São Martinho avalia que clima afeta próxima safra de cana do Centro-Sul

13/02/2019 Cana-de-Açúcar POR: Reuters
A empresa de açúcar e etanol São Martinho avalia que chuvas abaixo da média em dezembro e janeiro no principal cinturão produtor de cana do Brasil custarão caro, possivelmente impedindo qualquer crescimento de produção na próxima temporada.
A São Martinho, que está entre as cinco maiores empresas açucareiras do Brasil, reduziu nesta terça-feira a estimativa para o crescimento da sua moagem de cana na nova temporada, que começa em abril, para 5 por cento, ante 10 por cento em previsão de dezembro, por conta do tempo mais seco no centro-sul brasileiro.
A empresa esperava aumentar sua moagem de cana na próxima temporada para cerca de 22,5 milhões de toneladas, após investimentos em renovação de canaviais e por ter uma significativa porção de campos de cana que estarão prontos para o primeiro corte, em geral uma área mais produtiva.
"O setor, como um todo, provavelmente não crescerá de jeito nenhum", declarou Felipe Vicchiato, diretor financeiro da São Martinho, em teleconferência com analistas.
"O tempo estava anormal, muito quente e seco, nestes dois meses que são muito importantes para o crescimento da cana", disse, referindo-se a dezembro e janeiro.
A nova safra de cana brasileira começa oficialmente em abril, mas muitas usinas podem iniciar moagem em meados de março.
A São Martinho registrou um lucro líquido de 228 milhões de reais nos nove meses do ano da safra 2018/19, 32 por cento menor do que no mesmo período do ano anterior, devido a uma menor moagem de cana e menores volumes e preços do açúcar.
Vicchiato espera que os preços do açúcar avancem nos próximos meses, por conta da redução esperada nas safras de Índia e Brasil.
Se isso ocorrer, usinas podem escolher utilizar mais cana para produção de açúcar e nem tanto para o etanol, como foi o caso na atual temporada.
A companhia declarou que só decidirá sobre o mix de produção de açúcar e etanol em abril, dependendo dos preços do mercado.
Ainda de acordo com Vicchiato, a forte demanda por etanol no Brasil deve reduzir os estoques a níveis normais até o início da próxima safra.