Rota 2030

02/01/2018 Geral POR: Revista Canavieiros
Por: Fernanda Clariano

Revista Canavieiro: O que é, e quais são as metas do Rota 2030?
Marcos Clemente: Com o encerramento do Programa Inovar-Auto, o Governo Federal, através do Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços, está elaborando uma nova política industrial para o Brasil denominada Rota 2030. Apesar de ser multisetorial, a indústria automotiva está na modalidade Mobilidade e Logística. O programa representará a definição de uma nova trajetória para a indústria automotiva brasileira. Buscam-se o alinhamento da produção nacional, em termos de tecnologia, eficiência energética e segurança, aos produtos fabricados nos grandes polos globais de desenvolvimento e a participação ativa da indústria nacional nas cadeias globais de valor. Trata-se de uma política de longo prazo, com avaliações constantes e correções de rota periódicas em três ciclos de cinco anos: 2018-2022; 2023 a 2027 e 2028 a 2032.

Revista Canavieiros: Quando o Rota 2030 entra em vigor?
Clemente: Atualmente as propostas e premissas estão em fase de discussão no 
âmbito do Governo Federal, envolvendo diversos Ministérios: o próprio MDIC (Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços), o Ministério da Fazenda, a Casa Civil. A expectativa de aprovação é para ocorrer ainda em 2017, para entrada em vigor no início de 2018.

Revista Canavieiros: O que o Governo oferece e o que ele pretende com o Rota 2030?
Clemente: As condições que o Governo Federal oferecerá são o principal ponto de discussão em andamento nos Ministérios. Na fase de elaboração do programa discutiram-se alternativas para incentivar dispêndios em Pesquisa e Desenvolvimento na cadeia automotiva visando à capacitação para o desenvolvimento local das tecnologias ligadas à eficiência energética, segurança veicular, eletrônica embarcada, manufatura 4.0.

Revista Canavieiros: Quais os impactos da Rota 2030 para a manufatura 4.0?
Marcos Clemente: O Grupo Temático 02 do Rota 2030 tem entre tópicos a Manufatura 4.0. Tenho conhecimento de que a ABDI está estruturando uma ação com a AEA (Associação   Brasileira   de Engenharia Automotiva), para desenvolver umlaboratório de demonstração das tecnologias envolvidas e capaz de ser aplicado em qualquer tipo de indústria.
 
Revista Canavieiros: Como fica a questão da mobilidade e logística com o Rota 2030?
Clemente: Com os futuros limites de eficiência energética para 2022, 2027 e 2032 deverá continuar o processo de introdução e aumento de escala de veículos com tecnologias mais eficientes.  Pela sua sustentabilidade e pelas suas características favoráveis para combustão em motores de alta eficiência, deverá ser valorizado ou incentivado o uso do etanol como combustível, tanto puro como a sua adição à gasolina. Os motores eficientes requerem combustíveis resistentes à chamada combustão com detonação, e é pela sua característica antidetonante superior à da gasolina que o etanol terá papel cada vez mais relevante na matriz de energéticos do Brasil.

Revista Canavieiros: Quais as diferenças entre o Rota 2030 e o Inovar-Auto? Como o senhor vê o Rota 2030, ele será melhor do que o Inovar-Auto?
Clemente: O Inovar-Auto teve o mérito de colocar o Brasil na rota tecnológica de busca de metas para eficiência energética. O Rota 2030 será a sua continuação, corrigindo os erros do Inovar-Auto, e aumentando o seu escopo e o seu alcance no setor, já que estão incluídas nas discussões ações para fortalecimento da cadeia de fornecedores, o que não ocorreu no Inovar-Auto.

Revista Canavieiros: Quais as perspectivas do senhor em relação ao uso do CRE (Certificado de Redução de Emissões) a ser criado pelo programa RenovaBio?
Clemente: Trata-se do CBio. As condições em que serão aprovadas as condições para o CBio ainda estão em discussão no Congresso e somente então permitirão uma avaliação do seu alcance.