Safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul será maior que o estimado, mas receita permanece aquém do valor observado em 2011/2012
20/12/2012
Cana-de-Açúcar
POR: UNICA
A moagem de cana-de-açúcar pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do País na safra 2012/2013 deverá ser superior às 518,50 milhões de toneladas estimadas pela UNICA em setembro deste ano. O volume final esperado pela entidade ao final da safra, em março de 2013, é de 532 milhões de toneladas, um crescimento de 2,60% em relação ao valor projetado em setembro e 4,52% superior às 509 milhões de toneladas estimadas para a atual safra em abril deste ano.
Segundo o diretor Técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, “em setembro já havíamos verificado que a disponibilidade de cana para moagem era superior às 518,50 milhões de toneladas estimadas, mas não imaginávamos que o clima em novembro seria tão seco, permitindo um avanço significativo da colheita.”
Para a primeira quinzena de dezembro, os números preliminares levantados pela UNICA em conjunto com os demais sindicatos e associações do Centro-Sul indicam que a quantidade de cana-de-açúcar processada deverá ser superior a 17 milhões de toneladas. Dessa forma, no acumulado desde o início da safra até 15 de dezembro, a moagem poderá alcançar 528 milhões de toneladas.
Para o diretor da UNICA, “a melhor condição climática e a maior disponibilidade de cana-de-açúcar fizeram com que as unidades produtoras adiassem o encerramento da safra, ampliando a moagem nos primeiros quinze dias de dezembro.” Contudo, a maior parte das empresas já encerrou as atividades e, a partir de agora, a moagem será residual e dependerá da intensidade das chuvas, acrescenta Rodrigues.
Produção de açúcar e de etanol
O aumento no volume de cana esmagada também deverá repercutir na produção de açúcar e de etanol. A produção de açúcar esperada para o final da safra deverá totalizar 34,05 milhões de toneladas, 4,13% acima do volume projetado anteriormente. No caso do etanol, a produção estimada até o final da atual safra é de 21,33 bilhões de litros, sendo 12,48 bilhões de etanol hidratado e 8,85 bilhões de litros de anidro, crescimento de 6,63% sobre a projeção de setembro.
Essa produção de etanol anidro e a regulação vigente, que exige a manutenção de estoques por produtores e distribuidores no final da entressafra, deverão resultar em um cenário de abastecimento mais tranquilo nesse período de interrupção da produção.
Faturamento
Apesar do aumento na produção de cana-de-açúcar, o faturamento das empresas do setor nesta safra poderá ficar aquém dos valores observados em 2011/2012. Em São Paulo, principal Estado produtor do País, o faturamento médio da indústria até novembro atingiu R$ 105,90 por tonelada de cana, queda de 6,72% em relação aos R$ 113,53 observados no mesmo período da safra anterior.
No caso do etanol, a receita média por tonelada de cana, acumulada de abril a novembro deste ano, totalizou R$ 92,18, queda de 10,34% em relação aos R$ 102,98 por tonelada em igual período da safra passada.
O faturamento com a comercialização de açúcar acumulado até novembro desta safra alcançou R$ 118,70 por tonelada de cana, retração de 3,95% em relação aos R$ 123,59 por tonelada na safra 2011/2012. A menor retração na receita observada na venda de açúcar se deve à desvalorização cambial nos últimos meses, que atenuou a queda de preço do produto no mercado internacional.
O etanol hidratado combustível vendido internamente continua sendo o produto menos atrativo para o produtor. A receita média obtida com a venda do produto nesta safra, acumulada de abril a novembro de 2012, alcançou apenas R$ 87,95 por tonelada de cana, valor consideravelmente inferior ao observado para o etanol anidro e o açúcar.
Segundo o diretor da UNICA, “a situação do setor produtivo de etanol é delicada, os custos e o nível de endividamento de parte das unidades continuam elevados e, dessa vez, o processo de consolidação observado no passado deu lugar ao fechamento de usinas em dificuldades, com direcionamento da cana para outras unidades”.
Segundo Rodrigues, o fechamento de indústrias vem reduzindo a capacidade de produção do setor. Ele explica que o processo ocorre gradativamente e pode não ser visível para alguns porque ainda há capacidade ociosa nas usinas, mas nos próximos anos essa perda de potencial de produção “certamente trará impactos na oferta de etanol e de açúcar.”
Até o momento, já existe a confirmação de que seis empresas deixarão de processar cana na safra 2013/2014. Adicionalmente, apenas duas novas unidades produtoras estão previstas para iniciar as operações no próximo ano, número consideravelmente inferior aquele verificado em anos anteriores (em 2008/2009, por exemplo, 30 novas unidades foram registradas).