Scania lançará primeiro caminhão canavieiro movido a biogás

24/07/2019 Edições POR: Revista Canavieiros
Paulo Moraes, da Scania, anuncio o caminhão canavieiro a biogás
Por: Marino Guerra
 
Durante a Agrishow, a Scania já havia dado mostras de que estava olhando para o setor de gás, tanto o natural como o biometano, com um carinho especial ao colocar em exposição um motor que aceita tanto o combustível fóssil como o renovável.
 
Contudo, durante o Seminário Técnico da Abiogás, o gerente executivo para a América Latina da montadora, Paulo Moraes, foi claro em afirmar que ainda em 2019 a Scania lançará um caminhão canavieiro movido a gás.
 
O veículo deverá nascer a partir de um modelo de 410 cavalos de potência cujo os testes já foram anunciados em parceria com a Citrosuco em seguidas viagens fazendo a rota Matão – Santos – Matão.
 
Segundo o executivo, pensar na utilização de combustíveis alternativos para o transporte de cargas é o norte da indústria, porém é preciso respeitar a questão da viabilidade econômica para o cliente como referência para estipular a velocidade de transição. “Acreditamos muito no gás, mas o diesel não vai desaparecer amanhã”, disse Moraes.
 
Em outras palavras, a tecnologia já está pronta, basta definir como o mercado irá utilizá-la.
 
Este cenário fica nítido ao observar o que está acontecendo com a frota pesada da Europa. Na Suécia, país mais sustentável do mundo, por exemplo, sua frota de ônibus urbano é abastecida por biometano, enquanto que 90% de sua rede de abastecimento de gás também são compostas somente pela solução renovável.
 
Sobre a questão do tanque, quando vêm à mente aqueles enormes cilindros que ocupavam quase um porta-malas inteiro de um táxi no auge do GNV em São Paulo, a Scania mostrou que deve haver uma distribuição ao longo do veículo, aumentando a sua segurança quanto a vazamentos e possíveis explosões pela introdução de válvulas de segurança.
 
A notícia é muito boa, mas há uma pedra no caminho. Como adquirir um caminhão que se move a biogás para fazer o transporte de cana para a usina, por exemplo, quando se observa que os dois projetos de produção do biocombustível se estipulam na construção da parte de refinamento (necessário para seu uso como combustível) ou numa segunda fase, sem data definida, como é o caso da Unidade de Bonfim da Raízen e também da Cocal, com uma produção ainda muito pequena?
 
Para essa questão só existe uma resposta: o fato de a tecnologia ser flex. No caso do modelo a ser lançado pela Scania, o caminhão também poderá se movimentar a gás natural, fazendo com que, principalmente depois da descoberta das gigantescas reservas deste combustível no pré-sal, seja diminuído o custo de logística pela sua diferença de preço em relação ao diesel.
 
Porém, os caminhões deverão conviver com uma tecnologia que aceite três combustíveis. Além dos dois tipos de gás, o veículo também poderá ser abastecido com diesel.
 
Segundo a Convergás, empresa que trabalha na tecnologia, a curva de desempenho é bem parecida nos caminhões tanto ao rodar com diesel como com qualquer um dos dois tipos de gás.