Ser eficiente é ter futuro

08/04/2022 Coluna Boas Práticas POR: ALMIR TORCATO


Almir Torcato - Gestor Corporativo da Canaoeste

 

Respeitar o meio ambiente, manter uma relação ética no ponto de vista social e ser economicamente viável são os critérios para definirmos que nosso sistema de produção é sustentável. Muitas vezes esquecido, o pilar econômico demanda uma atenção especial. Ao proporcionarmos um sistema de produção economicamente viável, nos mantemos em nossas atividades agrícolas e garantimos o sustento no negócio da família. Considerando que ainda abordaremos assuntos voltados aos pilares éticos e ambientais, meu compromisso hoje é falar da importância do pilar econômico e como a gestão de custos poderá identificar a eficiência econômica da sua atividade que, além de manter seu negócio de pé, é premissa básica para o processo de certificação.

Embora seja uma equação simples, onde lucro é a diferença entre a receita versus despesas, é preciso garantir que todas as despesas sejam contempladas. Só com uma gestão de custo eficiente é possível ter dados reais do que se gastou. Infelizmente, em sua grande maioria, os produtores não sabem o custo de produção para obter determinada quantidade de cana ou determinada quantidade de ATR por hectare. Vejamos esse exemplo hipotético, considerando que todos esses produtores estejam no mesmo estágio, mesmo corte, mesma variedade, mesmo ambiente de produção.

A ideia é demonstrar, de uma maneira bastante simples, que nem sempre quem gasta menos é mais eficiente. O  produtor da coluna A gasta mais, produz mais, mas a receita líquida é a menor entre os quatro, pois sua produção foi afetada pela qualidade da cana produzida. Os produtores B e C, mesmo com custos de produção diferentes, a receita líquida obtida no final está bem próxima comparando os dois produtores e, por fim, o produtor D, que teve menor custo de produção, não pode ser considerado o mais eficiente.

Após esta análise, precisamos identificar quais passos devemos seguir para garantir um controle dos custos das atividades agrícolas. Pois bem, o primeiro passo a ser dado pelo produtor que quer custear sua produção é o compromisso em manter o registro e as informações de todas as despesas, assim como os investimentos da fazenda e das atividades agrícolas. Ou seja, conhecer a fundo todas as contas ligadas as atividades agrícolas. Dependendo do nível de detalhamento e qualidade das informações poderemos chegar em resultados por fazenda, talhão, operador, fornecedor; entre outras coisas, o que garante melhor gerenciamento e oportunidades de negócio.

Considerando a operação de plantio e manejo da cultura, se detalharmos o que gastamos com insumos, combustível, serviços, pessoas, entre outras coisas, em certa área, é possível identificar que, ao final da safra, a renda/produtividade por talhão para, assim, avaliarmos se o custo de produção está viável ou não. Podemos também analisar se serão necessários ajustes e investimentos.

Outro ponto importante a ser considerado é aquele que se refere à mecanização. Ao acompanharmos o consumo de diesel, a manutenção e os reparos das máquinas, garantimos melhor funcionamento e durabilidade. Podemos identificar ainda se é preciso trocar essas máquinas ou a necessidade de orientação e treinamento ao operador, garantindo menor desgaste dos equipamentos e, consequentemente, redução do custo da operação.

A visão sistêmica do negócio, ou seja, conhecer a fundo suas atividades e registrá-las, traz a tranquilidade operacional e oportunidade de conhecer a saúde financeira do negócio a curto, médio e longo prazo. Para atingir estes objetivos, é importante elaborarmos o fluxo de caixa.
Recursos como esse possibilitam saber onde seu negócio está em relação à questão financeira e permitem a tomada de decisões assertivas tornando o processo de gestão eficaz. Hoje você consegue responder essas questões com números?


• Posso destinar recurso para investir naquele implemento agrícola ou devo esperar?
• É hora de amortizar aquele financiamento que venho pagando com regularidade?
• É melhor manter essa operação interna, com recurso próprio ou fazer através de prestação de serviço (terceirizado)?
• É melhor eu comprar aquela máquina ou alugar?
• Gastar mais para produzir mais fará com que meu resultado seja melhor?

A maioria de nossos produtores toma essas decisões pelo famoso “feeling” achando que sim ou que não. Porém, um fluxo de caixa bem elaborado faz com que o produtor consiga ver a quantidade de dinheiro disponível em um determinado espaço de tempo que permitirá um plano estratégico eficiente a longo prazo.
Típico de nosso tipo de cultura, as culturas grandes, o período que precede a colheita passa a ser um período de maiores gastos, seguida de uma receita de maior volume advinda da colheita. Essa sazonalidade dificulta o fluxo de caixa, onde por vezes os pagamentos serão efetuados em meses que não se têm receita. Com informações de custo de suas atividades, é possível planejar estes pagamentos, ou mesmo se será preciso a realização de um empréstimo.

Conseguimos presumir a necessidade de um empréstimo e a quantia que iremos precisar para o custeio das atividades; a negociação deste pode ser feita de maneira assertiva, pois, a pesquisa do produtor das formas de pagamentos em diversos bancos e agências financiadoras, garante menores juros e por consequência, menores dívidas.

Outro ponto importante, é que não raras vezes, produtores misturam a empresa rural e a familiar no mesmo orçamento. Esse comportamento além de dificultar todo o processo de gestão, mascara a saúde financeira do negócio e a da família. O tempo todo, estamos expostos e somos chamados a tomar decisões para garantir a eficiência financeira, seja nos negócios ou na nossa família. Fazer essa separação é um dos pontos cruciais para iniciarmos com o processo de gestão de custos e fluxo de caixa.

Nossa atividade sempre foi considerada de risco, estamos sujeitos todo o tempo: à volatividade de preços; às condições climáticas; biológicas (pragas); e, às condições de financiamentos e outros desafios diários. Nessa hora, a previsibilidade traz a tranquilidade necessária e a oportunidade para decisões mais inteligentes.

A Canaoeste disponibiliza para os associados que querem dar o primeiro passo no controle financeiro um sistema de gestão atrelado ao Comitê de Boas Práticas e Certificações.
O controle é um caminho sem volta. Procurem nosso comitê e participe conosco. Comecem o seu caminho rumo à sustentabilidade. Conte conosco porque JUNTOS  NOSSA CANA É MAIS FORTE!