Rubens Ometto Silveira Mello: intervenção do governo no mercado de combustíveis ‘só atrapalha’

30/10/2013 Cana-de-Açúcar POR: Unica
Os subsídios à gasolina e ao diesel no Brasil são “muito constrangedores” para aqueles que prezam o mercado, constituindo “um acinte, um aleijão que agride a Petrobrás, o produtor de etanol e açúcar, e ilude o consumidor brasileiro.” Assim se manifestou Rubens Ometto Silveira Mello, conselheiro da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e presidente do conselho da maior empresa do setor sucroenergético nacional, a Raízen, em discurso como convidado de honra do tradicional Sugar & Ethanol Dinner. O jantar de gala para mais de 800 convidados de diversos países foi realizado no dia 23 de outubro na Sala São Paulo.
O empresário descreveu a intervenção governamental sobre os preços de combustíveis nos últimos anos como errática e algo que só atrapalha a ação do setor privado, que necessita de regras claras, transparentes e estáveis para investir seu capital de risco. Ele descreveu o ressurgimento da interferência governamental como uma recaída de décadas, geradora de prejuízos para o setor.
“(O governo) não investe mas cria dificuldades para o investimento privado, mudando as regras do jogo no meio da partida. Ressuscita em tempos modernos o controle de preços da gasolina que vigorou na década de 80, extingue gradualmente o valor da CIDE (Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico) sobre a gasolina, repassando-o apenas para a Petrobrás e trazendo uma efetiva, real, perda de competitividade para o etanol,” frisou.
Para Silveira Mello, o resultado da interferência governamental está na gasolina e o diesel subsidiados, no gás natural com diferentes preços e na energia elétrica de diversas fontes tratadas como se fossem todas iguais, sem levar em conta os impactos positivos ou negativos de cada uma delas: “São impostos sem racionalidade econômica.”
Ele lembra que a efetiva desregulamentação do setor, particularmente para o etanol, só foi possível com a criação da CIDE, tributo federal com alíquotas incidentes sobre a gasolina e o diesel. Foi o que permitiu, segundo o empresário, queLuciana PaivaRubens Ometto Silveira Mello durante o evento  o etanol competisse de forma justa com a gasolina.
Apesar do retrocesso, Silveira Mello afirmou que continua acreditando no setor, que tem como bem mais precioso uma demanda em expansão para açúcar, etanol e energia: “Como maior produtor, mais que o dobro do segundo colocado, quero manter a Raízen a todo vapor, investindo, ganhando produtividade, moendo mais a cada safra. Afinal, essa é a nossa praia, a nossa cachaça. Mas o Brasil e o mundo precisam de greenfields e, como estamos, eles serão postergados e oportunidades serão certamente perdidas.”
Ele concluiu confirmando que no médio e longo prazos, a racionalidade econômica acaba prevalecendo sobre as distorções que a política possa criar. “Não posso deixar de dizer que há, mundialmente, uma profunda preocupação com políticos e política,” afirmou, e concluiu citando palavras do empresário Antonio Ermírio de Moraes: “Os políticos passam e o Brasil fica.”