Todo o otimismo do setor sucroalcooleiro no início da moagem da safra de cana¬de¬açúcar no Nordeste, cerca de quatro meses atrás, desidratou. As chuvas cessaram há mais de dois meses na Zona da Mata, acelerando a moagem de cana. O resultado é que duas usinas em Pernambuco já encerraram suas atividades, e a perspectiva é que outras sigam o mesmo caminho, reduzindo a produção esperada e alongando o próximo período de entressafra na região. Na estimativa do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), as usinas do Nordeste processarão 50 milhões de toneladas de cana nesta safra 2016/17, que começou oficialmente em setembro na região. A expectativa inicial era de que fossem processadas 54 milhões de toneladas de cana. As áreas mais afetadas até o momento foram o norte de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
O tempo seco impede o desenvolvimento da cana, reduzindo o volume colhido por hectare, embora favoreça a concentração de açúcares na planta. Também permite o avanço mais rápido da colheita, e consequentemente, da moagem. As usinas estão avançadas no calendário de processamento e duas já encerraram as atividades desta safra: a Laranjeiras, em Vicência (PE), e a usina da Cooperativa da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (Coaf), em Timbaúba (PE). Segundo Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar¬ PE, é possível que até o fim deste mês mais duas usinas encerrem a moagem desta safra. Em Pernambuco, as 15 usinas em operação devem antecipar o fim do processamento em cerca de um mês, levando ao encerramento das atividades em torno de janeiro e fevereiro. Com isso, a entressafra deve ter entre sete e oito meses, disse Cunha. Normalmente, dura cerca de seis meses. Em Alagoas, onde há 19 usinas em atividade, as poucas unidades mais atrasadas encerrarão a moagem na segunda quinzena de março, segundo Pedro Robério, presidente do Sindaçúcar do Estado. Algumas usinas pararam por falta de cana. Foi o caso da Coaf, que encerrou a safra com 344 mil toneladas processadas, ante 450 mil toneladas esperadas no início do ciclo. Uma entressafra prolongada no Nordeste e Norte deve significar maior necessidade de aquisição de etanol de fora das duas regiões, onde a produção canavieira já é preferencialmente voltada à produção de açúcar, o que tende a se acentuar nesta safra com a maior rentabilidade do produto ante o etanol. Porém, tanto Cunha como Robério acreditam que não será preciso aumentar a importação de etanol dos EUA para garantir o abastecimento regional, embora alguns carregamentos do biocombustível americano tenham desembarcado nos últimos meses nos portos da região em plena safra. Para Cunha, a necessidade de etanol das regiões neste período pode ser coberta pela produção das usinas de Goiás, Minas Gerais e até mesmo da Bahia. Além disso, "a economia está patrocinando uma redução da demanda", afirmou Robério. Segundo o presidente do Sindaçúcar de Alagoas, o Nordeste recebeu carregamentos de etanol americano recentemente porque a isenção da cobrança de ICMS sobre a importação de biocombustível no porto de São Luis, em Maranhão, torna o produto mais barato para as tradings em relação ao que chega por cabotagem a partir do Centro¬Sul.
Por Camila Souza Ramos
Todo o otimismo do setor sucroalcooleiro no início da moagem da safra de cana¬de¬açúcar no Nordeste, cerca de quatro meses atrás, desidratou. As chuvas cessaram há mais de dois meses na Zona da Mata, acelerando a moagem de cana. O resultado é que duas usinas em Pernambuco já encerraram suas atividades, e a perspectiva é que outras sigam o mesmo caminho, reduzindo a produção esperada e alongando o próximo período de entressafra na região. Na estimativa do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), as usinas do Nordeste processarão 50 milhões de toneladas de cana nesta safra 2016/17, que começou oficialmente em setembro na região. A expectativa inicial era de que fossem processadas 54 milhões de toneladas de cana. As áreas mais afetadas até o momento foram o norte de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.
O tempo seco impede o desenvolvimento da cana, reduzindo o volume colhido por hectare, embora favoreça a concentração de açúcares na planta. Também permite o avanço mais rápido da colheita, e consequentemente, da moagem. As usinas estão avançadas no calendário de processamento e duas já encerraram as atividades desta safra: a Laranjeiras, em Vicência (PE), e a usina da Cooperativa da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (Coaf), em Timbaúba (PE). Segundo Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar¬ PE, é possível que até o fim deste mês mais duas usinas encerrem a moagem desta safra. Em Pernambuco, as 15 usinas em operação devem antecipar o fim do processamento em cerca de um mês, levando ao encerramento das atividades em torno de janeiro e fevereiro. Com isso, a entressafra deve ter entre sete e oito meses, disse Cunha. Normalmente, dura cerca de seis meses. Em Alagoas, onde há 19 usinas em atividade, as poucas unidades mais atrasadas encerrarão a moagem na segunda quinzena de março, segundo Pedro Robério, presidente do Sindaçúcar do Estado. Algumas usinas pararam por falta de cana. Foi o caso da Coaf, que encerrou a safra com 344 mil toneladas processadas, ante 450 mil toneladas esperadas no início do ciclo. Uma entressafra prolongada no Nordeste e Norte deve significar maior necessidade de aquisição de etanol de fora das duas regiões, onde a produção canavieira já é preferencialmente voltada à produção de açúcar, o que tende a se acentuar nesta safra com a maior rentabilidade do produto ante o etanol. Porém, tanto Cunha como Robério acreditam que não será preciso aumentar a importação de etanol dos EUA para garantir o abastecimento regional, embora alguns carregamentos do biocombustível americano tenham desembarcado nos últimos meses nos portos da região em plena safra. Para Cunha, a necessidade de etanol das regiões neste período pode ser coberta pela produção das usinas de Goiás, Minas Gerais e até mesmo da Bahia. Além disso, "a economia está patrocinando uma redução da demanda", afirmou Robério. Segundo o presidente do Sindaçúcar de Alagoas, o Nordeste recebeu carregamentos de etanol americano recentemente porque a isenção da cobrança de ICMS sobre a importação de biocombustível no porto de São Luis, em Maranhão, torna o produto mais barato para as tradings em relação ao que chega por cabotagem a partir do Centro¬Sul.
Por Camila Souza Ramos