Safra de cana cresce, mas produção de etanol deve estacionar

14/07/2016 Cana-de-Açúcar POR: Assessoria de Comunicação
A safra de cana-de-açúcar 2016/17, iniciada em abril, deverá ser recorde, com 691 milhões de toneladas colhidas, um aumento de 3,8% em relação à safra anterior, encerrada em março. A expansão não resultará em aumento na produção de etanol, que deve até mesmo apresentar ligeira queda, de 0,4% em relação à safra anterior, somando 30,3 bilhões de litros, prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção de açúcar deve crescer 12%.
Guilherme Pessini, gerente sênior de agronegócios no Itaú BBA, diz que as usinas privilegiam a produção de açúcar nesta safra em decorrência da valorização do produto no mercado internacional em 50% no prazo de um ano. A razão é o déficit global do produto que pode chegar a 10 milhões de toneladas no ano e ainda se prorrogar por 2017. “Hoje o açúcar gera um ganho 20% maior ao produtor do que o etanol”, afirma.
Em 2015 o consumo de etanol (anidro e hidratado) no país cresceu 19,6% para 28,79 bilhões de litros, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A comercialização de etanol hidratado, que abastece diretamente os veículos, cresceu 37,5%, chegando a 17,86 bilhões de litros. Já o consumo de gasolina automotiva foi de 41,13 bilhões de litros, queda de 7,3%.
Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Cana-de-Açúcar (Única), diz que o maior empenho das usinas em produzir açúcar na atual safra não irá prejudicar a oferta de etanol. “O abastecimento está garantido”, diz. Em 2015 foram exportados pelo país dois bilhões de litros de etanol neste ano será 1,5 bilhão. “A diferença de 500 milhões de litros será encaminhada ao mercado interno”, afirma.
O crescimento na demanda por açúcar e etanol não são suficientes, por ora, para estimular investimentos em expansão da capacidade produtiva do setor. Desde 2010, um total de 70 usinas encerrou atividades no país e várias entraram em recuperação judicial. A dívida das empresas do setor, segundo estimativa do Rabobank, ronda R$ 94 bilhões. “A prioridade do usineiro hoje é equalizar a estrutura financeira e investir na renovação do canavial”, diz Andy Duff, analista do Rabobank.
Por dificuldades financeiras, a taxa de renovação da área plantada caiu de 21% em 2011 para 10% em 2015, conforme dados da Única, reduzindo a produtividade da colheita. “A safra atual só é recorde devido a condições climáticas favoráveis”, diz o analista. 
Os problemas do setor têm origem em um ciclo de cinco anos, encerrado agora, de baixa nas cotações internacionais do açúcar, que coincidiu, no Brasil, com a estratégia do governo federal adotada desde 2010 de interferir nos preços dos combustíveis para controlar a inflação.
“Estamos iniciando um ciclo de alta, mas é um ciclo. Não há um cenário de longo prazo que permita planejar aumento da capacidade de produção”, diz João Alberto Abreu, vice-presidente da Raízen, companhia que em suas projeções iniciais estima uma colheita de 60 a 64 milhões de toneladas de cana na safra 2016/17 e destinar, como faz historicamente, por volta de 57% do total para a produção de açúcar.
Jacyr Costa Filho, diretor da Tereos para o Brasil, diz que a retomada dos investimentos no setor só ocorrerá com estabilidade nas políticos de preços dos combustíveis no país e a adoção de um marco regulatório do setor que crie incentivos aos combustíveis renováveis, garantindo a competitivdade diante dos combustíveis fósseis”.
“O etanol gera benefícios ao ambiente e a saúde pública, são diferenciais que devem ser valorizados”, diz. Na safra 2016/17, a Tereos projeta uma produção de 1,7 milhão de toneladas de açúcar e 710 mil m3 de etanol.
No ano passado, em Paris, na Conferência das Partes (CoP-21) sobre o Clima da ONU, o governo brasileiro assumiu o compromisso de ampliar de 6% para 18% até 2030 a participação dos biocombustíveis na matriz energética do país.
Nos cálculos da Única a meta exigirá uma produção anual de 50 bilhões de litros de etanol. “O anúncio na CoP-21 não foi acompanhado, até agora, de nenhuma política para viabilizar essa meta”, diz Pádua Rodrigues. 
A safra de cana-de-açúcar 2016/17, iniciada em abril, deverá ser recorde, com 691 milhões de toneladas colhidas, um aumento de 3,8% em relação à safra anterior, encerrada em março. A expansão não resultará em aumento na produção de etanol, que deve até mesmo apresentar ligeira queda, de 0,4% em relação à safra anterior, somando 30,3 bilhões de litros, prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção de açúcar deve crescer 12%.
Guilherme Pessini, gerente sênior de agronegócios no Itaú BBA, diz que as usinas privilegiam a produção de açúcar nesta safra em decorrência da valorização do produto no mercado internacional em 50% no prazo de um ano. A razão é o déficit global do produto que pode chegar a 10 milhões de toneladas no ano e ainda se prorrogar por 2017. “Hoje o açúcar gera um ganho 20% maior ao produtor do que o etanol”, afirma.
Em 2015 o consumo de etanol (anidro e hidratado) no país cresceu 19,6% para 28,79 bilhões de litros, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A comercialização de etanol hidratado, que abastece diretamente os veículos, cresceu 37,5%, chegando a 17,86 bilhões de litros. Já o consumo de gasolina automotiva foi de 41,13 bilhões de litros, queda de 7,3%.
Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da União da Cana-de-Açúcar (Única), diz que o maior empenho das usinas em produzir açúcar na atual safra não irá prejudicar a oferta de etanol. “O abastecimento está garantido”, diz. Em 2015 foram exportados pelo país dois bilhões de litros de etanol neste ano será 1,5 bilhão. “A diferença de 500 milhões de litros será encaminhada ao mercado interno”, afirma.
O crescimento na demanda por açúcar e etanol não são suficientes, por ora, para estimular investimentos em expansão da capacidade produtiva do setor. Desde 2010, um total de 70 usinas encerrou atividades no país e várias entraram em recuperação judicial. A dívida das empresas do setor, segundo estimativa do Rabobank, ronda R$ 94 bilhões. “A prioridade do usineiro hoje é equalizar a estrutura financeira e investir na renovação do canavial”, diz Andy Duff, analista do Rabobank.
Por dificuldades financeiras, a taxa de renovação da área plantada caiu de 21% em 2011 para 10% em 2015, conforme dados da Única, reduzindo a produtividade da colheita. “A safra atual só é recorde devido a condições climáticas favoráveis”, diz o analista. 

 
Os problemas do setor têm origem em um ciclo de cinco anos, encerrado agora, de baixa nas cotações internacionais do açúcar, que coincidiu, no Brasil, com a estratégia do governo federal adotada desde 2010 de interferir nos preços dos combustíveis para controlar a inflação.

 
“Estamos iniciando um ciclo de alta, mas é um ciclo. Não há um cenário de longo prazo que permita planejar aumento da capacidade de produção”, diz João Alberto Abreu, vice-presidente da Raízen, companhia que em suas projeções iniciais estima uma colheita de 60 a 64 milhões de toneladas de cana na safra 2016/17 e destinar, como faz historicamente, por volta de 57% do total para a produção de açúcar.
Jacyr Costa Filho, diretor da Tereos para o Brasil, diz que a retomada dos investimentos no setor só ocorrerá com estabilidade nas políticos de preços dos combustíveis no país e a adoção de um marco regulatório do setor que crie incentivos aos combustíveis renováveis, garantindo a competitivdade diante dos combustíveis fósseis”.
“O etanol gera benefícios ao ambiente e a saúde pública, são diferenciais que devem ser valorizados”, diz. Na safra 2016/17, a Tereos projeta uma produção de 1,7 milhão de toneladas de açúcar e 710 mil m3 de etanol.
No ano passado, em Paris, na Conferência das Partes (CoP-21) sobre o Clima da ONU, o governo brasileiro assumiu o compromisso de ampliar de 6% para 18% até 2030 a participação dos biocombustíveis na matriz energética do país.

 
Nos cálculos da Única a meta exigirá uma produção anual de 50 bilhões de litros de etanol. “O anúncio na CoP-21 não foi acompanhado, até agora, de nenhuma política para viabilizar essa meta”, diz Pádua Rodrigues.