Safra e dólar beneficiam cooperativas do PR

08/01/2015 Agronegócio POR: Valor Econômico
Os bons ventos que sopram nas lavouras de grãos da atual safra 2014/15 e a disparada do dólar ante o real, que tende a compensar parte da queda da soja e do milho no mercado internacional, devem permitir um novo avanço no faturamento das cooperativas agrícolas do Paraná este ano. A expectativa é que essas organizações contabilizem receita ao menos 10% acima de 2014, para algo entre R$ 46 bilhões e R$ 48 bilhões, calcula a Ocepar.
"Imaginamos uma possibilidade de aumento das exportações em função do dólar mais alto, que vinha na casa de R$ 2,20 e passou a R$ 2,70", disse Nelson Costa, superintendente adjunto da Ocepar, que representa as cooperativas paranaenses - sendo 78 agrícolas.
A tendência é que o estímulo aos embarques devido à valorização da moeda americana ajude a sustentar os ganhos dos produtores brasileiros em real, apesar do cenário negativo para as cotações dos grãos em decorrência da elevada oferta global. "Prevemos que as vendas externas rendam US$ 3 bilhões às cooperativas do Estado em 2015, frente aos US$ 2,5 bilhões no ano passado", estimou Costa.
Há outro fator que deve contribuir para turbinar o faturamento das cooperativas do Paraná: o represamento das vendas de grãos da safra passada, a 2013/14. À espera de uma reação nos preços, os agricultores vinham retendo a comercialização, mas a expectativa é de que os negócios deslanchem na medida em que a colheita da nova safra 2014/15 - que já começou em algumas regiões - ganhe mais ritmo.
Grandes locomotivas do Estado, as cooperativas agrícolas respondem por 56% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio e quase 20% do PIB total do Paraná. Mas, ainda que 2014 também tenha sido marcado por um incremento no faturamento dessas organizações, para R$ 42 bilhões, o ano não foi tão bom quanto os dois anteriores, na avaliação de Costa.
Entre outros fatores, em função da seca que reduziu em mais de um milhão de toneladas a safra de grãos no ano passado, do excesso de oferta de alguns produtos (caso de leite e carne de frango) e da redução do consumo, em função da inflação mais alta. "Em termos nominais, o crescimento foi de 10,5%, mas descontada a inflação, foi de apenas 4%. Em 2013, tivemos um avanço nominal de 16,5% e, real, de 10%, portanto bem maior", detalhou ele.
No front de investimentos, a estimativa da Ocepar é que se repita em 2015 o montante do último ano, de cerca de R$ 3 bilhões. Entre os recentes aportes estão um moinho de trigo que a Coamo, maior cooperativa agrícola da América Latina, colocará em operação entre abril e maio, além de um frigorífico de suínos fruto de uma parceria entre Castrolanda, Batavo e Capal, e outra grande indústria processadora de suínos da Frimesa.
"O plano é iniciar os abates em 2018, até atingir uma capacidade de 7 mil cabeças por dia, por volta de 2022", disse Irineo da Costa Rodrigues, diretor-presidente da Lar, uma das cinco cooperativas filiadas à Frimesa. Ao todo, a unidade absorverá R$ 450 milhões e as obras começarão no fim deste ano.
A Lar, que fica no município de Medianeira, oeste do Paraná, planeja investir R$ 180 milhões em 2015, nível semelhante ao do ano passado. Além do projeto com a Frimesa, a cooperativa injetará novos recursos também nos setores de avicultura de corte e grãos, dois dos que mais contribuem para seu faturamento. A Lar projeta uma elevação de 13% na receita este ano, a R$ 3,5 bilhões, ante os R$ 3,1 bilhões de 2014. Além do Paraná, a cooperativa atua em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e no Paraguai, com um total de quase 9,5 mil cooperados.
A Lar aguarda um recebimento de 900 mil toneladas de soja na atual temporada 2014/15. "Tivemos alguns problemas com o calor intenso entre outubro e novembro, mas a produtividade acima do esperado em Mato Grosso do Sul deve compensar", disse o diretor-presidente da Lar.
Na região de atuação da Cocamar, cooperativa com sede em Maringá, no norte do Paraná, as lavouras estão "excelentes", conforme o presidente-executivo José Fernandes Jardim Júnior. A previsão da Cocamar é receber 1,050 milhão de toneladas de soja nesta safra de verão, 23,5% acima da passada, o que deve contribuir para que o faturamento ultrapasse os R$ 3 bilhões, ante os R$ 2,85 bilhões de 2014.
Há uma preocupação, contudo, na disputa de espaço de armazenagem entre as safras nova e velha de grãos. "Temos 3 milhões de sacas [180 mil toneladas] de soja e 10 milhões de sacas [600 mil toneladas] de milho do ciclo 2013/14 que ainda não foram negociadas. Com isso, iniciamos a próxima safra com praticamente metade da capacidade de estocagem", disse Jardim Júnior. O problema, acrescentou o executivo, é compartilhado por todo o setor cooperativista do Estado neste momento. "O produtor tem sido mais conservador, mas será preciso que ele busque uma movimentação mais rápida da safra", concluiu.
Os bons ventos que sopram nas lavouras de grãos da atual safra 2014/15 e a disparada do dólar ante o real, que tende a compensar parte da queda da soja e do milho no mercado internacional, devem permitir um novo avanço no faturamento das cooperativas agrícolas do Paraná este ano. A expectativa é que essas organizações contabilizem receita ao menos 10% acima de 2014, para algo entre R$ 46 bilhões e R$ 48 bilhões, calcula a Ocepar.
"Imaginamos uma possibilidade de aumento das exportações em função do dólar mais alto, que vinha na casa de R$ 2,20 e passou a R$ 2,70", disse Nelson Costa, superintendente adjunto da Ocepar, que representa as cooperativas paranaenses - sendo 78 agrícolas.
A tendência é que o estímulo aos embarques devido à valorização da moeda americana ajude a sustentar os ganhos dos produtores brasileiros em real, apesar do cenário negativo para as cotações dos grãos em decorrência da elevada oferta global. "Prevemos que as vendas externas rendam US$ 3 bilhões às cooperativas do Estado em 2015, frente aos US$ 2,5 bilhões no ano passado", estimou Costa.
Há outro fator que deve contribuir para turbinar o faturamento das cooperativas do Paraná: o represamento das vendas de grãos da safra passada, a 2013/14. À espera de uma reação nos preços, os agricultores vinham retendo a comercialização, mas a expectativa é de que os negócios deslanchem na medida em que a colheita da nova safra 2014/15 - que já começou em algumas regiões - ganhe mais ritmo.
Grandes locomotivas do Estado, as cooperativas agrícolas respondem por 56% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio e quase 20% do PIB total do Paraná. Mas, ainda que 2014 também tenha sido marcado por um incremento no faturamento dessas organizações, para R$ 42 bilhões, o ano não foi tão bom quanto os dois anteriores, na avaliação de Costa.
Entre outros fatores, em função da seca que reduziu em mais de um milhão de toneladas a safra de grãos no ano passado, do excesso de oferta de alguns produtos (caso de leite e carne de frango) e da redução do consumo, em função da inflação mais alta. "Em termos nominais, o crescimento foi de 10,5%, mas descontada a inflação, foi de apenas 4%. Em 2013, tivemos um avanço nominal de 16,5% e, real, de 10%, portanto bem maior", detalhou ele.
No front de investimentos, a estimativa da Ocepar é que se repita em 2015 o montante do último ano, de cerca de R$ 3 bilhões. Entre os recentes aportes estão um moinho de trigo que a Coamo, maior cooperativa agrícola da América Latina, colocará em operação entre abril e maio, além de um frigorífico de suínos fruto de uma parceria entre Castrolanda, Batavo e Capal, e outra grande indústria processadora de suínos da Frimesa.
"O plano é iniciar os abates em 2018, até atingir uma capacidade de 7 mil cabeças por dia, por volta de 2022", disse Irineo da Costa Rodrigues, diretor-presidente da Lar, uma das cinco cooperativas filiadas à Frimesa. Ao todo, a unidade absorverá R$ 450 milhões e as obras começarão no fim deste ano.
A Lar, que fica no município de Medianeira, oeste do Paraná, planeja investir R$ 180 milhões em 2015, nível semelhante ao do ano passado. Além do projeto com a Frimesa, a cooperativa injetará novos recursos também nos setores de avicultura de corte e grãos, dois dos que mais contribuem para seu faturamento. A Lar projeta uma elevação de 13% na receita este ano, a R$ 3,5 bilhões, ante os R$ 3,1 bilhões de 2014. Além do Paraná, a cooperativa atua em Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e no Paraguai, com um total de quase 9,5 mil cooperados.
A Lar aguarda um recebimento de 900 mil toneladas de soja na atual temporada 2014/15. "Tivemos alguns problemas com o calor intenso entre outubro e novembro, mas a produtividade acima do esperado em Mato Grosso do Sul deve compensar", disse o diretor-presidente da Lar.
Na região de atuação da Cocamar, cooperativa com sede em Maringá, no norte do Paraná, as lavouras estão "excelentes", conforme o presidente-executivo José Fernandes Jardim Júnior. A previsão da Cocamar é receber 1,050 milhão de toneladas de soja nesta safra de verão, 23,5% acima da passada, o que deve contribuir para que o faturamento ultrapasse os R$ 3 bilhões, ante os R$ 2,85 bilhões de 2014.
Há uma preocupação, contudo, na disputa de espaço de armazenagem entre as safras nova e velha de grãos. "Temos 3 milhões de sacas [180 mil toneladas] de soja e 10 milhões de sacas [600 mil toneladas] de milho do ciclo 2013/14 que ainda não foram negociadas. Com isso, iniciamos a próxima safra com praticamente metade da capacidade de estocagem", disse Jardim Júnior. O problema, acrescentou o executivo, é compartilhado por todo o setor cooperativista do Estado neste momento. "O produtor tem sido mais conservador, mas será preciso que ele busque uma movimentação mais rápida da safra", concluiu.