Na época os funcionários da Copercana e da Canaoeste pediam muito vale e também empréstimos para os bancos, pagavam muitos juros e se endividavam. Foi a partir disso que nasceu a ideia de criarmos uma cooperativa de crédito que em São Paulo já existia. Pesquisamos, vimos que era um bom negócio e criamos a Cooperativa de Crédito Mútuo. Constituímos a diretoria, o conselho e apesar das dificuldades do início, deu muito certo. Começamos com 20 associados e hoje já ultrapassa os 3.600”.

 

Gratidão

Vanzella reitera que fez sua história, mas que para isso sempre teve muito apoio e respeito durante sua trajetória na associação e na cooperativa e fala com gratidão das pessoas que o ajudaram no início da sua carreira. “Tenho profunda gratidão a três pessoas que me deram grande oportunidade lá no começo, como o senhor Antonio Eduardo Tonielo que me deu a oportunidade de trabalho até hoje, o senhor Fernandes dos Reis (in memorian) que me proporcionou conhecer tudo relativo ao IAA, a Orplana, a Feplana, a FAESP, a FIESP, e o grande amigo inesquecível Manoel Carlos de Azevedo Ortolan (in memorian) que foi uma pessoa de muito respeito, honesta, um grande técnico – viajamos muito juntos, ele era um esteio”, disse emocionado.

 


Em março de 2004 durante Assembleia da Sicoob Cocred com Marcio Meloni, Toninho Tonielo, Manoel Ortolan e dr. José Carlos Simões

 

Time do coração

Vanzella não esconde de ninguém a sua torcida pelo Palmeiras, o time do coração. “Quando jovem, eu e uma turma de amigos jogávamos botão em frente à igreja Matriz e cada jogador comprava os botões do seu time. Foi nessa época que passei a gostar do Palmeiras, que tinha grandes jogadores, dentre eles o Ademar da Guia, e até hoje não tem explicação, você pega gosto pelo time e segue”, disse o advogado, que volta e meia comenta os resultados das partidas pelos corredores e se diverte com as provocações. “Aqui há sempre uma provocação sadia. Quando o Palmeiras perde, os funcionários que sabem que sou palmeirense vêm falar comigo para dar uma cutucada e sempre levo numa boa, mas confesso que quando o Palmeiras caiu para segunda divisão foi difícil segurar as brincadeiras”, comentou.
“Hoje, passados 38 anos da minha formatura e 41 anos do exercício da minha profissão, continuo pensando e honrando a minha história e buscando sempre o melhor a cada dia”, finaliza Vanzella.

 


Em 2017 no Allianz Parque com o seu genro Fábio