O mercado futuro de açúcar em NY fechou nesta sexta-feira valorizado em relação à semana anterior. O vencimento outubro de 2014 encerrou o pregão com valorização na semana de 17 pontos (3,75 dólares por tonelada) cotado a 17.14 centavos de dólar por libra-peso. Todos os demais meses de vencimento fecharam com altas mais vigorosas, variando positivamente entre 33 e 45 pontos, aproximadamente entre 7 e 10 dólares por tonelada. A pressão é em cima do mês presente.
O spread outubro/2014 e março/2015, alargando até 163 pontos provavelmente antecipando entrega significativa de açúcar tailandês, segundo um trader do mercado. O spread apresenta um custo implícito de carrego de 24.78% ao ano. Inacreditavelmente alto. Apenas com o intuito de comparação, o mesmo spread para a safra 2015/2016 mostra um carregamento de 4.98% ao ano.
Com açúcar plenamente disponível para o curto prazo não existe corre-corre para que os consumidores finais se adiantem para refazer seus estoques. Nada no curto prazo parece preocupá-los e evidentemente que os descontos afrouxam e o mercado interno sente a pressão de açúcar que antes seria destinado para a exportação, agora procura espaço internamente. Do início de maio para cá, o açúcar para exportação em reais caiu pouco menos de 3% enquanto o açúcar destinado ao mercado interno caiu o triplo disso. O mau desempenho da economia e a queda do consumo são fatores que influenciaram essa variação.
Em reais por tonelada, um parâmetro que considero importante para a análise pois neutraliza a variação da moeda, apuramos que o valor médio do açúcar este ano está em R$ 885.00, tendo já atingido R$ 982.00 na alta e R$ 817.00 na baixa. O fechamento de sexta apontava para R$ 876.00. Nos últimos dois meses a correlação entre os preços em reais por tonelada e a cotação do açúcar em NY em centavos de dólar por libra-peso é de 92%. E dá para se perceber também que o efeito da moeda (variação do real vis-à-vis açúcar em NY), que deveriam produzir uma correlação negativa importante, é de pouco mais de -0.25. Ou seja, o mercado está atrelado à cotação de NY puramente.
Fazendo uso dos mesmos argumentos já trazidos anteriormente nesse comentário semanal, confio que o açúcar tem um suporte que hoje poderia ser traduzido em 16 centavos de dólar por libra-peso e uma resistência significativa em 19.20 centavos de dólar por libra-peso. Algumas estratégias com opções podem ser criadas para buscar capturar essa visão. Com as margens insignificantes que estamos vivendo nesses tempos bicudos, há necessidade de ser criativo para esquadrinhar oportunidades nesse mercado, sem abrir mão da gestão de risco. Acredito que estamos num momento de se criar condições para aproveitar eventuais espasmos desse mercado. Eles certamente virão.
O custo de produção de açúcar posto usina, apurado pelo modelo desenvolvido pela Archer Consulting está hoje em R$ 34.9800 por saca de 50kg. Para uma usina localizada na região de Ribeirão Preto, por exemplo, isso equivale a aproximadamente 16.25 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos. Considerando que o desconto do FOB para embarque agosto é de 75, NY precisa estar em 17 centavos de dólar por libra-peso para empatar. Ou seja, não tem margem quase que nenhuma.
Dez dos últimos quinze pregões na bolsa de NY tiveram volume diário abaixo de 100.000 contratos. Como disse um corretor em NY, chamar esse mercado de quieto é um eufemismo. Deve ser menos enfadonho assistir a uma corrida de jabutis.
Lembram da entrevista de Michael Lewis comentada aqui no começo de abril, sobre os High Frequence Traders, e a repercussão que ela teve nos EUA quando ele disse que o mercado acionário era manipulado? Muito bem, matéria publicada nesta última quinta pelo site Wall Street On Parade (sem relação com o Wall Street Journal), relata que o presidente da Bolsa de Chicago, Terrence Duffy, tem se esforçado em afirmar que as bolsas de commodities são imaculadas e diferentes das bolsas de ações, conforme testemunho que o próprio deu ao Senado. No entanto, na terça-feira passada três operadores do mercado de Chicago entraram com uma ação na Corte Federal contra o presidente da Bolsa e outros indivíduos em papel de comando da instituição, alegando entre outras coisas, que 50% do volume negociado em Chicago refere-se a operações cujos compradores e vendedores são as mesmas pessoas, falsamente sugerindo volume e movimento de preços. Ou seja, manipulação despudorada. A pergunta que não quer calar: será que isso acontece na ICE? Será que isso acontece especificamente com o contrato de açúcar?
O inferno astral de Lula pode estar apenas começando. Um amigo economista do mercado comenta que se Lula perder a eleição (convenhamos, ele é ex-presidente em exercício), não pode esquecer que o ano que vem José Dirceu sai da cadeia e deve estar com uma gana por ter sido abandonado pelo chefe. Mas ainda é cedo para essas conjecturas porque segundo esse amigo, "eleição e mineração a gente só sabe o resultado depois da apuração".
Arnaldo Luiz Corrêa
Diretor da Archer Consulting
O mercado futuro de açúcar em NY fechou nesta sexta-feira valorizado em relação à semana anterior. O vencimento outubro de 2014 encerrou o pregão com valorização na semana de 17 pontos (3,75 dólares por tonelada) cotado a 17.14 centavos de dólar por libra-peso. Todos os demais meses de vencimento fecharam com altas mais vigorosas, variando positivamente entre 33 e 45 pontos, aproximadamente entre 7 e 10 dólares por tonelada. A pressão é em cima do mês presente.
O spread outubro/2014 e março/2015, alargando até 163 pontos provavelmente antecipando entrega significativa de açúcar tailandês, segundo um trader do mercado. O spread apresenta um custo implícito de carrego de 24.78% ao ano. Inacreditavelmente alto. Apenas com o intuito de comparação, o mesmo spread para a safra 2015/2016 mostra um carregamento de 4.98% ao ano.
Com açúcar plenamente disponível para o curto prazo não existe corre-corre para que os consumidores finais se adiantem para refazer seus estoques. Nada no curto prazo parece preocupá-los e evidentemente que os descontos afrouxam e o mercado interno sente a pressão de açúcar que antes seria destinado para a exportação, agora procura espaço internamente. Do início de maio para cá, o açúcar para exportação em reais caiu pouco menos de 3% enquanto o açúcar destinado ao mercado interno caiu o triplo disso. O mau desempenho da economia e a queda do consumo são fatores que influenciaram essa variação.
Em reais por tonelada, um parâmetro que considero importante para a análise pois neutraliza a variação da moeda, apuramos que o valor médio do açúcar este ano está em R$ 885.00, tendo já atingido R$ 982.00 na alta e R$ 817.00 na baixa. O fechamento de sexta apontava para R$ 876.00. Nos últimos dois meses a correlação entre os preços em reais por tonelada e a cotação do açúcar em NY em centavos de dólar por libra-peso é de 92%. E dá para se perceber também que o efeito da moeda (variação do real vis-à-vis açúcar em NY), que deveriam produzir uma correlação negativa importante, é de pouco mais de -0.25. Ou seja, o mercado está atrelado à cotação de NY puramente.
Fazendo uso dos mesmos argumentos já trazidos anteriormente nesse comentário semanal, confio que o açúcar tem um suporte que hoje poderia ser traduzido em 16 centavos de dólar por libra-peso e uma resistência significativa em 19.20 centavos de dólar por libra-peso. Algumas estratégias com opções podem ser criadas para buscar capturar essa visão. Com as margens insignificantes que estamos vivendo nesses tempos bicudos, há necessidade de ser criativo para esquadrinhar oportunidades nesse mercado, sem abrir mão da gestão de risco. Acredito que estamos num momento de se criar condições para aproveitar eventuais espasmos desse mercado. Eles certamente virão.
O custo de produção de açúcar posto usina, apurado pelo modelo desenvolvido pela Archer Consulting está hoje em R$ 34.9800 por saca de 50kg. Para uma usina localizada na região de Ribeirão Preto, por exemplo, isso equivale a aproximadamente 16.25 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos. Considerando que o desconto do FOB para embarque agosto é de 75, NY precisa estar em 17 centavos de dólar por libra-peso para empatar. Ou seja, não tem margem quase que nenhuma.
Dez dos últimos quinze pregões na bolsa de NY tiveram volume diário abaixo de 100.000 contratos. Como disse um corretor em NY, chamar esse mercado de quieto é um eufemismo. Deve ser menos enfadonho assistir a uma corrida de jabutis.
Lembram da entrevista de Michael Lewis comentada aqui no começo de abril, sobre os High Frequence Traders, e a repercussão que ela teve nos EUA quando ele disse que o mercado acionário era manipulado? Muito bem, matéria publicada nesta última quinta pelo site Wall Street On Parade (sem relação com o Wall Street Journal), relata que o presidente da Bolsa de Chicago, Terrence Duffy, tem se esforçado em afirmar que as bolsas de commodities são imaculadas e diferentes das bolsas de ações, conforme testemunho que o próprio deu ao Senado. No entanto, na terça-feira passada três operadores do mercado de Chicago entraram com uma ação na Corte Federal contra o presidente da Bolsa e outros indivíduos em papel de comando da instituição, alegando entre outras coisas, que 50% do volume negociado em Chicago refere-se a operações cujos compradores e vendedores são as mesmas pessoas, falsamente sugerindo volume e movimento de preços. Ou seja, manipulação despudorada. A pergunta que não quer calar: será que isso acontece na ICE? Será que isso acontece especificamente com o contrato de açúcar?
O inferno astral de Lula pode estar apenas começando. Um amigo economista do mercado comenta que se Lula perder a eleição (convenhamos, ele é ex-presidente em exercício), não pode esquecer que o ano que vem José Dirceu sai da cadeia e deve estar com uma gana por ter sido abandonado pelo chefe. Mas ainda é cedo para essas conjecturas porque segundo esse amigo, "eleição e mineração a gente só sabe o resultado depois da apuração".
Arnaldo Luiz Corrêa
Diretor da Archer Consulting