Muitos investidores de commodities estão mantendo suas apostas otimistas no açúcar, prevendo que a queda acentuada na produção do Brasil vai frear o crescimento da oferta mundial.
A seca que atingiu o Brasil, o maior produtor de açúcar do mundo, no começo do ano, prejudicou as plantações de cana-de-açúcar, levando a cooperativa Copersucar SA a estimar, na semana passada, que a produção de açúcar na principal região produtora do país, o Centro-Sul, vai diminuir em 6,7%, para 32 milhões de toneladas, em relação ao recorde de 34,3 milhões de toneladas atingido na safra passada. Seria o maior recuo anual desde 2000.
"O mercado vai ficar mais apertado de forma mais rápida do que qualquer pessoa esteja disposta a considerar no momento", diz Gillian Rutherford, vice-presidente sênior da Pacific Investment Management Co. (Pimco), que administra US$ 25 bilhões de ativos de vários portfólios de commodities. Os preços no mercado de futuros de açúcar, que movimenta US$ 16 bilhões, subiram 3,4% até agora neste ano, na bolsa americana de futuros ICE U.S.
A Pimco tem uma exposição ao açúcar maior que a recomendada pelos principais índices de commodities.
Os períodos de declínio na produção do açúcar brasileiro contribuíram para elevar preços no passado, uma reação do mercado que é parte do ciclo de altos e baixos típico de muitos produtos agrícolas. Em 2000, os produtores brasileiros, desencorajados por preços baixos, plantaram menos cana-de-açúcar, causando uma queda de 25% na produção do país. Os preços do açúcar no mercado mundial mais do que dobraram naquele ano.
Qualquer alta sustentada nos preços pode ser uma má notícia para os fabricantes de alimentos e restaurantes, e possivelmente também para os consumidores, dizem analistas. Nos últimos anos, os preços do açúcar vêm se mostrando mais estáveis, em níveis historicamente baixos, do que os de outros alimentos, o que ajudou as empresas a controlar custos. "Se a situação mudar, poderíamos ver algumas empresas onde isso poderia causar pequenos aumentos de preços", diz Will Slabaugh, analista do setor de restaurantes do banco de investimento e gestor de recursos Stephens Inc.
O preço do açúcar no contrato para entrega em outubro, o vencimento mais próximo, caiu 1,2% ontem, para US$ 0,1696 a libra-peso (ou US$ 0,3739 o quilo). A média do preço dos futuros de açúcar nos últimos cinco anos foi de US$ 0,2116 a libra-peso. Os preços recuaram em relação a junho, quando atingiram o pico de um período de oito meses, já que as condições de seca no Brasil permitiram a aceleração da colheita do açúcar.
Os fundos de investimento e gestores de recursos, como um todo, vêm sendo otimistas quanto ao açúcar desde o fim de fevereiro, quando os efeitos da seca começaram a ficar aparentes. De fato, o total de apostas otimistas subiu para o maior patamar desde novembro, embora tenha caído nas últimas semanas, segundo os dados mais recentes da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities dos Estados Unidos.
Alguns investidores que estão fazendo apostas pessimistas (que dão lucro se os preços caem), dizem que há simplesmente muito açúcar armazenado, proveniente das volumosas safras dos últimos anos. Analistas do banco holandês Rabobank, especializado em alimentos e agricultura, estimam que os estoques mundiais de açúcar estejam agora num recorde de 71 milhões de toneladas, suficientes para satisfazer o consumo global, ao ritmo corrente, por 148 dias. Mesmo uma safra decepcionante no Brasil não vai prejudicar substancialmente o suprimento, dizem alguns investidores.
"Simplesmente, há muito açúcar", diz Mike Seery, diretor-superintendente da Seery Futures, uma corretora do Estado americano de Illinois. No começo do mês, Seery fez operações apostando que os preços do açúcar iriam cair.
Ainda assim, muitos gestores de fundos dizem que os problemas potenciais vão além do Brasil. A negociadora britânica de açúcar Czarnikow projeta que a demanda vai superar a produção em 500.000 toneladas nesta temporada, no que poderia ser o primeiro déficit em cinco anos.
A Índia, o maior consumidor de açúcar do mundo e o segundo maior produtor, tem recebido menos chuvas que o normal desde o início do período das monções, em junho. O país geralmente produz açúcar suficiente para atender a demanda doméstica, mas pode ter dificuldade neste ano, dizem investidores.
Se a Índia for forçada a importar açúcar, isso vai "deixar o mercado nervoso", diz Harish Sundaresh, estrategista de commodities da Loomis, Sayles & Co., gestora de Boston que administra cerca de US$ 210 bilhões.
Sundaresh fez apostas recentes no mercado futuro de açúcar que se beneficiariam de um aumento nos preços. Ele prevê que os preços vão chegar a até US$ 0,20 a libra-peso nos próximos seis meses.
O mercado de açúcar não assimilou totalmente a escala da seca no Brasil, diz Luis Roberto Pogetti, diretor-presidente da Copersucar, cooperativa que á a maior produtora e exportadora de açúcar no país. "Veremos preços cada vez mais altos nos próximos meses".
Muitos investidores de commodities estão mantendo suas apostas otimistas no açúcar, prevendo que a queda acentuada na produção do Brasil vai frear o crescimento da oferta mundial.
A seca que atingiu o Brasil, o maior produtor de açúcar do mundo, no começo do ano, prejudicou as plantações de cana-de-açúcar, levando a cooperativa Copersucar SA a estimar, na semana passada, que a produção de açúcar na principal região produtora do país, o Centro-Sul, vai diminuir em 6,7%, para 32 milhões de toneladas, em relação ao recorde de 34,3 milhões de toneladas atingido na safra passada. Seria o maior recuo anual desde 2000.
"O mercado vai ficar mais apertado de forma mais rápida do que qualquer pessoa esteja disposta a considerar no momento", diz Gillian Rutherford, vice-presidente sênior da Pacific Investment Management Co. (Pimco), que administra US$ 25 bilhões de ativos de vários portfólios de commodities. Os preços no mercado de futuros de açúcar, que movimenta US$ 16 bilhões, subiram 3,4% até agora neste ano, na bolsa americana de futuros ICE U.S.
A Pimco tem uma exposição ao açúcar maior que a recomendada pelos principais índices de commodities.
Os períodos de declínio na produção do açúcar brasileiro contribuíram para elevar preços no passado, uma reação do mercado que é parte do ciclo de altos e baixos típico de muitos produtos agrícolas. Em 2000, os produtores brasileiros, desencorajados por preços baixos, plantaram menos cana-de-açúcar, causando uma queda de 25% na produção do país. Os preços do açúcar no mercado mundial mais do que dobraram naquele ano.
Qualquer alta sustentada nos preços pode ser uma má notícia para os fabricantes de alimentos e restaurantes, e possivelmente também para os consumidores, dizem analistas. Nos últimos anos, os preços do açúcar vêm se mostrando mais estáveis, em níveis historicamente baixos, do que os de outros alimentos, o que ajudou as empresas a controlar custos. "Se a situação mudar, poderíamos ver algumas empresas onde isso poderia causar pequenos aumentos de preços", diz Will Slabaugh, analista do setor de restaurantes do banco de investimento e gestor de recursos Stephens Inc.
O preço do açúcar no contrato para entrega em outubro, o vencimento mais próximo, caiu 1,2% ontem, para US$ 0,1696 a libra-peso (ou US$ 0,3739 o quilo). A média do preço dos futuros de açúcar nos últimos cinco anos foi de US$ 0,2116 a libra-peso. Os preços recuaram em relação a junho, quando atingiram o pico de um período de oito meses, já que as condições de seca no Brasil permitiram a aceleração da colheita do açúcar.
Os fundos de investimento e gestores de recursos, como um todo, vêm sendo otimistas quanto ao açúcar desde o fim de fevereiro, quando os efeitos da seca começaram a ficar aparentes. De fato, o total de apostas otimistas subiu para o maior patamar desde novembro, embora tenha caído nas últimas semanas, segundo os dados mais recentes da Comissão de Comércio de Futuros de Commodities dos Estados Unidos.
Alguns investidores que estão fazendo apostas pessimistas (que dão lucro se os preços caem), dizem que há simplesmente muito açúcar armazenado, proveniente das volumosas safras dos últimos anos. Analistas do banco holandês Rabobank, especializado em alimentos e agricultura, estimam que os estoques mundiais de açúcar estejam agora num recorde de 71 milhões de toneladas, suficientes para satisfazer o consumo global, ao ritmo corrente, por 148 dias. Mesmo uma safra decepcionante no Brasil não vai prejudicar substancialmente o suprimento, dizem alguns investidores.
"Simplesmente, há muito açúcar", diz Mike Seery, diretor-superintendente da Seery Futures, uma corretora do Estado americano de Illinois. No começo do mês, Seery fez operações apostando que os preços do açúcar iriam cair.
Ainda assim, muitos gestores de fundos dizem que os problemas potenciais vão além do Brasil. A negociadora britânica de açúcar Czarnikow projeta que a demanda vai superar a produção em 500.000 toneladas nesta temporada, no que poderia ser o primeiro déficit em cinco anos.
A Índia, o maior consumidor de açúcar do mundo e o segundo maior produtor, tem recebido menos chuvas que o normal desde o início do período das monções, em junho. O país geralmente produz açúcar suficiente para atender a demanda doméstica, mas pode ter dificuldade neste ano, dizem investidores.
Se a Índia for forçada a importar açúcar, isso vai "deixar o mercado nervoso", diz Harish Sundaresh, estrategista de commodities da Loomis, Sayles & Co., gestora de Boston que administra cerca de US$ 210 bilhões.
Sundaresh fez apostas recentes no mercado futuro de açúcar que se beneficiariam de um aumento nos preços. Ele prevê que os preços vão chegar a até US$ 0,20 a libra-peso nos próximos seis meses.
O mercado de açúcar não assimilou totalmente a escala da seca no Brasil, diz Luis Roberto Pogetti, diretor-presidente da Copersucar, cooperativa que á a maior produtora e exportadora de açúcar no país. "Veremos preços cada vez mais altos nos próximos meses".