Ribeirão Preto sedia importante evento sobre mecanização e produção de cana
26/04/2019
Agronegócio
POR: Revista Canavieiros
Por: Fernanda Clariano
A mecanização é uma necessidade na lavoura canavieira e a grande expansão da cultura, ocorrida no início dos anos 2000, não aconteceria sem a ajuda das máquinas. No entanto, ainda é necessário aperfeiçoar o processo, que, em muitos casos, gera perdas, reduz a produtividade e aumenta custos, por isso é preciso evoluir.
Em sua 21ª edição, o Seminário de Mecanização e Produção de Cana, organizado pelo Grupo Idea, reuniu nos dias 27 e 28 de março, em Ribeirão Preto, empresas, usinas, produtores e profissionais do setor para aprimorar conhecimentos e apresentar os avanços úteis nos sistemas produtivos.
Na abertura, o diretor do Grupo Idea, Dib Nunes, destacou que para chegar a uma boa produtividade é preciso ter o apoio dos serviços mecanizados em todas as etapas do processo. “O CTT (Corte, Transbordo e Transporte) responde por pelo menos 35% do custo de uma tonelada de cana. Por isso, é fundamental fazer de forma correta para reduzir o custo. E isso é possível, mas é fundamental o envolvimento da equipe. Não há bom resultado em qualquer atividade sem a atuação do operador, do motorista, mecânico, líder, supervisor, coordenador ou gerente”, disse.
Desmistificando o palhiço de cana-de-açúcar
“O palhiço não é resíduo, é uma matéria-prima”. Essa afirmação foi feita pelo engenheiro agrônomo e consultor, Marco Rípoli, em sua apresentação. Rípoli defende o recolhimento de até 70% do que permanece sobre o solo após a colheita mecanizada. Uma vez recolhido, o resíduo poderá ser utilizado para cogeração de energia elétrica ou produção de etanol de terceira geração. Além disso, destacou que a retirada parcial pode impactar a população de determinadas pragas que terá seu desenvolvimento dificultado em função do ambiente estar mais seco.
O consultor ainda ressaltou os benefícios físicos, químicos e biológicos do palhiço:
- Físicos: proteção do solo (mantém a umidade); reduz a erosão (por chuva e vento); controle de pragas e doenças, reduz a amplitude térmica a 5 cm (microbiota) e reduz a compactação do solo;
- Químicos: aumento da matéria orgânica no solo; funciona como adubo, sequestro de carbono e reciclagem de nutrientes;
- Biológicos: aumento de atividade microbiológica do solo e mineralização, não prejudica a debrota (posterga) e controle de pragas e doenças.
A evolução de uma oficina mecânica de alto padrão para otimizar a administração e o atendimento às operações de campo foi o assunto discorrido pelo executivo da Raízen, Armando José Dal Bem, que destacou a gestão de manutenção na Raízen, que trabalha para chegar no índice zero de manutenção corretiva, valorizando a manutenção preditiva. O foco da empresa é que a máquina pare apenas quando eles querem que ela pare, ou seja, no período de manutenção programada.
Novos equipamentos para melhoria do plantio e cultivo
O plantio mecanizado de cana-de-açúcar, realizado de maneira eficiente, tem proporcionado resultados bastante positivos para produtores e unidades sucroenergéticas. Algumas usinas estão utilizando quantidade de mudas similar a que é usada no plantio manual. “Existe caso de consumo de apenas 10 toneladas de mudas por hectare, plantadas com a máquina automatizada”, comentou o gerente de marketing da DMB Máquinas e Implementos Agrícolas, Auro Pardinho.
Em sua palestra, o profissional mencionou que um grande diferencial da mecanização do plantio é a possibilidade da sua integração às tecnologias avançadas, que utilizam recursos mais eficientes para a realização dessa operação. De acordo com Pardinho, a DMB recorre à automação para distribuição de mudas por meio de sua plantadora de última geração, dotada também de um sulcador com dispositivo destorroador, que aprimora, simplifica e barateia o preparo do solo. “O sulcador com dispositivo destorroador cria um ambiente propício para a brotação da gema, reduzindo o número de falhas e a quantidade de mudas utilizadas no plantio, além disso, proporciona um melhor perfilhamento da cana-de-açúcar, possibilitando um maior arranque no desenvolvimento inicial da planta”, diz. O novo sulcador poderá ser adquirido com a plantadora ou separado, caso o produtor ou a usina já possua a PCP 6000 Automatizada.
Um projeto de engenharia para plantio mecanizado de alta qualidade foi o tema da apresentação do diretor da Agrícola Rio Claro, de Lençóis Paulista-SP, Luiz Carlos Dalben. A Agrícola Rio Claro planta cerca de 500 hectares de cana por ano, tudo com máquina e com média de 10,6 toneladas de cana-muda por hectare. De acordo com Dalben, falta ao setor persistência para enfrentar as dificuldades, buscar soluções para melhorar o processo. “A mecanização é um caminho sem volta, o que precisamos é tornar as máquinas mais eficientes e treinar equipes para fazer bem-feito”.
Prêmio usinas campeãs de produtividade agrícola
Mesmo em um ano difícil, com condições climáticas adversas, as dez unidades sucroenergéticas com maior produtividade no Brasil, segundo levantamento e avaliação do Grupo Idea e do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), foram premiadas durante o evento.
Os critérios utilizados para a escolha contemplam produtividade agrícola, teor médio de sacarose expresso em ATR (Açúcar Total Recuperável) e idade média do canavial, considerando apenas dados de cortes sem a cana bisada (produto que deveria ser colhido em uma safra, mas será retirada apenas na outra) das usinas mais produtivas de cada região.
Este ano, a Bevap Bioenergia - Paracatu foi a campeã de produtividade agrícola na safra 18/19 com o Índice Idea de 238, TCH de 95,9 t/ha, ATR de 136 kg/t, TAH de 13 t/ha e idade de 4,6 cortes.
Sérgio Macedo Facchini, presidente do conselho da Bevap, falou da satisfação em receber a premiação. “A emoção desse prêmio é muito grande e eu posso dizer que três parcelas muito importantes desse prêmio são: o time da Bevap que tem orgulho de vestir a camisa; os conselhos e as orientações do Dib Nunes que nos ajudaram demais e nesse curto espaço de tempo chegamos aonde chegamos e, ao CTC, com as variedades que também nos ajudaram demais a chegar até aqui”.