Safra canavieira: à mercê do clima

12/07/2016 Cana-de-Açúcar POR: Andréia Vital – Revista Canavieiros – Edição 120
Intensidade do fenômeno La Niña poderá influenciar o desenvolvimento dos canaviais que já sofreram déficit hídrico e, agora, são castigados por chuvas intensas
As condições climáticas apresentadas no início da safra atual passaram a ser um sinal amarelo para produtores de cana-de-açúcar.
Os períodos secos ou com excesso de chuvas enfrentados até o momento, podem impactar a produtividade dos canaviais, culminando em uma moagem menor do que a projetada no início da temporada.
“No ano de 2015, tivemos boas condições climáticas para o desenvolvimento do canavial; entretanto, em janeiro de 2016, em algumas regiões foram registradas altas precipitações e baixa insolação. Se não bastasse, em abril, ocorreu uma alta demanda hídrica, devido a altas temperaturas e baixas precipitações, e agora, no final de maio e início de junho, ocorreram baixas temperaturas e o registro acima da média em termos de precipitação”, explica o professor doutor Maximiliano Salles Scarpari, pesquisador do Centro de Cana – APTA/IAC, que é também o coordenador do PREVCLIMACANA, um projeto do IAC (Instituto Agronômico), que desde 2006, faz o monitoramento da estimativa de produtividade em função dos fatores climáticos.
“Com esse cenário novamente atípico e não previsto, vemos uma cana que foi impactada pela seca e pela alta demanda hídrica de abril de 2016 e agora, com o excesso hídrico de final de maio e início de junho, veremos também a queda do ATR (Açúcar Total Recuperável), afirma ele, pontuando que o produtor deve se preocupar com o fato, visto que os cenários climáticos construídos para a simulação da produtividade dos próximos meses estão sendo desconstruídos pelo clima realizado.
La Niña poderá alterar a paisagem nas lavouras
De acordo com Paulo Sentelhas, professor de agrometeorologia da Esalq/USP, as condições climáticas da safra de 2015/16 favoreceram as canas precoces e médias, porém a ausência de chuva e as altas evapotranspirações de abril chegaram a causar alguma preocupação ao setor com relação às canas tardias. “No entanto, esse quadro vem sendo amenizado com as chuvas de maio, que ocorreram em boa parte do estado de São Paulo e da região Centro-Sul”, disse ele, alertando que, se as chuvas persistirem neste final de outono e começo de inverno, poderão causar grandes prejuízos, tanto pela redução da taxa de moagem como pela redução do ATR.
O especialista afirma também que o evento La Niña, que já vem se manifestando, deverá manter uma tendência de clima mais úmido e com temperaturas amenas neste inverno. O fato minimiza os problemas decorrentes do deficit hídrico, entretanto é um ponto de alerta na questão da colheita, do controle de doenças e pragas e na possibilidade de ocorrência de geadas. “A partir do meio do ano o La Niña deve se acentuar e, com isso, favorecer a passagem das frentes frias com mais rapidez sobre o Centro-Sul do Brasil, aumentando a possibilidade de chuvas mais irregulares durante o período primavera-verão de 2016-17. Por outro lado, nos estados produtores do NE, as chances são de chuvas mais regulares e intensas, levando a melhores condições para os canaviais”, explica.
Em anos anteriores, que tiveram a presença do fenômeno, as chances maiores de geadas ocorreram nos estados do Centro-Sul, especialmente no sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul e no Paraná. “Uma vez estabelecido o fenômeno La Niña deverá trazer chuvas mais irregulares nessas áreas, mas ainda não há prognósticos assertivos sobre isso”, ponderou Sentelhas, ressaltando que a baixa intensidade das chuvas pode ser um fator negativo para o desenvolvimento da cana. “Pode levar a uma maior frequência de déficits hídricos, reduzindo o crescimento dos canaviais e afetando as produtividades do final desta safra e do início da próxima”, alertou.
Solo úmido, máquinas paradas na lavoura
As chuvas têm atrapalhado a colheita, como no caso do produtor Rogério Consoni Bonaccorsi, que tem uma fazenda em Luiz Antônio - SP e está há mais de 10 dias (final de maio) parado com as colhedoras contratadas de uma usina, na lavoura, esperando o solo secar para dar continuidade à colheita.
O impacto do excesso de chuva é sentido no bolso, diz o produtor. “Diminui o ATR e aumenta o peso. Resultado: pago mais CCT (corte, carregamento e transporte) e recebo menos por toneladas”, afirmou, ressaltando que ainda perderam o maturador aplicado no canavial. “Não teremos, portanto, o resultado esperado, mas ganhamos em brotação”, argumentou.
Bonaccorsi faz parte do Programa “+Cana, Mais Produtividade no Canavial”, criado a partir da parceria do IAC (Instituto Agronômico), da Coplana (Cooperativa Agroindustrial) e da Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana), iniciado em março de 2015. “Estávamos justamente colhendo, pela primeira vez, a cana-planta de 13 meses cultivada em uma área de 60 hectares, onde foi aplicada a matriz desenvolvida pelo Marcos Landell, do IAC”, diz ele, contando que a previsão é colher sete mil toneladas nesta área. A matriz citada é uma maneira de conduzir as colheitas, antecipando o primeiro corte para o início da safra e postergando os seguintes, por cerca de 30 dias, colhendo os três primeiros cortes sempre com 13 meses. “Com isso, o canavial tem uma maior produtividade média”, conclui.
Apesar de atrapalharem a colheita, chuvas são favoráveis neste período
Para a DATAGRO, as pancadas de chuva previstas para os próximos dias não deverão causar grandes estragos nos canaviais do Centro-Sul do Brasil.
“Embora as condições climáticas possam provocar interrupções no ritmo de moagem, as chuvas, neste momento, são favoráveis para as usinas atualizarem o calendário de plantio, após a forte estiagem entre março e abril. O volume pluviométrico no período foi de 182,9 mm, 24,3% abaixo da média histórica”, explica Plínio Nastari, presidente da consultoria.
O consultor ressalta, porém, que a falta de umidade no mês de abril traz a perspectiva de quebra no rendimento agrícola nos canaviais a serem colhidos no final da safra. “O clima mais seco, neste período, resultou na formação de internódios (termo botânico que designa o intervalo entre o crescimento do caule da planta) mais curtos, fato que influencia na produtividade”, afirma Nastari.
Diante deste cenário, a consultoria estima que estes canaviais devam apresentar uma produtividade baixa, caso as condições climáticas não voltem ao normal. Com menos cana em campo, a safra 2016/17 tende a ser encerrada mais cedo que na anterior, restando poucas usinas operando no início de dezembro – e menos cana bisada para a safra 2017/18.
Segundo o presidente da DATAGRO, para o bom desempenho dos canaviais, o clima ideal é o quente e úmido no verão, e frio e seco no inverno. “Sendo assim, a temperatura e a precipitação são elementos fundamentais para o crescimento fisiológico da cana--de-açúcar”, elucida.
Preços faz safra atual ser melhor do que a do ciclo passado
Mesmo com a influência do clima adverso nas lavouras canavieiras, a safra atual é considerada mais positiva do que da temporada passada pelo presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan. “De um modo geral, a safra 2016/17 é melhor, já que tem melhor teor de açúcar, melhor preço e previsão de produtividade igual ou melhor do que a de 2015/16, embora, em relação ao volume, deva ser igual”, afirmou.
O executivo ressaltou que a chuva, neste período de maio e início de junho, não impactou tanto os canaviais da região de Sertãozinho-SP, mas, sim, garantiu a brotação. “No oeste do estado de São Paulo, choveu bem mais e isso começa a prejudicar a maturação da cana, mas, mesmo assim, a maturação está melhor do que foi no ano passado. Agora é preciso aguardar e verificar se o La Niña será mais ou menos intenso e como irá refletir no canavial”, alegou. 
Outro ponto citado pelo presidente da Canaoeste foi a surpresa em relação à produtividade, que vem se apresentando bem abaixo das expectativas. “A cana verde, com visual bonito, aparentava ter uma produtividade maior, mas, na saída de safra, surpreendeu, pois estava aquém do que se estimava. Entretanto, com as chuvas neste período, há espaço para a cana se desenvolver”, explicou.
El Niño e La Niña
El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento
anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial e afetando, assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao EL Niño e caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Alguns dos impactos do La Niña tendem a ser opostos aos do El Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta impactos significativos no tempo e clima devidos ao La Niña.
PIB Agropecuário mais baixo devido ao clima
O PIB (Produto Interno Bruto) da Agropecuária teve queda de 0,3% nos primeiros três meses deste ano, em relação ao trimestre anterior, somando no período R$ 88,6 bilhões. Os números foram divulgados no dia 1º de junho, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 
O Produto Interno Bruto é a soma de todas as riquezas do país. O PIB total brasileiro (R$ 1,47 trilhão) também teve o mesmo percentual de retração que o do setor agropecuário, 0,3%. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a agropecuária sofreu uma queda de 3,7% nos três primeiros meses deste ano, enquanto o PIB total caiu 5,4%. 
Segundo o coordenador geral de Estudos e Análises do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci mento), José Gasques, a seca e o excesso de chuvas nas regiões produtoras de grãos contribuíram para a retração do índice econômico.
O resultado da agropecuária se deve, principalmente, à diminuição na produção e na produtividade de alguns produtos com safra relevante no primeiro trimestre deste ano, afirmam analistas do IBGE. De acordo com o levantamento de safra do IBGE, divulgado em maio, a produção de milho reduziu 5% em relação à safra anterior. Já a do arroz caiu 7,6% e a do fumo, 20,9%.
O coordenador geral de Estudos e Análises do Mapa citou também que o levantamento de safra da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, também apontou diminuição na safra do algodão (-1,6%), arroz (-12,9%), feijão (-7,3%), milho primeira safra (-10,6%) e sorgo (-11,4%).
As condições climáticas apresentadas no início da safra atual passaram a ser um sinal amarelo para produtores de cana-de-açúcar.

 
Os períodos secos ou com excesso de chuvas enfrentados até o momento, podem impactar a produtividade dos canaviais, culminando em uma moagem menor do que a projetada no início da temporada.

 
“No ano de 2015, tivemos boas condições climáticas para o desenvolvimento do canavial; entretanto, em janeiro de 2016, em algumas regiões foram registradas altas precipitações e baixa insolação. Se não bastasse, em abril, ocorreu uma alta demanda hídrica, devido a altas temperaturas e baixas precipitações, e agora, no final de maio e início de junho, ocorreram baixas temperaturas e o registro acima da média em termos de precipitação”, explica o professor doutor Maximiliano Salles Scarpari, pesquisador do Centro de Cana – APTA/IAC, que é também o coordenador do PREVCLIMACANA, um projeto do IAC (Instituto Agronômico), que desde 2006, faz o monitoramento da estimativa de produtividade em função dos fatores climáticos.

 
“Com esse cenário novamente atípico e não previsto, vemos uma cana que foi impactada pela seca e pela alta demanda hídrica de abril de 2016 e agora, com o excesso hídrico de final de maio e início de junho, veremos também a queda do ATR (Açúcar Total Recuperável), afirma ele, pontuando que o produtor deve se preocupar com o fato, visto que os cenários climáticos construídos para a simulação da produtividade dos próximos meses estão sendo desconstruídos pelo clima realizado.

 
La Niña poderá alterar a paisagem nas lavouras

 
De acordo com Paulo Sentelhas, professor de agrometeorologia da Esalq/USP, as condições climáticas da safra de 2015/16 favoreceram as canas precoces e médias, porém a ausência de chuva e as altas evapotranspirações de abril chegaram a causar alguma preocupação ao setor com relação às canas tardias. “No entanto, esse quadro vem sendo amenizado com as chuvas de maio, que ocorreram em boa parte do estado de São Paulo e da região Centro-Sul”, disse ele, alertando que, se as chuvas persistirem neste final de outono e começo de inverno, poderão causar grandes prejuízos, tanto pela redução da taxa de moagem como pela redução do ATR.

 
O especialista afirma também que o evento La Niña, que já vem se manifestando, deverá manter uma tendência de clima mais úmido e com temperaturas amenas neste inverno. O fato minimiza os problemas decorrentes do deficit hídrico, entretanto é um ponto de alerta na questão da colheita, do controle de doenças e pragas e na possibilidade de ocorrência de geadas. “A partir do meio do ano o La Niña deve se acentuar e, com isso, favorecer a passagem das frentes frias com mais rapidez sobre o Centro-Sul do Brasil, aumentando a possibilidade de chuvas mais irregulares durante o período primavera-verão de 2016-17. Por outro lado, nos estados produtores do NE, as chances são de chuvas mais regulares e intensas, levando a melhores condições para os canaviais”, explica.

 
Em anos anteriores, que tiveram a presença do fenômeno, as chances maiores de geadas ocorreram nos estados do Centro-Sul, especialmente no sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul e no Paraná. “Uma vez estabelecido o fenômeno La Niña deverá trazer chuvas mais irregulares nessas áreas, mas ainda não há prognósticos assertivos sobre isso”, ponderou Sentelhas, ressaltando que a baixa intensidade das chuvas pode ser um fator negativo para o desenvolvimento da cana. “Pode levar a uma maior frequência de déficits hídricos, reduzindo o crescimento dos canaviais e afetando as produtividades do final desta safra e do início da próxima”, alertou.

 
Solo úmido, máquinas paradas na lavoura

 
As chuvas têm atrapalhado a colheita, como no caso do produtor Rogério Consoni Bonaccorsi, que tem uma fazenda em Luiz Antônio - SP e está há mais de 10 dias (final de maio) parado com as colhedoras contratadas de uma usina, na lavoura, esperando o solo secar para dar continuidade à colheita.

 
O impacto do excesso de chuva é sentido no bolso, diz o produtor. “Diminui o ATR e aumenta o peso. Resultado: pago mais CCT (corte, carregamento e transporte) e recebo menos por toneladas”, afirmou, ressaltando que ainda perderam o maturador aplicado no canavial. “Não teremos, portanto, o resultado esperado, mas ganhamos em brotação”, argumentou.

 
Bonaccorsi faz parte do Programa “+Cana, Mais Produtividade no Canavial”, criado a partir da parceria do IAC (Instituto Agronômico), da Coplana (Cooperativa Agroindustrial) e da Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana), iniciado em março de 2015. “Estávamos justamente colhendo, pela primeira vez, a cana-planta de 13 meses cultivada em uma área de 60 hectares, onde foi aplicada a matriz desenvolvida pelo Marcos Landell, do IAC”, diz ele, contando que a previsão é colher sete mil toneladas nesta área. A matriz citada é uma maneira de conduzir as colheitas, antecipando o primeiro corte para o início da safra e postergando os seguintes, por cerca de 30 dias, colhendo os três primeiros cortes sempre com 13 meses. “Com isso, o canavial tem uma maior produtividade média”, conclui.

 
Apesar de atrapalharem a colheita, chuvas são favoráveis neste período

 
Para a DATAGRO, as pancadas de chuva previstas para os próximos dias não deverão causar grandes estragos nos canaviais do Centro-Sul do Brasil.

 
“Embora as condições climáticas possam provocar interrupções no ritmo de moagem, as chuvas, neste momento, são favoráveis para as usinas atualizarem o calendário de plantio, após a forte estiagem entre março e abril. O volume pluviométrico no período foi de 182,9 mm, 24,3% abaixo da média histórica”, explica Plínio Nastari, presidente da consultoria.

 
O consultor ressalta, porém, que a falta de umidade no mês de abril traz a perspectiva de quebra no rendimento agrícola nos canaviais a serem colhidos no final da safra. “O clima mais seco, neste período, resultou na formação de internódios (termo botânico que designa o intervalo entre o crescimento do caule da planta) mais curtos, fato que influencia na produtividade”, afirma Nastari.

 
Diante deste cenário, a consultoria estima que estes canaviais devam apresentar uma produtividade baixa, caso as condições climáticas não voltem ao normal. Com menos cana em campo, a safra 2016/17 tende a ser encerrada mais cedo que na anterior, restando poucas usinas operando no início de dezembro – e menos cana bisada para a safra 2017/18.

 
Segundo o presidente da DATAGRO, para o bom desempenho dos canaviais, o clima ideal é o quente e úmido no verão, e frio e seco no inverno. “Sendo assim, a temperatura e a precipitação são elementos fundamentais para o crescimento fisiológico da cana--de-açúcar”, elucida.

 
Preços faz safra atual ser melhor do que a do ciclo passado

 
Mesmo com a influência do clima adverso nas lavouras canavieiras, a safra atual é considerada mais positiva do que da temporada passada pelo presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan. “De um modo geral, a safra 2016/17 é melhor, já que tem melhor teor de açúcar, melhor preço e previsão de produtividade igual ou melhor do que a de 2015/16, embora, em relação ao volume, deva ser igual”, afirmou.

 
O executivo ressaltou que a chuva, neste período de maio e início de junho, não impactou tanto os canaviais da região de Sertãozinho-SP, mas, sim, garantiu a brotação. “No oeste do estado de São Paulo, choveu bem mais e isso começa a prejudicar a maturação da cana, mas, mesmo assim, a maturação está melhor do que foi no ano passado. Agora é preciso aguardar e verificar se o La Niña será mais ou menos intenso e como irá refletir no canavial”, alegou. 

 
Outro ponto citado pelo presidente da Canaoeste foi a surpresa em relação à produtividade, que vem se apresentando bem abaixo das expectativas. “A cana verde, com visual bonito, aparentava ter uma produtividade maior, mas, na saída de safra, surpreendeu, pois estava aquém do que se estimava. Entretanto, com as chuvas neste período, há espaço para a cana se desenvolver”, explicou.

 
El Niño e La Niña

 
El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento
anormal das águas superficiais no oceano Pacífico Tropical e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a nível mundial e afetando, assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.

 
La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao EL Niño e caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Alguns dos impactos do La Niña tendem a ser opostos aos do El Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño apresenta impactos significativos no tempo e clima devidos ao La Niña.

 
PIB Agropecuário mais baixo devido ao clima

O PIB (Produto Interno Bruto) da Agropecuária teve queda de 0,3% nos primeiros três meses deste ano, em relação ao trimestre anterior, somando no período R$ 88,6 bilhões. Os números foram divulgados no dia 1º de junho, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

 
O Produto Interno Bruto é a soma de todas as riquezas do país. O PIB total brasileiro (R$ 1,47 trilhão) também teve o mesmo percentual de retração que o do setor agropecuário, 0,3%. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a agropecuária sofreu uma queda de 3,7% nos três primeiros meses deste ano, enquanto o PIB total caiu 5,4%. 

 
Segundo o coordenador geral de Estudos e Análises do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteci mento), José Gasques, a seca e o excesso de chuvas nas regiões produtoras de grãos contribuíram para a retração do índice econômico.

 
O resultado da agropecuária se deve, principalmente, à diminuição na produção e na produtividade de alguns produtos com safra relevante no primeiro trimestre deste ano, afirmam analistas do IBGE. De acordo com o levantamento de safra do IBGE, divulgado em maio, a produção de milho reduziu 5% em relação à safra anterior. Já a do arroz caiu 7,6% e a do fumo, 20,9%.

 
O coordenador geral de Estudos e Análises do Mapa citou também que o levantamento de safra da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, também apontou diminuição na safra do algodão (-1,6%), arroz (-12,9%), feijão (-7,3%), milho primeira safra (-10,6%) e sorgo (-11,4%).