O pesquisador Hermann Paulo Hoffmann é o novo coordenador nacional da RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético), uma Rede formada por dez universidades federais que desenvolve um dos principais programas de melhoramento de cana-de-açúcar do mundo.
A nomeação ocorreu no dia 21 de junho, durante reunião ordinária realizada na Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais), em Brasília, que também indicou a reitora da UFV (Universidade Federal de Viçosa), a professora Nilda de Fátima Ferreira Soares, como nova presidente do Conselho de Reitores da RIDESA.
“Vamos trabalhar para fortalecer a RIDESA e o relacionamento entre os programas de melhoramento das universidades que fazem parte da Rede, que por sinal já é afinado”, diz ele, afirmando que é essencial sintonizar as competências e as particularidades de cada programa a favor da própria organização.
“O foco tem que ser a integração contínua, de modo que as universidades se complementem e caminhem juntas, como se fossem uma só”, afirma o pesquisador, que dará continuidade ao trabalho do professor Edelclaiton Daros, que foi coordenador geral da Rede nos últimos anos.
Hoffmann é engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (Esalq/ USP). Tem mestrado em Fitopatologia e doutorado em Agronomia. Ingressou no Planalsucar (Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar) em 1977, trabalhando por vários anos na cultura da cana. Na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) desde 1990, acompanhou de perto a criação da RIDESA, onde foi o coordenador do PMGCA (Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-açúcar). Confira a entrevista:
Revista Canavieiros: Na sua visão, qual a importância da RIDESA para o setor sucroenergético? Quais os principais resultados obtidos pela Rede nos seus 25 anos?
Hermann Hoffmann: As variedades RB ocupam 65% da área cultivada com cana-de-açúcar no Brasil. É um programa de melhoramento de abrangência nacional, do qual participam dez universidades federais. Envolve cerca de duzentas pessoas, entre professores, pesquisadores, técnicos, alunos e pessoal operacional. Não se conhece no mundo um programa de melhoramento público em qualquer cultura que tenha uma participação tão expressiva.
As equipes, atuando em suas universidades, se consolidam atendendo ao ensino, à pesquisa e à extensão. Existe um direcionamento também para o treinamento de pessoas. Todos os programas de melhoramento da RIDESA têm consolidado a prática de estágios para estudantes de graduação e pós-graduação. Futuramente estes profissionais ingressam nas empresas que atendem às demandas do setor. Considero também como uma grande contribuição a oferta de variedades produtivas e resistentes às doenças adaptadas aos mais diversos ambientes de produção.
Nestes últimos quarenta anos muita coisa tem mudado, como o aumento da colheita mecânica, a ampliação da cultura para áreas não tradicionais e a introdução de duas doenças de grande importância: as duas ferrugens - a marrom e a alaranjada. Apesar de todos estes desafios, somados à extensão do período de safra, a cultura manteve o seu ritmo de ganho de produtividade similar a outros países, como a Austrália.
Revista Canavieiros: Qual será sua missão como coordenador nacional da RIDESA?
Hermann Hoffmann: Promover a constante interação entre as equipes das universidades que integram nacionalmente a RIDESA. O nosso bom relacionamento nos fortalece e precisamos que seja sempre assim. Temos que aproveitar a maior competência de cada grupo, estimular as iniciativas e, principalmente, manter em alto nível a pesquisa em todas as áreas do melhoramento da cultura da cana-de-açúcar.
Revista Canavieiros: O senhor afirmou, durante a sua posse, que irá trabalhar para fortalecer ainda mais a RIDESA e o relacionamento entre os programas de melhoramento das universidades que fazem parte da Rede. Quais as ações imediatas para que isso ocorra?
Hermann Hoffmann: É um tremendo desafio, mas ao mesmo tempo é gratificante coordenar um grupo que mantém, num patamar tão expressivo, a participação das variedades RB no mercado. São professores, pesquisadores e técnicos de grande experiência e valor profissional; temos que aproveitar todo esse potencial e continuar formando novos profissionais para a pesquisa e produção. Precisamos manter o que já vem sendo feito e estar atentos para novas iniciativas. O trabalho desenvolvido pela RIDESA é muito importante para o setor e nosso desafio é manter o compromisso permanente da Rede com o desenvolvimento desta agroindústria sucroenergética. Inclusive, vamos nos dedicar para dar continuidade ao trabalho feito pelo professor Edelclaiton Daros, que me antecedeu na coordenação da RIDESA. Sua gestão foi um marco, uma vez que foi caracterizada pela consolidação de muitas atividades, pela liberação de novas variedades, pela publicação de materiais técnicos e pelo treinamento de pessoal.
Revista Canavieiros: A RIDESA liberou 16 novas variedades de cana no final de 2015, após cinco anos do último lançamento de materiais. Há perspectivas para apresentação de novos cultivares num curto prazo?
Hermann Hoffmann: Durante a última reunião dos coordenadores dos programas de melhoramento que ocorreu em Brasília recentemente se estabeleceu que em 2020 será a nossa próxima liberação nacional, mas deverão ocorrer liberações regionais nos próximos anos.
Devemos estar atentos para liberar variedades que se firmarão no plantel varietal, com expressiva contribuição. Temos variedades públicas que ainda proporcionam grande retorno e servem de referência para que as novas variedades venham para superá-las. As variedades de liberação recente precisam mostrar claramente suas vantagens em relação às variedades atualmente em cultivo; em outras palavras, deve-se liberar com qualidade, e não em quantidade.
Revista Canavieiros: O senhor declarou uma vez que o maior desafio do programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar é a formação de pessoal. Isto ainda continua sendo um empecilho para o desenvolvimento das cultivares?
Hermann Hoffmann: Isto me preocupou mais no passado. Temos conseguido
formar excelentes profissionais nos nossos programas e trabalhamos para que alguns deles sejam incorporados às universidades federais, em outras instituições de pesquisa e também no setor produtivo. Há uma iniciativa dos reitores para ampliação dos quadros das universidades e para que os programas de melhoramento sejam atendidos nas suas demandas por pesquisadores, técnicos agrícolas, administrativos e operacionais. A professora Nilda de Fátima F. Soares, reitora da Universidade Federal de Viçosa e recém-eleita presidente do Conselho de Reitores da RIDESA, terá como uma de suas iniciativas a ampliação dos quadros de profissionais de pesquisa em cana.
Revista Canavieiros: As variedades mais plantadas nos dias atuais foram lançadas há cerca de duas décadas. O senhor acha importante a inclusão de novas cultivares na lavoura?
Hermann Hoffmann: Isto é verdadeiro em parte, pois temos variedades, como a RB855156, a RB867515, a RB855536 e a RB855453, que ainda estão contribuindo com excelente retorno. Por outro lado, somando-se a estas, temos a RB966928, liberada em 2010, que hoje é a variedade mais plantada no Centro-Sul, e a RB92579, liberada em 2006 e que é a variedade mais importante do Nordeste e que se adaptou muito bem em algumas regiões do Centro-Sul. O estabelecimento de uma variedade é uma questão de competência, não importando que seja nova ou antiga.
Revista Canavieiros: A necessidade de redução de custos e aumento dos ganhos de produtividade são cada vez mais necessários para garantir a sobrevivência do setor canavieiro. As novas variedades possuem características capazes de contribuir neste sentido?
Hermann Hoffmann: Temos buscado isso continuamente. Sabemos, por exemplo, que a RB966928 é uma das variedades que mais proporcionam retorno. Nossas últimas liberações, em 2015, ofertaram ao mercado 16 novas variedades, das quais várias já se encontram entre as mais plantadas. O produtor saberá fazer a sua escolha, como sempre.
Revista Canavieiros: As variedades RB ocupam 65% de toda área plantada com cana-de-açúcar nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. A que o senhor atribui este fato?
Hermann Hoffmann: Quando liberamos uma variedade, pensamos nos nossos parceiros, que contribuem para viabilizar nossas atividades. Boa parte dos recursos necessários para nosso trabalho tem origem em contratos com empresas do setor, usinas, associações e produtores. Não queremos decepcionar essas pessoas.
Revista Canavieiros: A parceria com a iniciativa privada é essencial para a sobrevivência dos programas de melhoramento genético? E o governo, qual o seu papel neste contexto?
Hermann Hoffmann: O governo nos dá segurança e estabilidade; as universidades permanecerão para sempre. Aliado a isso temos o apoio da classe produtora, que valoriza as nossas pesquisas há 45 anos. Um dos aspectos mais importantes dentro de um programa de melhoramento é a continuidade.
Revista Canavieiros: A cana transgênica é a nova aposta do setor para aumentar a sua competitividade. Neste contexto, a RIDESA também trabalha para obtê-la?
Hermann Hoffmann: Há vinte anos já havia pesquisas sobre cana transgênica no Brasil e até o momento nenhuma variedade foi liberada comercialmente. Esta realidade reflete a dificuldade genética da cana-de-açúcar, tornando a obtenção da cana-de-açúcar geneticamente modificada um desafio a ser vencido. Além das dificuldades técnicas, não estão claras quais serão as restrições na comercialização mundial para o açúcar. A RIDESA tem pesquisas para a obtenção de cana transgênica visando tolerância ao estresse hídrico e o incremento de sacarose. Estas pesquisas estão em fase de laboratório e em avaliação em casa de vegetação.
Revista Canavieiros: Com relação ao desenvolvimento da cana-energia, como estão as pesquisas da Rede?
Hermann Hoffmann: A equipe da Universidade Federal de Alagoas está à frente das pesquisas da cana-energia. Já há resultados excelentes. Como somos uma Rede, todo este material já foi disponibilizado para as outras universidades e, por outro lado, cada grupo desenvolve paralelamente suas pesquisas. O estabelecimento da cana-energia dependerá do mercado de energia, que ditará quando e a intensidade.
Revista Canavieiros: Em sua opinião, quais são os principais desafios futuros para o desenvolvimento dos programas de melhoramento?
Hermann Hoffmann: Permanecer fiel à filosofia de trabalho, buscando variedades produtivas, resistentes às doenças, mantendo dessa forma a sustentabilidade da cultura da cana. Paralelamente a isso, devemos dedicar parte do tempo para estudar novas tecnologias e continuamente questionar nossos procedimentos de melhoramento.
O pesquisador Hermann Paulo Hoffmann é o novo coordenador nacional da RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético), uma Rede formada por dez universidades federais que desenvolve um dos principais programas de melhoramento de cana-de-açúcar do mundo.
A nomeação ocorreu no dia 21 de junho, durante reunião ordinária realizada na Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais), em Brasília, que também indicou a reitora da UFV (Universidade Federal de Viçosa), a professora Nilda de Fátima Ferreira Soares, como nova presidente do Conselho de Reitores da RIDESA.
“Vamos trabalhar para fortalecer a RIDESA e o relacionamento entre os programas de melhoramento das universidades que fazem parte da Rede, que por sinal já é afinado”, diz ele, afirmando que é essencial sintonizar as competências e as particularidades de cada programa a favor da própria organização.
“O foco tem que ser a integração contínua, de modo que as universidades se complementem e caminhem juntas, como se fossem uma só”, afirma o pesquisador, que dará continuidade ao trabalho do professor Edelclaiton Daros, que foi coordenador geral da Rede nos últimos anos.
Hoffmann é engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (Esalq/ USP). Tem mestrado em Fitopatologia e doutorado em Agronomia. Ingressou no Planalsucar (Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar) em 1977, trabalhando por vários anos na cultura da cana. Na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) desde 1990, acompanhou de perto a criação da RIDESA, onde foi o coordenador do PMGCA (Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-açúcar). Confira a entrevista:
Revista Canavieiros: Na sua visão, qual a importância da RIDESA para o setor sucroenergético? Quais os principais resultados obtidos pela Rede nos seus 25 anos?
Hermann Hoffmann: As variedades RB ocupam 65% da área cultivada com cana-de-açúcar no Brasil. É um programa de melhoramento de abrangência nacional, do qual participam dez universidades federais. Envolve cerca de duzentas pessoas, entre professores, pesquisadores, técnicos, alunos e pessoal operacional. Não se conhece no mundo um programa de melhoramento público em qualquer cultura que tenha uma participação tão expressiva.
As equipes, atuando em suas universidades, se consolidam atendendo ao ensino, à pesquisa e à extensão. Existe um direcionamento também para o treinamento de pessoas. Todos os programas de melhoramento da RIDESA têm consolidado a prática de estágios para estudantes de graduação e pós-graduação. Futuramente estes profissionais ingressam nas empresas que atendem às demandas do setor. Considero também como uma grande contribuição a oferta de variedades produtivas e resistentes às doenças adaptadas aos mais diversos ambientes de produção.
Nestes últimos quarenta anos muita coisa tem mudado, como o aumento da colheita mecânica, a ampliação da cultura para áreas não tradicionais e a introdução de duas doenças de grande importância: as duas ferrugens - a marrom e a alaranjada. Apesar de todos estes desafios, somados à extensão do período de safra, a cultura manteve o seu ritmo de ganho de produtividade similar a outros países, como a Austrália.
Revista Canavieiros: Qual será sua missão como coordenador nacional da RIDESA?
Hermann Hoffmann: Promover a constante interação entre as equipes das universidades que integram nacionalmente a RIDESA. O nosso bom relacionamento nos fortalece e precisamos que seja sempre assim. Temos que aproveitar a maior competência de cada grupo, estimular as iniciativas e, principalmente, manter em alto nível a pesquisa em todas as áreas do melhoramento da cultura da cana-de-açúcar.
Revista Canavieiros: O senhor afirmou, durante a sua posse, que irá trabalhar para fortalecer ainda mais a RIDESA e o relacionamento entre os programas de melhoramento das universidades que fazem parte da Rede. Quais as ações imediatas para que isso ocorra?
Hermann Hoffmann: É um tremendo desafio, mas ao mesmo tempo é gratificante coordenar um grupo que mantém, num patamar tão expressivo, a participação das variedades RB no mercado. São professores, pesquisadores e técnicos de grande experiência e valor profissional; temos que aproveitar todo esse potencial e continuar formando novos profissionais para a pesquisa e produção. Precisamos manter o que já vem sendo feito e estar atentos para novas iniciativas. O trabalho desenvolvido pela RIDESA é muito importante para o setor e nosso desafio é manter o compromisso permanente da Rede com o desenvolvimento desta agroindústria sucroenergética. Inclusive, vamos nos dedicar para dar continuidade ao trabalho feito pelo professor Edelclaiton Daros, que me antecedeu na coordenação da RIDESA. Sua gestão foi um marco, uma vez que foi caracterizada pela consolidação de muitas atividades, pela liberação de novas variedades, pela publicação de materiais técnicos e pelo treinamento de pessoal.
Revista Canavieiros: A RIDESA liberou 16 novas variedades de cana no final de 2015, após cinco anos do último lançamento de materiais. Há perspectivas para apresentação de novos cultivares num curto prazo?
Hermann Hoffmann: Durante a última reunião dos coordenadores dos programas de melhoramento que ocorreu em Brasília recentemente se estabeleceu que em 2020 será a nossa próxima liberação nacional, mas deverão ocorrer liberações regionais nos próximos anos.
Devemos estar atentos para liberar variedades que se firmarão no plantel varietal, com expressiva contribuição. Temos variedades públicas que ainda proporcionam grande retorno e servem de referência para que as novas variedades venham para superá-las. As variedades de liberação recente precisam mostrar claramente suas vantagens em relação às variedades atualmente em cultivo; em outras palavras, deve-se liberar com qualidade, e não em quantidade.
Revista Canavieiros: O senhor declarou uma vez que o maior desafio do programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar é a formação de pessoal. Isto ainda continua sendo um empecilho para o desenvolvimento das cultivares?
Hermann Hoffmann: Isto me preocupou mais no passado. Temos conseguido
formar excelentes profissionais nos nossos programas e trabalhamos para que alguns deles sejam incorporados às universidades federais, em outras instituições de pesquisa e também no setor produtivo. Há uma iniciativa dos reitores para ampliação dos quadros das universidades e para que os programas de melhoramento sejam atendidos nas suas demandas por pesquisadores, técnicos agrícolas, administrativos e operacionais. A professora Nilda de Fátima F. Soares, reitora da Universidade Federal de Viçosa e recém-eleita presidente do Conselho de Reitores da RIDESA, terá como uma de suas iniciativas a ampliação dos quadros de profissionais de pesquisa em cana.
Revista Canavieiros: As variedades mais plantadas nos dias atuais foram lançadas há cerca de duas décadas. O senhor acha importante a inclusão de novas cultivares na lavoura?
Hermann Hoffmann: Isto é verdadeiro em parte, pois temos variedades, como a RB855156, a RB867515, a RB855536 e a RB855453, que ainda estão contribuindo com excelente retorno. Por outro lado, somando-se a estas, temos a RB966928, liberada em 2010, que hoje é a variedade mais plantada no Centro-Sul, e a RB92579, liberada em 2006 e que é a variedade mais importante do Nordeste e que se adaptou muito bem em algumas regiões do Centro-Sul. O estabelecimento de uma variedade é uma questão de competência, não importando que seja nova ou antiga.
Revista Canavieiros: A necessidade de redução de custos e aumento dos ganhos de produtividade são cada vez mais necessários para garantir a sobrevivência do setor canavieiro. As novas variedades possuem características capazes de contribuir neste sentido?
Hermann Hoffmann: Temos buscado isso continuamente. Sabemos, por exemplo, que a RB966928 é uma das variedades que mais proporcionam retorno. Nossas últimas liberações, em 2015, ofertaram ao mercado 16 novas variedades, das quais várias já se encontram entre as mais plantadas. O produtor saberá fazer a sua escolha, como sempre.
Revista Canavieiros: As variedades RB ocupam 65% de toda área plantada com cana-de-açúcar nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. A que o senhor atribui este fato?
Hermann Hoffmann: Quando liberamos uma variedade, pensamos nos nossos parceiros, que contribuem para viabilizar nossas atividades. Boa parte dos recursos necessários para nosso trabalho tem origem em contratos com empresas do setor, usinas, associações e produtores. Não queremos decepcionar essas pessoas.
Revista Canavieiros: A parceria com a iniciativa privada é essencial para a sobrevivência dos programas de melhoramento genético? E o governo, qual o seu papel neste contexto?
Hermann Hoffmann: O governo nos dá segurança e estabilidade; as universidades permanecerão para sempre. Aliado a isso temos o apoio da classe produtora, que valoriza as nossas pesquisas há 45 anos. Um dos aspectos mais importantes dentro de um programa de melhoramento é a continuidade.
Revista Canavieiros: A cana transgênica é a nova aposta do setor para aumentar a sua competitividade. Neste contexto, a RIDESA também trabalha para obtê-la?
Hermann Hoffmann: Há vinte anos já havia pesquisas sobre cana transgênica no Brasil e até o momento nenhuma variedade foi liberada comercialmente. Esta realidade reflete a dificuldade genética da cana-de-açúcar, tornando a obtenção da cana-de-açúcar geneticamente modificada um desafio a ser vencido. Além das dificuldades técnicas, não estão claras quais serão as restrições na comercialização mundial para o açúcar. A RIDESA tem pesquisas para a obtenção de cana transgênica visando tolerância ao estresse hídrico e o incremento de sacarose. Estas pesquisas estão em fase de laboratório e em avaliação em casa de vegetação.
Revista Canavieiros: Com relação ao desenvolvimento da cana-energia, como estão as pesquisas da Rede?
Hermann Hoffmann: A equipe da Universidade Federal de Alagoas está à frente das pesquisas da cana-energia. Já há resultados excelentes. Como somos uma Rede, todo este material já foi disponibilizado para as outras universidades e, por outro lado, cada grupo desenvolve paralelamente suas pesquisas. O estabelecimento da cana-energia dependerá do mercado de energia, que ditará quando e a intensidade.
Revista Canavieiros: Em sua opinião, quais são os principais desafios futuros para o desenvolvimento dos programas de melhoramento?
Hermann Hoffmann: Permanecer fiel à filosofia de trabalho, buscando variedades produtivas, resistentes às doenças, mantendo dessa forma a sustentabilidade da cultura da cana. Paralelamente a isso, devemos dedicar parte do tempo para estudar novas tecnologias e continuamente questionar nossos procedimentos de melhoramento.